quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Trios


Edição e revisão: Marsel Botelho


                                                                             Nas mãos de Ricardo Valverde o vibrafone ganha voz.


Dois anos se passaram desde o primeiro CD, “Teclas no choro” (CPC/UMES, 2014), no qual o vibrafonista, arranjador, percursionista erudito e popular, Ricardo Valverde, nos presenteou com uma releitura sofisticada de “choros” clássicos. Hoje, Valverde nos apresenta seu novo álbum, “Trios”, composto de 12 temas produzidos pelo próprio artista em parceria com André Salmeron (Baticum Discos). Valverde provou que o vibrafone pode e deve ter seu lugar ao sol.
No segundo disco, Valverde nos proporciona uma audição requintada, de bom gosto, em nove temas autorais, uma regravação e dois temas assinados por seu pai, Júlio Valverde.
Segundo sua parceira e irmã, Juliana Valverde, “Trios” tem essa definição: “É do lugar de habitar o momento, desconhecer-se ao sol, duvidar ao alvorecer, reencontrar-se sob o céu de tantas luas, na mesma lua que o artista concebeu TRIOS, disco que, não por acaso, apresenta três diferentes formações de músicos para expressar as três partes bem marcadas em que foi organizado: manhã, tarde e noite.”

Você terá o prazer de ouvir as faixas instrumentais (divididas nos três períodos do dia). Começando por “Manhã”, teremos os músicos Alex Maia (violão) e Matteo Papaiz (baixo acústico). O tema que abre essa audição é de uma poesia sonora atemporal e nos remete a um passeio matinal por bosques e alamedas de sabores e perfumes, que vão se tornando visíveis aos olhos e ouvidos atentos, “Vinheta” (Ricardo e Juliana Valverde). Na sequência, ouviremos “Pecinha” (R.V): as mudanças de andamento nos proporcionam momentos de baião, chorinho e canção. Datado de 1926, o tema “Revendo o passado” é a única regravação que o vibrafonista selecionou para o álbum: uma valsa, lançada pela Orquestra da Casa Edison, que ganha do artista uma releitura magistral. Para finalizar a audição do período da manhã, ouviremos o samba sincopado “Moçambique”, em parceira com o compositor e sambista paulistano Douglas Germano.

O convite agora é para ouvirmos o período da “Tarde”, no qual músicos extraordinários como Ricardo Valverde, Álvaro Couto e Silva (acordeon) e a lenda viva do violão sete cordas, o mestre Luizinho Sete Cordas, tocam juntos. A audição começa com o “choro”, assinado pelo próprio artista, “Mimizando”. Com Luizinho Sete Cordas, Valverde compôs o forró “Feirinha no Apinajés”, vale ouvir o diálogo entre acordeon, violão e o vibrafone, que fala de Ricardo Valverde em tessituras multicoloridas. Com a amada e companheira de palco e lar, Bia Goes, o artista compôs a valsa “Flor de Sal”, simplesmente bela. Mais uma canção que assina com a irmã, a poetisa Juliana Valverde, “Do Outro Lado do Quintal”. Um choro de responsabilidade.

Fechando essa audição instrumental, que tem à voz principal o vibrafone de Ricardo Valverde, chegamos ao período da “Noite” e com ele os músicos Matteo Papaiz (baixo elétrico) e Yuri Prado (guitarra). Teremos quatro temas no referido período, dois assinados por Ricardo Valverde: “Candinha” e “Choro para Bia”; o segundo, dedicado à esposa Bia Goes. Outros dois temas são assinados por seu pai, Júlio Valverde, “Verão 58” e “Passos”.

Ricardo, seu segundo álbum é tão bom quanto o primeiro.




Um comentário:

  1. Esse CD aponta uma carreira promissora para esse grande músico, de indiscutível talento e sensibilidade gigante, Ricardo Valverde.

    ResponderExcluir