quarta-feira, 26 de outubro de 2016

O que ninguém ensina

Edição e revisão: Marsel Botelho


                                                   Segundo álbum mostra amadurecimento na poesia e nas melodias. Artista pronto para trilhar os árduos caminho da verdadeira música brasileira.


Quando um artista tem o dom de reunir 11 temas em um CD e esses temas nos tocam profundamente é porque a música que esse artista faz tem sentimento e vida embutidos nas melodias e nas poesias que a vestem. Escrevo sobre o compositor, cantor e arranjador mineiro Cláudio Faria, que lança seu segundo álbum, “Cláudio Faria – O Que Ninguém Ensina”. Produzido pelo próprio artista, O CD é lançado pelo selo “Ultra Music”.
O talentoso Cláudio Faria está na estrada há mais de 30 anos, já tocou com músicos como Flávio Venturini, Toninho Horta, Claudia Cimbleris, Lô Borges entre outros. Hoje se divide entre a carreira solo e a banda de Beto Guedes, onde é tecladista e faz os vocais.

O CD abre com uma declaração de amor em “Simples Canção” (C.F), o cantor tem as participações especiais dos conterrâneos o acordeonista Célio Balona e a cantora Vanessa Falabella, com quem divide os vocais. Ainda na temática do amor, o cantor nos apresenta um belo tema, “Ama Por Amar” (C.F), destaque para o quarteto de cordas, que tem os arranjos assinados pelo próprio artista. Cláudio foi extremamente feliz ao escolher, do repertório do gênio Beto Guedes, a canção “Tudo em Você” (Beto Guedes/Ronaldo Bastos). Com o andamento mais lento e com o luxuoso arranjo de cordas, o cantor deixa a música exalar, penetrar os poros e nos invadir por completo, trazendo uma sensação em que beleza e nostalgia nos levam à reflexão do seu fazer artístico. Com certeza esse é um dos temas belíssimos do CD.

“Motivo” (C.F) é uma daquelas canções que faz pulsar em nós o desejo de tê-la escrito. É completamente cheia de sentimentos que nos fazem voltar no tempo, por vezes distantes e outras vezes muito perto, como se pudéssemos tocá-los. Poesia e canção, metalinguagem de amor e vida, nos levam à instigante “Paisagem Lunar” (C.F): “...Se quer saber, tem que prestar atenção e decifrar doce canção, feita de silêncio e sons...” A canção “Sob o Sol do Rio” (Cláudio Faria) retrata a poética cidade maravilhosa e é eternizada pela terceira vez: teve sua primeira gravação no CD “Porque não tínhamos bicicleta”, de Flávio Venturini e no primeiro álbum do cantor, “O Som do Sol”. Com arranjo novo, o cantor tem a participação especial de Leila Pinheiro.

A melancolia em que a canção “Meu Porto” (Cláudio Faria/Leila Pinheiro) nos envolve, e dela também nos resgata, pode ser brindada com uma boa safra de um tinto seco. A canção, que dá título ao álbum, “O que ninguém ensina” (Rodolfo Mendes/Cláudio Faria), a letra nos diz: “Até quando a gente vai viver/Para aprender o que ninguém ensina/Não há tempo pra se arrepender...” Em “Ar de Mistério” (C.F), o tema, que é uma bossa, traz em sua letra o personagem “vampiro”, que vai “sugar o sangue do amor”. O álbum também mostra um compositor maduro, que escreve muito bem para quarteto de cordas. “Em Quatro Luas” definitivamente temos a constatação. Para finalizar, ouviremos Águas do sossego (C.F) um místico poético pintado de poesia, com a tinta de um ouro tão eterno quanto o desejo de ser, viver e transbordar, em cada melodia, um pedaço inexplicável de paz.



Nenhum comentário:

Postar um comentário