quarta-feira, 9 de novembro de 2016

A Kuarup nos presenteia


Edição e revisão: Marsel Botelho


                                                   Ele canta de dentro para fora , como deve ser a voz que emana de um verdadeiro cantador. Xangai é o único que interpreta Elomar como se fosse o próprio a cantar.



Estamos chegando próximo do Natal e as listas de presentes já estão sendo confeccionadas por todos nós. Pensando nisso, a gravadora, selo e editora Kuarup se antecipa e nos presenteia com um relançamento triplo da obra de Eugênio Avelino, o “Xangai”, com os títulos “Xangai Canta Cantigas Incelenças Puluxias e Tiranas de Elomar”,Mutirão da Vida”,Cantoria de Festa”.
Para vocês, leitores, entenderem melhor o que foi e o que é a gravadora Kuarup, irei resumir: A gravadora Kuarup teve sua fundação no Rio de Janeiro, mais precisamente em 1977, a cargo do produtor Mario de Aratanha e do saudoso fagotista Airton Barbosa do Quinteto Villa-Lobos. Em meados dos anos 90 e 2000, a gravadora passou por momentos difíceis, mas foi recuperada, no início de 2010, por um grupo de acionistas de São Paulo, que adquiriu todos os direitos de marca e propriedade sobre o extenso e rico catálogo; sem esquecer a distribuição implementada pela Sony Music, que deu novo fôlego à Kuarup. Hoje, é uma das principais gravadoras independentes do país. Especializada em música brasileira, possui mais de 200 títulos em seu acervo, além de ter a maior coleção de obras de Villa-Lobos em catálogo no Brasil. O repertório traz choro, música nordestina, caipira, sertaneja, MPB, samba e instrumental, entre outros gêneros. A gravadora passou a atuar, também, na edição de músicas e no mercado editorial de livros.

Colocar os títulos citados acima no mercado é de uma importância multicultural imensa, destacadamente para os amantes e sobreviventes da boa música brasileira.  Começamos com o álbum “Mutirão da Vida”, lançado originalmente em 1984 pela Kuarup, produzido por Mario de Aratanha. O álbum tem direção musical de Jaques Morelenbaum e uma banda para lá de original. Acompanhando a cantoria “Cumeno cum Cuentro”: Jaques Morelenbaum (cello), Alex Madureira (viola), Marcelo Bernardes (sopros), Mingo (percussão). Das 12 faixas do CD, destaco o coco sincopado, dos inesquecíveis Jacinto Silva e Onildo Almeida, “Gírias do Norte” e as cantorias do Elomar “Violêro”, “O Pedido/Clariô” e “Kukukaya” de Cátia de França. 
O segundo álbum relançado é um dos mais importantes da discografia do cantador Xangai, trata-se do aclamado disco “Xangai Canta Cantigas Incelenças Puluxias e Tiranas de Elomar”, que está completando 30 anos de seu lançamento. Xangai mergulha no açude sonoro do primo Elomar e tem sua bênção para emprestar a voz em 10 temas, que são acompanhados pelo próprio Elomar ao violão e pelos músicos João Omar (violão), Jaques Morelenbaum (cello), Marcelo Bernardes (flauta), Eduardo Morelenbaum (clarineta), Eduardo Pereira (viola). O repertório é de uma beleza quase indecifrável, por conta de sua magia extrema, só mesmo ouvindo para se ter noção do quanto ainda precisamos estar atentos a essa atmosfera simbólico-musical do artista.

O terceiro álbum é “Cantoria de Festa”. Décimo segundo trabalho do músico, que passeia pelos ritmos brasileiros. Do sertão, temos o forró, arrasta-pé, xote, baião, coco, galope e rojão, cada faixa é uma verdadeira festa. Agradecimentos especiais à Kuarup por preservar a cultura musical brasileira com tanto esmero.

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