quarta-feira, 10 de maio de 2017

Colocando o sonho em prática


Edição e revisão: Marsel Botelho
                                                                                                                 

           A Juventude musical de Antony e Ricardo   nos conquista e nos faz acreditar que há uma luz no fim do túnel 




Dá gosto ouvir jovens produzindo música de qualidade em tempos musicais tão conturbados, muito raro na grande mídia algo com tal referencial de qualidade:  Antony Ventura e Ricardo Santiago são provas vivas de que nem tudo está perdido. Os jovens músicos acabam de lançar seu primeiro CD “Quando Inhambu Cantou No Meu Quintal”, de belíssimo e sugestivo nome, o trabalho foi produzido por Alan Oliveira. O álbum conta com oito temas autorais, que traduzem as influências vividas por cada um: do “folk” ao “blues” urbano, da balada romântica à cantiga de roda, os músicos trilham seus próprios caminhos com uma original linguagem poética marcada por um forte sentimento existencial. Ambos são moradores do Bairro de Bonsucesso em Guarulhos – SP, Antony e Ricardo, cuja refinação melódica é resultado de muita pesquisa musical e de trabalho intelectual incansável, trazem-nos a sonoridade da cidade e do campo, numa conjunção inteligente e elegante. Antony, no auge dos seus 21 anos, gravou viola, violão, guitarra e dividiu com o parceiro Santiago os vocais.

Para abrir as audições, “1992” (RS/AV), música que marca o ano de nascimento de Ricardo e traduz as expectativas que o músico tem em relação à vida e à carreira, como diz a letra da canção: “E nesses últimos dez anos eu não me enganei nem menti”. A segunda canção é uma resposta aos desencontros e às lembranças que ficaram para trás, que ganhou o nome de “Quase Um Blues” (RS/AV). Em “Cantiga do Viver” (AV), Antony e Ricardo têm a participação especialíssima das “Cantadeiras da Comunidade Sagrada Família”, formada por Dona Jaci, Dona Francisca, Dona Aurelina e Dona Célia. A canção tem uma melodia que nos remete às cantorias de novenas que acontecem nos sertões e, ao mesmo tempo, aos cantos das Lavadeiras de Almenara –MG.

Um típico “folk” se ouve em “Caminheiro e o Vento” (RS). Os meninos beberam forte em diversas fontes e mostram que estão preparados para encarar a estrada. Como escrevi no início, “dá gosto ouvir” um repertório tão verdadeiro, fruto do ofício de dois talentosos jovens, que se sobressaem e nos salvam de qualquer marasmo musical. Esse CD é um convite a um bom papo, à noite enluarada, a compartilhar de coração nossa frágil existência: “Esvaziei meu coração quando você chegou/Deixei tudo arrumado pra você se ajeitar/entrar, sentar e ficar/Teu olhar então me ocupou/foi preenchendo bem devagar/E sem pressa se pôs a ficar...”, diz a letra de “Hospedeiro” (AV). Um momento romântico e recheado de poesia é o que a dupla apresenta na sexta faixa, “Canção de Amor (des) Oriente” (RS).

Antony Ventura nos presenteia com um belo pontilhado de viola e nos faz viajar em suas cordas sem destino e sem tempo marcado para voltar. Bela melodia recheada de saudade, de sentimento, de vontade de viver. A essa beleza ele deu o nome de “Pitiguiariando”. Para finalizar, um tema do produtor do CD: “ Soltar Balões” (Alan Oliveira). Para ouvir essa maravilha, você pode baixar pelas plataformas digitais ou comprar o CD pelo e-mail: quandoinhambu@gmail.com

Um comentário:

  1. Muito bom saber dessa dupla! O "som de raiz" não precisa ser apenas o que já foi gravado e executado à exaustão, temos novos ótimos representantes da música que respira nossa terra. Parabéns pelo blog, o ecletismo de suas matérias enaltece as novidades e desperta a memória de consagrados. Enfim, refresca os ouvidos para a música!

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