Edição e revisão: Marsel Botelho
A Juventude musical de Antony e Ricardo nos conquista e nos faz acreditar que há uma luz no fim do túnel
Dá
gosto ouvir jovens produzindo música de qualidade em tempos musicais tão
conturbados, muito raro na grande mídia algo com tal referencial de qualidade: Antony Ventura e Ricardo Santiago são provas
vivas de que nem tudo está perdido. Os jovens músicos acabam de lançar seu
primeiro CD “Quando Inhambu Cantou No Meu Quintal”, de belíssimo e sugestivo
nome, o trabalho foi produzido por Alan Oliveira. O álbum conta com oito temas
autorais, que traduzem as influências vividas por cada um: do “folk” ao “blues”
urbano, da balada romântica à cantiga de roda, os músicos trilham seus próprios
caminhos com uma original linguagem poética marcada por um forte sentimento
existencial. Ambos são moradores do Bairro de Bonsucesso em Guarulhos – SP,
Antony e Ricardo, cuja refinação melódica é resultado de muita pesquisa musical
e de trabalho intelectual incansável, trazem-nos a sonoridade da cidade e do campo,
numa conjunção inteligente e elegante. Antony, no auge dos seus 21 anos, gravou
viola, violão, guitarra e dividiu com o parceiro Santiago os vocais.
Para
abrir as audições, “1992” (RS/AV), música que marca o ano de nascimento de
Ricardo e traduz as expectativas que o músico tem em relação à vida e à
carreira, como diz a letra da canção: “E nesses últimos dez anos eu não me
enganei nem menti”. A segunda canção é uma resposta aos desencontros e às lembranças
que ficaram para trás, que ganhou o nome de “Quase Um Blues” (RS/AV). Em
“Cantiga do Viver” (AV), Antony e Ricardo têm a participação especialíssima das
“Cantadeiras da Comunidade Sagrada Família”, formada por Dona Jaci, Dona Francisca,
Dona Aurelina e Dona Célia. A canção tem uma melodia que nos remete às
cantorias de novenas que acontecem nos sertões e, ao mesmo tempo, aos cantos
das Lavadeiras de Almenara –MG.
Um
típico “folk” se ouve em “Caminheiro e o Vento” (RS). Os meninos beberam forte em
diversas fontes e mostram que estão preparados para encarar a estrada. Como
escrevi no início, “dá gosto ouvir” um repertório tão verdadeiro, fruto do
ofício de dois talentosos jovens, que se sobressaem e nos salvam de qualquer
marasmo musical. Esse CD é um convite a um bom papo, à noite enluarada, a
compartilhar de coração nossa frágil existência: “Esvaziei meu coração quando você
chegou/Deixei tudo arrumado pra você se ajeitar/entrar, sentar e ficar/Teu
olhar então me ocupou/foi preenchendo bem devagar/E sem pressa se pôs a
ficar...”, diz a letra de “Hospedeiro” (AV). Um momento romântico e recheado de
poesia é o que a dupla apresenta na sexta faixa, “Canção de Amor (des) Oriente”
(RS).
Antony
Ventura nos presenteia com um belo pontilhado de viola e nos faz viajar em suas
cordas sem destino e sem tempo marcado para voltar. Bela melodia recheada de
saudade, de sentimento, de vontade de viver. A essa beleza ele deu o nome de
“Pitiguiariando”. Para finalizar, um tema do produtor do CD: “ Soltar Balões”
(Alan Oliveira). Para ouvir essa maravilha, você pode baixar pelas plataformas
digitais ou comprar o CD pelo e-mail: quandoinhambu@gmail.com
Muito bom saber dessa dupla! O "som de raiz" não precisa ser apenas o que já foi gravado e executado à exaustão, temos novos ótimos representantes da música que respira nossa terra. Parabéns pelo blog, o ecletismo de suas matérias enaltece as novidades e desperta a memória de consagrados. Enfim, refresca os ouvidos para a música!
ResponderExcluir