Edição e revisão: Marsel Botelho
A voz é o grande marco na vida desse paulistano de alma mineira.
A
voz é seu instrumento, seu ganha-pão, nexo de sua comunicação, anexo das
canções ao mundo. Sem dúvida, um guardião da voz, aquele que cuida e por ela é
cuidado como por quem ama e é amado: Lula Barbosa, Paulistano de DNA mineiro,
traz em suas veias a melodia e a harmonia das montanhas gerais. Seu primeiro
contato com a música veio das audições maternas: D. Sebastiana gostava de
cantar as músicas de Cascatinha e Inhana, em dupla com o pequeno Luiz. Logo aprendeu a tocar mais de um instrumento:
iniciou no violão com sua tia Bicida e na sanfona com seu padrinho Artur. Desde
cedo, participava das cantorias da família em volta das fogueiras na Vila Santa
Catarina. Essa é a memória musical do pequeno Lula.
Os
anos 70 chegavam ao seu fim quando o jovem Lula Barbosa, no auge dos seus 15
anos, começava sua trajetória artística com o grupo “Semente”. Em seguida, anos
80, decidiu seguir carreira solo, fazendo sua faculdade nos lendários bares e
casas noturnas do Bixiga, mas foi no Bar Boca da Noite que o cantor fez escola,
evoluiu e consolidou seus contatos memoráveis. O primeiro registro fonográfico
aconteceu em 1981 num “compacto” feito por selo independente. Para quem não
viveu essa época, “compacto” era um disco pequeno, de vinil, que, no geral,
vinha com uma música de cada lado, bons tempos. Em 1982, Lula recebe o convite
para participar do “LP Cau Pimentel entre amigos”.
Foi
com “Mira Ira”, música que ficou em segundo lugar no Festival dos Festivais da
Rede Globo de 1985, que passou a ter reconhecimento e projeção nacional, tornando-se
compositor requisitado, com músicas gravadas por Roberto Carlos, Fábio Jr, Jair
Rodrigues, Sérgio Reis e pelo inesquecível Jessé, entre outros, contabilizando
mais de 500 músicas gravadas. Você que está lendo este texto já teve
oportunidade de ouvir o Lula cantar? Tenho certeza de que quando isso acontecer
será amor a primeira audição e em dois minutos você vai procurar tudo na “net”
sobre ele. Não é apenas uma voz afinada, mas uma voz que emociona, seu timbre
aveludado tem o poder de transformar a canção em bálsamo para os ouvidos. Lula
Barbosa, entre “compactos”, LPs e CDs, totaliza vinte títulos: uma música me
emociona sempre e me transporta a lugares inesperados: “Tempo de Fé”, a letra,
a melodia e a voz do cantor são algo mais do que mágicos: “Tempo em que os
amigos de fé/Ao redor das fogueiras/Sentavam pra conversar/Viver era uma
brincadeira/Gostosa de se brincar/Tempo em que se fazia de conta e a alegria
era tanta/Tanto que a vida/Era fácil de se levar/Tempo em que os violões/Despertavam
paixões/Na voz do cantador.”
Os
CDs “Os Tempos São Outros”, “A Voz do Violão” (1994), foram indicados ao Prêmio
Sharp; o CD “Amigos, Sonhos e Canções” (2005) foi indicado ao Prêmio Tim. Nos
anos 2000, interpretou a música “Brincos” de Amauri Falabella, que ganhou o
Prêmio Preferência do Público no Festival da Rede Globo.
Lula
Barbosa se apresenta nesta quarta-feira, dia 31, ao lado do Violinista Laércio
Ilhabela, do percursionista Beto Brasil e do maestro Carlos Lima dentro do projeto “Talento MPB”, no Bar Brahma,
esquina da São João com a Ipiranga, às 21 horas.
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