Coberturas

Um passeio pela fronteira 

sexta, 06 de fevereiro de 2015

Agradecimentos Especiais a Patrícia Chammas

Fotos: Dery Nascimento




          Ontem, 700 mortais, assim como eu, foram transportados a uma viagem sonoro-poética conduzida pelo trem da Orquestra do Estado de Mato Grosso (OEMT) e seu passageiro ilustre, Yamandu Costa, que partira da estação SESC Pinheiros, na capital paulista, exatamente às 21h, com destino às fronteiras do Centro-Oeste brasileiro. Foi assim que nos sentimos, em pleno trem, viajando. A noite chuvosa de trânsito complicado não intimidou os espectadores a irem ao lançamento do CD “Concerto de Fronteira” da orquestra aniversariante, com regência do competentíssimo Leandro Carvalho e do mito mundial do violão, Yamandu Costa.
           Com a mesma sequência do CD, o espetáculo iniciou-se com uma série de três movimentos, todos assinados por Yamandu. O primeiro, “Fiesta”, é um chamamé. O segundo movimento, “Coração de Camalote”, lembrou bastante a guarânia, que é paraguaia, mas com uma ideia harmônica bem brasileira, dedicada a Juan Falú, violonista argentino que viveu no Brasil. O terceiro, “Contrabando”, trouxe uma espécie de narrativa que revelou o ato do contrabando entre fronteiras. A peça foi orquestrada pela jovem violonista francesa radicada no Rio de Janeiro, Elodie Bouny.
Ao término desse movimento, todos nós não sabíamos qual era o tamanho do sentimento por tal beleza apresentada no sagrado palco do teatro Paulo Autran do SESC Pinheiros. Os aplausos incessantes eram a pausa para os temas seguintes. Ainda com outros assinados pelo Yamandu, ouvimos a poética “O Segredo da Vivência”, que tem parceria com o mestre das palavras, Paulo César Pinheiro e também “Sarará", de autoria do violonista. O maestro Leandro Carvalho, além de ser bom na batuta, também tem o dom da interlocução, pois a cada conclusão de uma peça, fazia comentários e apresentava a seguinte com a maestria de quem sabe do que está falando. Ouvimos “El Canto de Mi Selva” (Herminio Giménez). Giménez e José Asunción Flores foram dois dos mais importantes compositores latino-americanos de todos os tempos. Tiveram suas orquestras e nela incluíram instrumentos de cordas dedilhadas, dando início ao conceito de “orquestra típica”, afirmou Carvalho. “Decarísimo” (Astor Piazzolla) dispensa comentários.
Para finalizar a viagem, que já deixou um misto de saudade e paz pela iniciação às canções que regam nosso solo de fronteira, ouvimos “Mburrikao” (José Asunción Flores), nome de um arroio na região da Recoleta, em Buenos Aires e “Bachbaridade” (Yamandu Costa), fechando o belo “Concerto de Fronteira”, que ainda teve a participação especialíssima do percussionista gaúcho Ernesto Fagundes nos três movimentos.
Ao final da viagem, Yamandu, o maestro Leandro Carvalho, músicos e público trocaram palavras registradas em fotos e emoções.
Esse ainda é um Brasil de talentos e música de qualidade.



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O fino da poesia

sábado, 01 de fevereiro de 2015


Fotos: Dery Nascimento


Quem compareceu ontem, primeiro dia de fevereiro, no Auditório Ibirapuera, às 19 horas, foi contemplado com uma noite dedicada ao fino da poesia. Consuelo de Paula lançou seu CD “O Tempo e o Branco” para uma plateia ansiosa em ver e ouvir as músicas de um álbum que já nascera clássico. O espetáculo começa com os músicos João Paulo Amaral (viola) e Guilherme Ribeiro (acordeon) executando um tema instrumental do repertório rico da cantora, na verdade criando expectativa para o que viria a seguir.
Consuelo quebrou a barreira de nossas almas e nos acariciou com sua voz cristalina, derramando em nós, meros mortais, melodias emolduradas por poesias. Além de declamar poemas entre as canções, Consuelo nos presenteou com uma interpretação sublime, a capella, da clássica Cuitelinho. O espetáculo era digno daquele espaço sagrado, e a plateia era literalmente conduzida por uma viagem a cada canção, a cada poema que saltava da doce voz da cantora. A luz compactuava com as imagens projetadas por  Alessandra Fratus e as canções ganhavam molduras diferentes.
A comunhão entre acordeon,viola e voz simplesmente nos deixou sem palavras para definir. Cada um de nós que ali estava vai tirar as conclusões que nossos corações ditarem. Ainda estavam por vir momentos emocionantes, quando a cantora se retirou do palco pela primeira vez par dar voz ao vídeo do seu parceiro Rubens Nogueira (in memoriam). Na sequência, Consuelo canta “Saudosa Maloca”, de Adoniran Barbosa, e nos apresenta uma letra poeticamente bela para um tema instrumental, parceria de Adoniran Barbosa e Copinha, tornando-se assim também parceira do mestre. Antes de finalizar esse espetáculo que ainda corre em nossas veias, a cantora generosamente ofereceu o palco para que seus músicos individualmente pudessem mostrar uma canção instrumental de sua autoria.
Consuelo de Paula nos emocionou o tempo todo, mas ouvir “Riacho de Areia” nos fez lembrar do inesquecível Dércio Marques, fazendo assim as lágrimas nos visitarem.
Quem viu jamais vai esquecer e, quem não viu, com certeza terá em “O Tempo e o Branco” um espetáculo para ser guardado por toda a vida.





































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Música, poesia e amizade

sábado, 24 de janeiro de 2015


Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas


O clima estava super agradável ontem, com uma temperatura que há dias não se via na “Terra da Garoa”. A noite prometia, pois tínhamos o show do Tavito comemorando seu aniversário no Ao Vivo Music. Ele, que dispensa qualquer apresentação, fez do aconchegante palco sua celebração de vida, acompanhado da percussão de Fabio Schmidt e da guita e vocais de Nando Lee. Livre e leve – essa era a atmosfera que envolvia o Tavitão, carinhosamente assim chamado por seus amigos. O artista “tem de estar a onde o povo está”, diz a letra da canção, e Tavito põe isso como regra, pois, ao chegar à casa de espetáculos me deparei com ele entre amigos e fãs, em plena comunhão de amizade. Poderia estar em um camarim, mas não: o músico prefere estar entre aqueles que foram degustar de sua música.
O repertório foi um passeio por seus sucessos, abrindo com “Casa no Campo” (Tavito/Zé Rodrix). Entre bons papos, piadas e canções, Tavito, que oficialmente comemora seu aniversário dia 26 de janeiro, fazia uma troca calorosa com seu público, mas nada como ver o fruto do seu amor, a talentosíssima Julia Carvalho, dividir os vocais com o pai. Tenho certeza que a emoção que me invadiu também tomou aos que estavam ali. Julia é afinadérrima e tem uma presença de palco surpreendente, coisa que vem de berço. Não tem jeito: podemos ouvir centenas de vezes a famosa “Rua Ramalhete”, que ela nos remete ao passado poético onde nós, os quarentões, cinquentões e sessentões tínhamos de ser muito bons de papo para conseguir roubar o calor do beijo dos lábios femininos.
Era dia de festa, e o homenageado não teve dúvidas em chamar ao palco o amigo, compositor e cantor mato-grossense, Guilherme Rondon, para juntos cantarem e trocarem afetos. Ambos declararam serem fã e ídolo um do outro. Tuia Lencioni é um jovem cantor e compositor do Vale do Paraíba (São José dos Campos, SP) que, além de receber elogios do aniversariante e amigo, teve a oportunidade de mostrar sua música folk no palco.
Tavito é isso: uma agregador de música, poesia e amizade.



Foto: Sonia Sosô

  Fotos: Dery Nascimento

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Como nos bons tempos

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014


Agradecimentos especiais a Patricia Chammas


Quem foi à casa de espetáculos Via Marquês no último dia 29 de novembro pôde, no mínimo, vivenciar o gostinho do famoso “volta ao tempo” ao assistir as atrações do Moto Rock Fest – Festival de Rock Progressivo. Fãs de diversas épocas do grupo “O Terço”, “Som Nosso”, “Apocalypsis” e “Secos e Molhados” ali estavam para terem a experiência única de ouvir os famosos clássicos do gênero progressivo.
Produzido por Roberto Oka, o evento teve como primeira atração o “Pedro Baldanza Trio”, formado pelo lendário líder do inesquecível “Som Nosso”. Pedrão, como é carinhosamente conhecido no meio, estava ali para mostrar uma nova fase. Como ele mesmo disse, estava se sentindo uma criança pela enorme alegria de utilizar seu nome como atração pela primeira vez, em mais de 40 anos de estrada. Para quem o conhece, sabe que ele é um poço de humildade e profissionalismo – um cara amigo que fez fãs novos e velhos molharem o rosto com as lágrimas que brotavam, pela tamanha força musical que vinha do palco. Acompanhado por Fred Barley na bateria e pelos teclados de Fernando Cardoso, Pedrão mostrou novidades, mas também revisitou clássicos do “Som Nosso”.
A segunda atração da noite foi a banda “Apocalypsis” que, liderada por Zé Brasil, trouxe o rock psicodélico para o palco do Via Marquês. Com vocais da querida Silvia Helena, a banda preencheu todos os requisitos determinantes para fazer qualquer ser pensante viajar em suas canções.
A terceira e esperada atração teve à sua frente a lenda do rock progressivo brasileiro, Sérgio Hinds, que presenteou os fãs do grupo “O Terço” apresentando o “lado B” da banda, com músicas até então nunca executadas no palco. Com a participação do eterno letrista do grupo, Cezar de Mercês, e pai do hino “Hey Amigo”, o show nos transportou aos famosos festivais, frequentados por muitos daqueles que estavam ali. Hinds ainda convidou o tecladista e maestro Roberto Lazzarini para, juntos, tocarem algumas do “lado A”: as famosas “1974” e “Criaturas da Noite”. O show de Hinds deixou a certeza de que é possível transformar o show “O Terço 3D” em algo mais “viagem”, mais natural, como é a proposta do grupo. O show 3D, como foi apresentado em 2013, tirou um pouco dessa magia, pois os músicos tocaram tensos por terem que se concentrar no sincronismo com o vídeo. Um pedido ao Sérgio Hinds, Sérgio Magrão e Flávio Venturini: esqueçam o vídeo e lembrem-se da emoção de tocar para um público que quer viajar no tempo dos bons shows no Teatro Bandeirantes. Sérgio Hinds teve a companhia ilustre de Fred Barley na bateria e o baixo pulsante de Silvio Izy.
Para finalizar esse encontro, que já deixou o gostinho de quero mais, entrou a banda formada por Zé Brasil, Pedro Baldanza, Gerson Conrad e Lucia Helena, intitulada “Banda 70 de Novo” – nome sugestivo que nos remete aos anos mágicos.
Queremos mais, pois tudo o que é bom merece ser reprisado, quantas vezes forem necessárias!

FOTOS
Bolivia & Cátia Rock
Moisés Santana
Francisco Montanaro
Walter Possibom
Oscar Gomes


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Noite ensolarada

sexta-feira, 14 de novembro de 2014


Foto: Jane Monteiro
Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas


Quem esteve na noite da última sexta-feira, 14, no Theatro Net (SP) para o show em comemoração aos 20 anos do CD antológico “Noites com Sol”, do compositor e cantor mineiro Flávio Venturini, pôde constatar um misto de saudosismo e alegria por estar ali, entre pessoas conhecidas e desconhecidas, mas unidas pelas canções que marcaram duas décadas de suas vidas. Confesso que sou um que ficou extremamente comovido, pois passou um filme em minha cabeça quando me lembrei de 4 e 5 de abril de 1995, dias da estreia desse show no Teatro Tuca.
Notei a alegria e emoção de Flávio no palco em dividir com seus músicos, produção e especialmente com seu público esse momento tão especial. Sua recente banda conseguiu transmitir o sentimento que cada canção carrega. Flávio convidou Cidalia Castro, que esteve na turnê do show original, e agora, 20 anos depois, juntos em duetos, eles deixaram a emoção conduzi-los em cada acorde, em cada nota que saltava de suas cordas vocais. Outra surpresa foi a presença do saxofonista Marcelo Martins, que gravou os sopros no CD. Martins, que estava tocando no Japão, chegou na manhã anterior ao show, para participar na ausência de Sérgio Galvão, que foi o saxofonista da turnê. Galvão tocou no Rio de Janeiro, na estreia desse show comemorativo.
Com pontualidade britânica, o show – ou a comemoração de aniversário – começou exatamente às 21 horas e foi como um mergulho no tempo para os que estavam há 20 anos atrás em algum teatro ou casa de espetáculos. Tudo começou assim: “Vento leva minha voz e vê se encontra meu amor...”, de “Quando Você Chegou” (Flávio Venturini/Alexandre Blasifera). Na sequência veio um deleite aos ouvidos sensíveis e sedentos de amor: “No lugar que o amor deitou/Se retém o calor/Tudo faz lembrar nós dois...”, de “O que Tem de Ser” (Flávio Venturi/Ronaldo Bastos). Nos primeiros acordes o público já identificava “Noites com Sol” (Flávio Venturini/Ronaldo Bastos), que também fez parte do bis. O repertório contemplava o CD “Noites com Sol” e o recém-lançado, “Venturini”, mas Flávio nos presenteou também com as clássicas “Nascente” (Flávio Venturini/Murilo Antunes), “Clube da Esquina Nº 2” (Milton Nascimento/Lô Borges/Márcio Borges) e “Céu de Santo Amaro” (J.S. Bach/Flávio Venturini). A novidade para muita gente foi Venturini apresentar a música “Paraíso” (Ennio Morricone/versão de Murilo Antunes), um tema lindo cuja versão original fez parte da trilha sonora do filme Cinema Paradiso. Infelizmente Flávio não conseguiu liberação a tempo, então a música ficou de fora do CD homenageado.
O cantor está no melhor momento de sua vida profissional, em turnê com o recém-lançado “Venturini”. Agora o show comemorativo do “Noites com Sol” aguarda o lançamento do songbook.
Flávio é isso: um ser que nos emociona ao cantar, que tem o dom de nos conduzir por suas melodias, sempre emolduradas por grandes poemas. O show “Noites com Sol” trouxe para a Sampa desvairada uma noite totalmente ensolarada. Na plateia, rostos olhando para a luz que emanava das canções a nos aquecer.
Que venham mais comemorações!

Fotos: Jane Monteiro


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Toca Raul

quinta-feira, 30 de outubro de 2014


Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas
Fotos: Dery Nascimento

Quem esteve na quente noite do dia 30/10 no Teatro Adamastor - Centro, em Guarulhos, para curtir a quarta temporada do “Toca Raul” – projeto idealizado pelo músico, compositor, cantor, produtor e agitador cultural Aldo Di Julho – foi presenteado com um show à altura do homenageado, o eterno “Maluco Beleza”, Raul Seixas. Aldo e banda fizeram o público vibrar e, entre uma canção e outra, o famoso grito de guerra era entoado: “Toca Raul!”.
Aldo se apresentou dentro do projeto “Intervalo Cultural”, da Secretaria de Cultura de Guarulhos – SP, com entrada franca. Di Julho é um batalhador pela cultura local e promoveu algo interessante: levar artistas que nunca tinham pisado no palco ao Teatro Adamastor. Prometeu para a próxima edição convidar muitos mais. A banda foi formada pelo próprio Aldo Di Julho (voz), Valter Gomes (guitarra), Elias Caju (bateria), Zinho Silva (baixo), Alexandre Modesto (teclado) e Sandro Prêmmero (violão/viola). Quero ressaltar que a banda deu um show à parte.
A apresentação teve início com a emblemática “Aluga-se”, seguida de “Por Quem os Sinos Dobram” e “Medo da Chuva”. Aldo divide os vocais com Sandro Prêmmero na gostosa “O Trem das 7”. A segunda participação foi de um estreante no palco do Adamastor: Déh Oliveira. Em dueto com Di Julho cantaram “Cachorro Urubu”.  Aldo também e elabora e participa de projetos culturais com crianças e adolescentes pela cidade. O próximo convidado, Meyson, é fruto de um desses projetos. Apontado como uma revelação, é um artista em crescente talento. Juntos emocionaram o público ao cantarem “Tente Outra Vez”. Perrekastone é o típico maluco beleza. Ele agitou ao cantar “SOS”.
Aldo é daqueles caras que não desistem jamais; isso faz dele um ativista cultural respeitado na cidade. O próximo convidado, do sexo feminino – afinal aquele palco precisava de ares novos – foi Ana de Biaze, que cantou “Cowboy Fora da Lei”. Apesar do tom não estar confortável para ela, valeu a participação e a entrega na canção. O público foi ao delírio quando a banda deu os primeiros acordes de “Gita”, conduzida pelo vocal de Di julho. O público cantou junto as canções “Como Vovó já Dizia”, “Só prá Variar” e “Al Capone”. Um velho conhecido do Aldo e dos músicos da cidade, Will Carbônica, fez um super dueto em “Eu Nasci há Dez Mil Anos Atrás” Pra finalizar, duas canções do extenso repertório do Raulzito, “Sociedade Alternativa”  e “Maluco Beleza”, que tiveram a participação do filho do Aldo, Zackk’5 – o garoto já seguindo os passos do pai.
Pra finalizar eu grito: TOCA RAULLLLLLLLLLLLLLL!



Primeira participação: Sandro Prêmmero

Segunda participação: Déh Oliveira

Terceira participação: Meyson

Quarta participação: Perrekastone

Quinta participação: Ana Biaze

Sexta participação: Will Carbônica

Sétima participação: Zackk`5

BANDA


BIS

Dery Nascimento e Aldo Di Julho


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O menino Beto Guedes 

domingo, 12 de outubro de 2014


Fotos: Patrícia Chammas
Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas

            Depois de um longo período sem tocar na capital paulista, o mineiro Beto Guedes subiu ao palco do SESC Belenzinho sexta-feira, 10, e ontem, 11 de outubro, para cantar no “Projeto Álbum”, que vem acontecendo na unidade Belenzinho. O projeto é de importância fundamental para o artista e seu público, pois revisita discos que marcaram a carreira do músico. No caso de Beto, o álbum escolhido foi o clássico “Amor de Índio”, de 1978.
            O clima quente e seco que fazia na noite de sexta logo foi refrescado pela brisa que emanava do palco. Beto trazia o frescor das montanhas em seu canto, fazendo seus fãs viajarem no tempo. As lágrimas que escorriam pelos rostos suados denunciavam a emoção que sentiam. Comigo também foi assim: mesmo depois de assistir a tantos shows antológicos, esse me roubou lágrimas.
            Beto é de uma pureza inclassificável. Ele é a própria poesia que emoldura a sua canção. Uma chuva de clássicos e de músicas consideradas “lado B” foram regando nossos corações ao longo do show. “Sonhando o Futuro” (Cláudio Venturini/Lô Borges) abriu o espetáculo, emendando a super conhecida “Cantar” (Godofredo Guedes). Do disco Amor de Índio apenas a música “Novena” (Milton Nascimento/Márcio Borges) não foi cantada. Os também clássicos “O Sal da Terra”, “Lumiar”, “Sol de Primavera” e “Gabriel” não faltaram. Ouvir “Findo Amor” (Tavinho Moura/ Murilo Antunes) foi de uma emoção inexplicável. Beto canta como se estivesse falando com o amor, – ele nos envolve em seu canto, nos faz sentir a sensação maravilhosa de ouvir mais fortes as batidas do coração... A sequência de emoções prosseguiu quando “O Medo de Amar é o Medo de Ser Livre” (Beto Guedes/Fernando Brant) foi entoada pela pequena multidão presente, fazendo brilhar os olhos do Beto, a confirmar o efeito de suas canções, 36 anos após seu lançamento, abarcando gerações.
            A banda – um dos elos de sintonia de Beto com o público – é formada por Ian Guedes, filho de Beto (guitarra e vocais), Cláudio Farias (teclados e vocais), Neném (bateria) e Adriano Campagnani (contrabaixo).
            Ouvir Beto Guedes é entrar em sintonia com a simplicidade que a música carrega e ter a certeza de que o bom existe. É ver as cores em um sorriso e chorar sem mágoas. Beto tem alma de criança, por isso digo que ele é um menino.

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Se o santo é bom, a música é boa

quarta-feira, 16 de julho de 2014


Fotos: Patrícia Chammas
Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas



A quarta-feira na fria noite paulistana se rendeu ao calor humano que emanava do palco do Tom Jazz (Zona Oeste de SP), no lançamento do CD “Santo Bom”, do talentosíssimo compositor e cantor Léo Versolato. Acompanhado dos músicos Marcus Wiberg (guitarra), Zé Godoy (piano) e Gabriel Guilherme (bateria), o artista se revezou entre o baixo e o piano para desfilar as 12 canções do álbum, além de contar com as participações mais que especiais do pai – o monstro dos sopros, Ulbaldo Versolato (sax, clarinete e flauta) –, da irmã, a cantora Renata Versolato, da arranjadora Débora Gurgel (piano e flauta transversal) e do super grupo vocal, Ecco.
Com casa lotada, o músico, que é uma aposta da gravadora Kuarup , nos provou mais uma vez a máxima de que “ao vivo é bem melhor”. Esbanjando técnica, tanto no baixo quanto no piano, Léo, que já contabiliza 10 anos na labuta, cantou e mostrou afinação, mesmo nas notas mais graves, ao interpretar a bela “Navegante”, em parceria com o poeta Fernando Ramos.
Os Versolato não são mole, não! Renata cantou divinamente e emocionou no dueto em “Carrossel” (Léo Versolato/Fernando Ramos), tendo a companhia do grande Ulbaldo no sopro. Léo, além de contar com grandes músicos, no palco e fora dele, teve em seu lançamento o Grupo Ecco (Cristiano Santos, Rafael Horta, Estela e Heloisa Paixão) que participou nas duas músicas que gravou no CD: “O vento e a Flor” (Léo Versolato/Luiz Murá) e “Santo Bom” (Léo Versolato/Fernando Ramos), música que dá título ao CD.
Léo ainda tinha uma grande surpresa reservada para a noite, mostrando ser bom em releituras. Com um arranjo super moderno, o artista deu uma nova veste ao clássico Anima (Zé Renato/Milton Nascimento) e comprovou que pode visitar qualquer tema sem descaracterizá-lo, e ainda torná-lo mais belo do que já é.
Num final apoteótico, o músico chamou ao palco todas as participações para entoarem o hino “Lua Soberana” (Ivan Lins/Vitor Martins). Léo bebeu em fontes de músicas cristalinas, poéticas e progressivas. Nelas, ele se embriagou de inspiração e nos mostrou maturidade com uma levada sincopada que nos envolve e nos convida a viajar em seus acordes de harmonias elaboradas.
Nascido em berço musical, só poderia dar nisso: “filho de peixe, músico é”.
Renata Versolato e Léo Versolato
Grupo Ecco
(Foto: Dery Nascimento)
Ubaldo Versolato

Rodolfo Zanke e Dery Nascimento
Hugo Branquinho, Edson Frank, Bruna Moraes e Dery Nascimento
Roberto Salazar, Edson Frank, Dery Nascimento e Hugo Branquinho
Hugo Branquinho, Léo Versolato e Dery Nascimento


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Singularidade Mautnerniana

domingo, 29 de junho de 2014


Foto: Dery Nascimento
Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas


          Foi domingo. Não um domingo qualquer, mas no fim de tarde deste último, em que eu sai de minha residência, do meio de uma reunião familiar, para ir ao Sesc Pinheiros contemplar a simplicidade de um gênio: “Jorge Mautner”. Num teatro lotado, populares e intelectuais somavam-se às estrelas da nossa MPB: Gal Costa, Criolo, Wanderléa, Arnaldo Antunes que, como eu, aguardavam pelos momentos inesquecíveis que aconteceriam naquele palco.            
          Não foi diferente. Eis que lá estava Mautner, sem a presença do seu fiel escudeiro e parceiro de tantas loucuras viscerais, Nelson Jacobina (1953-2012), com uma vitalidade de garoto abrindo os serviços com a música “Sapo Cururu”, de autoria desconhecida, que ganhou adaptação do artista. O show teria a participação do amigo e parceiro Caetano Veloso na segunda parte, que foi reconduzida para o início, pois o filho da Dona Canô tinha compromissos e não poderia ficar para o final. E foi isso que aconteceu: Caetano fez o público delirar ao falar com emoção de Mautner e cantar a clássica Aquarela do Brasil (Ari Barroso). Depois de desfilar alguns sucessos com seu violão, Caetano chama de volta ao palco Mautner e banda (Bem Gil na guitarra, Bruno Di Lullo no baixo, Marcelo Cardoso no violão e Rafael Rocha na bateria) para interpretarem juntos parcerias de ambos, como: “Todo Errado”, “Homem Bomba”, ”Tarado” e “Urge Dracon”. Também cantaram em dueto “Cajuína” (Caetano Veloso), um do hits da MPB nos Anos 80.
            O show continua agora sem a presença do amigo ilustre. Mautner é a uma divindade no palco. Com seu violino em punho, ele nos conduziu por duas horas de espetáculo e, entre tantos momentos marcantes, se destacaram as declarações carinhosas antes do hino “Maracatu Atômico” – música em parceira com o saudoso Jacobina – que, com certeza, estava ali no palco ao lado de Chico Science. O final do show foi apoteótico – um verdadeiro carnaval às antigas, regado aos temas “Hino do Carnaval Braileiro” (Lamartine Babo) e “Sassaricando/ Chiquita Bacana” (Luiz Antonio/ Zé Mário/ Oldemar Magalhães/ Braguinha/ Alberto Ribeiro), fazendo todos os presentes levantarem de suas poltronas e irem para a frente do palco.
            Esse é Mautner, o “filho do holocausto”, o artista genuinamente brasileiro que relançou no fim de semana dos dias 27, 28 e 29 de junho, no teatro Paulo Autran do Sesc Pinheiros, em SP, a caixa de CD Três Tons de Jorge Mautner. A coleção não deu pra quem queria. Alguns que pretendiam levar uma lembrança daqueles momentos pra casa terão quer buscar a caixa em outras paragens.

Agradecimentos a Marlene Alves pela sessão das fotos



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Turbulência e êxtase no voo

sábado, 19 de abril de 2014


Fotos: Noemi Melo (www.noemimelo.com.br)
Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas


               Há dois anos sem tocar nos palcos paulistas, o 14 Bis se apresentou nos dias 16 e 17 passados no SESC Pinheiros, SP, com convites esgotados antecipadamente no site da unidade. A banda completa, no fim de 2014, 35 anos de voo de sucesso. Com a pontualidade britânica do SESC, o show do dia 16 iniciou-se às 21 horas e, de cara, percebi que algo não estava bem, o que era visível até para o mais eufórico dos fãs. Logo Cláudio Venturini pede um tempo ao público e explica que o retorno do baterista Hely Rodrigues não estava funcionando. Depois de alguns minutos o voo é retomado, mesmo assim, ainda com alguma turbulência, quando o piloto Cláudio, com seus solos de guitarra e manobras radicais tornou a viagem agradável para todos, que vibravam a cada canção.
                O dia 17 foi perfeito, da decolagem ao pouso. Abrindo com a clássica “Carrossel” (Vermelho/Suzana Nunes/Flávio Venturini), um desfile de sucessos se deu. “Siga o Sol” (Cláudio Venturini/Vermelho/Alvin L.), que há muito tempo não era executada pelo quarteto, surpreendeu os fãs. O encerramento aconteceu com bis duplo: “Sal da Terra” (Beto Guedes/Ronaldo Bastos) e “Linda Juventude” (Flávio Venturini/Marcio Borges) fizeram os fãs viajarem pelas ondas poéticas das canções.
                O 14 Bis é isso que vimos nos dois dias: uma pequena turbulência eles conseguem transformar em momentos mágicos de êxtase, por isso se mantêm há mais de três décadas com o mesmo carisma e musicalidade.

                Parabéns ao SESC São Paulo por proporcionar ao público um verdadeiro leque de cultura.















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Noite de transe na Pancada Motor

domingo, 23 de março de 2014


 Noite de transe na Pancada Motor
Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas


            “É Hoje, é Hoje” – foi com essa música que DJ Tudo, o Alfredo Bello, comandou uma noite de celebração e transe na última sexta, 21, no palco da choperia do SESC Pompeia, lançando o seu mais recente CD, “Pancada Motor – DJ Tudo e sua Gente de Todo Lugar”.
            Alfredo não só é um dos maiores pesquisadores de cultura popular deste país, mas também um grande músico. Com seu contrabaixo, ele faz a marcação e é o grande regente de sua banda formada por Gustavo Souza (bateria e samplers), Rafa Martinez (guitarra), Marcelo Monteiro (sax tenor e flauta), Amílcar Rodrigues (trompete), Odirlei Machado (trombone), Mestre Nico (percussão) e Rafaella Nepomuceno (percussão).
            Impossível ficar parado ao ouvir essa banda maravilhosa. Abrindo a noite, um vídeo assinado pelo selo Mundo Melhor anunciava, ao fundo do palco, as músicas do novo álbum, com trechos das captações. No repertório Alfredo mesclou músicas dos trabalhos anteriores com o CD atual. O público curtiu cada momento, dançando solto, da forma com que a música emanava do palco...
            Que venham ainda muitos desses shows, Brasil e mundo afora!
            
            DJ Tudo: para se ouvir enquanto se respira.



























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Ao som de baladas, rocks e sambas

sábado, 1 de março de 2014


Fotos: Dery Nascimento
Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas

Quatro meses após apresentar o mais recente CD “Venturini” ao público paulista, o cantor e compositor Flávio Venturini volta aos palcos, desta vez para o público do ABC, no Sesc Santo André.
Com casa lotada, em plena sexta de Carnaval, o cantor pôde provar, mais uma vez, que tem uma legião de fãs e admiradores do seu trabalho por aqui. O repertório é recheado de clássicas como “Nascente” (Flávio Veturini/Murilo Antunes) – com direito a versão em inglês –, Clube da esquina 2 (Milton Nascimento/Lô Borges/Marcio Borges), Todo Azul do Mar (Flávio Venturini/Ronaldo Bastos) e Mais Uma Vez (Flávio Venturini/ Renato Russo), além de apresentar as mais recentes que já vêm caindo no gosto de seus fãs.
Um momento especial foi quando Flávio cantava Canção da América (Milton Nascimento/Fernando Brant) e ficou visivelmente emocionado por lembrar do amigo Paulinho Carvalho, que havia tido um infarto e está internado, mas se recupera bem, graças a Deus.
“Venturni” é um show que conta com cenário e projeções, transportando o público para dentro do espetáculo.
Ao cantar Noites com Sol (Flávio Venturni/Ronaldo Bastos), o artista provocou um certo ciúme na chuva que caía forte ao final do show.

Valeu, Flávio e banda, por apresentarem, em plena noite de Carnaval, baladas, rocks e sambas com tempero mineiro.







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Uma noite iluminada pelo Sagrado

domingo, 23 de fevereiro de 2014


Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas


Quem esteve ontem no SESC Belenzinho para ver o show “Sagrado Coração da Terra | 30 anos” não poderia imaginar que faria parte de um ritual transcendental guiado pela música que exalava do palco. Fomos todos tragados por um feixe de luz durante mais de 90 minutos de excelência musical - um espetáculo para os olhos, ouvidos e, principalmente, para a alma.
Na plateia, fãs da banda como um casal carioca que veio para essa troca orgânica, além de outros tantos  que ainda não tinham tido a oportunidade de ver a banda ao vivo, como o músico paulista Sidney Ribeiro e sua esposa Ângela Oliveira. Estávamos todos em estado de graça.
Graças à competência da produtora Margareth Reali, que não mediu esforços para que esse espetáculo fosse realizado no SESC Belenzinho, o Sagrado Coração da Terra desfilou o melhor de sua discografia sob a regência do mago Marcus Viana que, sem sombra de dúvida, é um dos maiores músicos deste Planeta e de outras galáxias. Segundo o cantor e compositor Flávio Venturini, Marcus é um dos compositores que o fazem chorar.
Para comemorar 30 anos, nada melhor do que contar com sua formação clássica: no baixo, Ivan Correia, um dos maiores músicos mineiros de todos os tempos em seu instrumento; na guitarra e violão, Augusto Rennó, outro monstro com uma carreira solo também maravilhosa e uma identidade definitiva com a música do Sagrado; na bateria, Esdra “Neném” Ferreira, a quem me faltam palavras para definir mas que, com certeza, é um mito na bateria da música mineira. Da nova formação, Viana apresenta o tecladista Danilo Abreu, mostrando que está seguro a quem confiar solos e harmonias. Eduardo Campos é o responsável por dar ao trabalho uma “cara sinfônica” trazendo seus tímpanos e todo um aparato de percussão. Com um sorriso no rosto, ele viaja a cada canção e nos proporciona momentos mágicos durante o show. Marcus, que sempre teve grandes cantores e cantoras à frente do Sagrado, trouxe à “Terra da Garoa” Mila Amorim e sua voz de diva que caiu como uma luva para a música do Sagrado e logo ganhou a admiração e respeito dos fãs que ali estavam. Vanessa Lima acumulou funções com produção e, ao subir no palco na música “Hino a Gaya”, mostrou que tem futuro. Linda, sensual, nos envolveu com seu olhar penetrante e nos transportou para dentro da música. José Sérgio Pereira, carinhosamente chamado de Sérgio Pererê, foi o responsável direto por conduzir-nos a uma noite iluminada, que será impossível ser apagada da memória das mais de 400 pessoas presentes naquele teatro. Pererê cantou, encantou, nos envolveu, fazendo-nos acreditar no belo.
Sagrado Coração da Terra Progressivo Étnico Sinfônico Forever...!















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De reza cantos e encantos

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014


Fotos: Patrícia Chammas


       Ter a oportunidade de ver e ouvir o Coral das Lavadeiras de Almenara é ter a certeza que o belo e o divino comungam juntos. Quem esteve no SESC Pompeia no sábado, 1/2, e no domingo, 2/2, pôde sentir a energia que exalava do palco e nos alimentava, meros ouvintes de tal beleza.
       Carlos Farias é um cara iluminado que teve a ideia de juntar tantas histórias de vida, de beira de rio, lamentos e cantos de incelença. As senhoras – porém meninas – trazem na alma cantos seculares, passados de geração em geração. A noite ainda tinha algumas boas surpresas, pois o mestre João Bá, do auge de seus 81 anos, esbanjou vitalidade ao cantar com as lavadeiras, emocionando a quem viu. Saulo Laranjeira é outro mestre que trouxe para o palco seus personagens a nos evocar o orgulho que dá de ser brasileiro.
       Vida longa à cultura do Vale do Jequitinhonha! Que seus rios, através dos cantos das lavadeiras, possam nos banhar.

















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Literalmente de ponta-cabeça

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014




O domingo foi realmente especial para quem esteve nas dependências do Teatro do SESC Pompeia prestigiando o show “Viola de Ponta Cabeça”, do músico mineiro Fernando Sodré, que deixou todos de cabeça pra baixo e em transe a cada canção apresentada.
Fernando começa o show com a música que dá título ao seu terceiro CD, homônima do show, já mostrando porque estava ali. Acompanhado dos monstros instrumentistas, Irio Junior (piano), Enéias Xavier (baixo) e da lenda Esdra “Neném” (bateria), o show foi tomando uma proporção que era impossível piscar ou tirar os olhos do palco. Virtuose era quem se via na viola e nos demais instrumentos, quebrando tudo, literalmente. Como se não bastasse, Fernando, bom mineiro, tinha suas participações especiais para apresentar aos presentes. Gabriel Grossi foi o primeiro convidado e, de cara, ganhou o público com sua interpretação na gaita em Chamaminas (F.S.) e em outras canções durante o show.
Fernando não é só um violeiro, é um estudioso, um arranjador moderno que fez o Passarim (Tom Jobim) voar livre pela prateia, e com certeza teve a bênção do mestre. Um dueto de viola e “sete cordas” com uma naturalidade de que só os bons são capazes, foi o que Sódre e Alvimar Liberato proporcionaram no clássico “Interrogando” (João Pernambuco). Fernando chama ao palco o rei das harmonias, Toninho Horta, para se unir à banda em “Party in Olinda”, além de cantarem juntos o clássico “Beijo Partido”, ambas do convidado, tornando este um dos momentos mais belos do show. Sodré pode vender a viola e se aventurar como cantor – mandou muito bem! A “Tristeza do Zeca” foi um momento mágico, pois Gabriel na harmônica, Toninho no violão e Fernando na viola, transformaram o velho clássico num deleite para os ouvidos mais sensíveis. Sodré vai além das montanhas de Minas – é um músico que nasceu para o mundo com harmonias extremamente complexas e sofisticadas. “Tão Bosco”, música de seu baixista Enéias Xavier, é executada, mostrando que ele, além de gravar suas composições e regravações, abre espaço para seus companheiros. Pra finalizar em alta, novos arranjos para “Samba do Avião” (Tom Jobim) e “Ponteio” (Edu Lobo/Capinam). Já ouvi várias regravações desta última, mas com a interpretação que Sodré e seus pupilos deram a ela, estou pra ver.

Parabéns por permitirem que nosso domingo ficasse completamente de ponta-cabeça!












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Pequena com voz graúda

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014


Foto: Renata Villas Boas


Quem esteve ontem no Tom Jazz durante o lançamento do CD “Olho de Dentro” da cantora Bruna Moraes, teve a constatação do surgimento de uma grande artista.
Aposta da gravadora Kuarup, que vem mostrando verdadeiras joias, Bruna aparenta uma menina no palco, mas se transforma ao cantar com trejeitos da saudosíssima Elis Regina. Sua voz encorpada ecoou entre o público presente, arrancando aplausos comoventes.
A noite estava maravilhosa e lá encontrei o grande baixista e produtor do CD, Pedro Baldanza, assim como o diretor artístico da gravadora Kuarup, Rodolfo Zanke, e o grande Vicente Negrão, que faz toda assessoria para a gravadora. Tive o prazer de encontrar o cantor Léo Versolato, o guitarrista e produtor Edson Frank e o cantor Lenine Guarani, que participou do show.
A cantora Renata Pizi e o produtor Jose Luiz Camacho também estavam presentes, além de um público vibrante que pôde ouvir a uma super banda dando apoio a uma voz privilegiada.
Viva a Bruna, viva a Kuarup!



Foto: Vicente Negrão


Foto: Dery Nascimento



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