Edição e revisão: Marsel Botelho
Ele canta de dentro para fora , como deve ser a voz que emana de um verdadeiro cantador. Xangai é o único que interpreta Elomar como se fosse o próprio a cantar.
Estamos
chegando próximo do Natal e as listas de presentes já estão sendo
confeccionadas por todos nós. Pensando nisso, a gravadora, selo e editora
Kuarup se antecipa e nos presenteia com um relançamento triplo da obra de
Eugênio Avelino, o “Xangai”, com os títulos “Xangai Canta Cantigas Incelenças
Puluxias e Tiranas de Elomar”, “Mutirão da Vida”,
“Cantoria
de Festa”.
Para
vocês, leitores, entenderem melhor o que foi e o que é a gravadora Kuarup, irei
resumir: A gravadora Kuarup teve sua fundação no Rio de Janeiro, mais precisamente
em 1977, a cargo do produtor Mario de Aratanha e do saudoso fagotista Airton
Barbosa do Quinteto Villa-Lobos. Em meados dos anos 90 e 2000, a gravadora
passou por momentos difíceis, mas foi recuperada, no início de 2010, por um
grupo de acionistas de São Paulo, que adquiriu todos os direitos de marca e
propriedade sobre o extenso e rico catálogo; sem esquecer a distribuição
implementada pela Sony Music, que deu novo fôlego à Kuarup. Hoje, é uma das
principais gravadoras independentes do país. Especializada em música
brasileira, possui mais de 200 títulos em seu acervo, além de ter a maior
coleção de obras de Villa-Lobos em catálogo no Brasil. O repertório traz choro,
música nordestina, caipira, sertaneja, MPB, samba e instrumental, entre outros
gêneros. A gravadora passou a atuar, também, na edição de músicas e no mercado
editorial de livros.
Colocar
os títulos citados acima no mercado é de uma importância multicultural imensa,
destacadamente para os amantes e sobreviventes da boa música brasileira. Começamos com o álbum “Mutirão da Vida”,
lançado originalmente em 1984 pela Kuarup, produzido por Mario de Aratanha. O
álbum tem direção musical de Jaques Morelenbaum e uma banda para lá de original.
Acompanhando a cantoria “Cumeno cum Cuentro”: Jaques Morelenbaum (cello), Alex
Madureira (viola), Marcelo Bernardes (sopros), Mingo (percussão). Das 12 faixas
do CD, destaco o coco sincopado, dos inesquecíveis Jacinto Silva e Onildo
Almeida, “Gírias do Norte” e as cantorias do Elomar “Violêro”, “O Pedido/Clariô”
e “Kukukaya” de Cátia de França.
O
segundo álbum relançado é um dos mais importantes da discografia do cantador Xangai,
trata-se do aclamado disco “Xangai Canta Cantigas Incelenças Puluxias e Tiranas
de Elomar”, que está completando 30 anos de seu lançamento. Xangai mergulha no
açude sonoro do primo Elomar e tem sua bênção para emprestar a voz em 10 temas,
que são acompanhados pelo próprio Elomar ao violão e pelos músicos João Omar
(violão), Jaques Morelenbaum (cello), Marcelo Bernardes (flauta), Eduardo
Morelenbaum (clarineta), Eduardo Pereira (viola). O repertório é de uma beleza quase
indecifrável, por conta de sua magia extrema, só mesmo ouvindo para se ter
noção do quanto ainda precisamos estar atentos a essa atmosfera
simbólico-musical do artista.
O
terceiro álbum é “Cantoria de Festa”. Décimo segundo trabalho do músico, que
passeia pelos ritmos brasileiros. Do sertão, temos o forró, arrasta-pé, xote,
baião, coco, galope e rojão, cada faixa é uma verdadeira festa. Agradecimentos especiais
à Kuarup por preservar a cultura musical brasileira com tanto esmero.
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