quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Na cadência mineira

Edição e revisão: Marsel Botelho


                                                   Do interior de Minas em busca do Grammy Latino 2016



“Quem não gosta do samba bom sujeito não é /Ou é ruim da cabeça ou doente do pé” (Samba da Minha Terra-Dorival Caymmi). É nessa cadência que a mineira de Cambuí (MG), Corina Magalhães, estreia com o álbum “Tem Mineira no Samba”. O CD tem arranjos e produção musical de Edu Malta e apresenta 14 faixas de compositores genuinamente mineiros, exceto os cariocas Paulo César Pinheiro e João Nogueira. O disco acabou de sair do forno e já tem sua indicação ao 17.º Grammy Latino como melhor álbum de samba. Estamos na torcida!

Dona de uma voz suave, a mineira se entrega de corpo, alma e responsabilidade nas releituras de clássicos do samba. E prova que fez a escolha certa. Os sambas escolhidos por Corina já tiveram inúmeras regravações, mas ouvir sua interpretação é viver um momento prazeroso: a cantora simplesmente vestiu, com roupa de domingo, sambas eternos.
Já ouvi a frase “O samba nasceu em minas”, é só constatar a lista de compositores famosos como Ari Barroso, Geraldo Pereira, Ataulfo Alves, João Bosco, Vander Lee, Milton Nascimento (carioca, criado em Três Pontas-MG), que saíram das montanhas de Minas para os morros cariocas.

Corina, além de cuidar de nossa alma nos proporcionando uma audição ímpar, também pode cuidar de nosso corpo, já que a bela de Cambuí (MG) também é médica. No auge dos seus 34 anos, completos no último dia 16, a cantora começou sua vida artística bem cedo, com apenas 10 anos.
 Preparados para cair no Samba? Vou apresentá-lo a vocês, caros leitores, por compositor. Ao mineiro de Ubá, Ari Barroso, a cantora empresta a voz em “Morena Boca de Ouro”, “Camisa Amarela” e “Faceira”. De Ubá, Corina foi até Juiz de Fora para nos presentear com os sambas de Geraldo Pereira: “Sem Compromisso”, em parceria com Nelson Trigueiro; “Escurinho” e “Falsa Baiana”. A viagem continua, e agora o destino é Miraí, onde a artista canta a clássica “Ai que Saudade de Amélia”, parceria de Ataulfo Alves com Mario Lago. De trem, Corina foi até Três Pontas e de Milton Nascimento e Fernando Brant gravou “Aqui é o País do Futebol”.

O CD nos leva a uma viagem pela nata do samba escrito por mineiros e cantados por uma mineira, que sabe imprimir artisticamente doçura e suavidade ao que a voz entoa. Não é fácil gravar clássicos consagrados sem cair na mesmice, mas Corina soube dosar cada tema; sem perder a essência, nos revelar a beleza intangível de cada canção. A indicação ao Grammy é mais que merecida por ser um álbum de regravação com tempero de inédito.

Seguindo viagem, a artista foi até Ponte Nova e de João Bosco e Aldir Blanc nos presenteia com “Casa de Maribondo”, “Prêt-à-Porter de Tafetá” e “A Nível De”. Agora é a vez de dar um pulo na capital Belo Horizonte e encontrar Affonsinho e gravar “Enfeitiçado”; do saudoso (e torcedor do Galo) Vander Lee gravou “Galo e Cruzeiro”. Para homenagear a maior sambista mineira, Clara Nunes, de Paraopeba, a artista gravou, dos cariocas Paulo César Pinheiro e João Nogueira, a clássica “Guerreira”. Que venham o Grammy e muitos CDs, a caminhada está apenas começando.

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