quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Três


Edição e revisão: Marsel Botelho


                                                   Música e poesia na mesma embalagem




O Nordeste brasileiro e a MPB têm uma ligação muito forte: já nos presentearam com grandes nomes e continuam a revelá-los. Paraibano de Campina Grande e radicado no Rio de Janeiro, Luis Kiari lança seu álbum de estreia, intitulado “Três”. Kiari é um dos nomes mais promissores da nova geração da MPB. Talentoso, o compositor ficou nacionalmente conhecido ao ser gravado por Maria Gadú em 2009, cuja canção Linda Rosa, composição de Luis Kiari e Gugu Peixoto, fez parte do CD de estreia daquela cantora, hoje uma artista consagrada. “Três” tem 12 faixas e um bônus. Produzido por Léo Brandão, seu belíssimo trabalho foi gravado por meio de financiamento coletivo, lançado em CD e nas plataformas digitais pelo selo, editora e gravadora Kuarup.

 Uma das grandes marcas de “Três” é seu poder de tornar difícil a escolha de uma música de trabalho, já que todas nos conquistam na primeira audição. De logo, na primeira música, “A Bailarina” (L.K), somos tomados por um misto de saudade, amor e paz. A flauta de Léo Gandelman, na introdução e durante a melodia, dialogando com os violões, piano, baixo, bateria e percussão, serve de janela para a poesia entrar e nos invadir totalmente. Como escrevi anteriormente, é impossível escolher uma entre as 13 canções, mas confesso que escolhi “Às 6” (Luis Kiari/Gabriel Garcia/Dudu Valle) para ser o tema que teceria este texto. O “cello”, a voz, a emoção de se ouvir um poema cantado nos convida ao passeio entre aromas e sabores do amor. A terceira faixa, “Linda Rosa” (Luis Kiari/Guga Peixoto), é a que apresentou o compositor para o Brasil na voz da cantora Maria Gadú: aqui o artista canta sua linda versão para uma composição que se tornou um clássico.

Não poderia faltar no repertório do compositor um autêntico xote, uma das raízes do cancioneiro de sua terra natal Campina Grande (PB), Cidade que também ostenta o título de Capital do Forró. Kiari transita, com toda sua fertilidade, pelo xote e pelo baião, como em “A Passarinha” (Luis Kiari/Caio Soh). Uma parceria especialíssima com o compositor e cantor carioca Ivan Lins acontece na canção “Ainda é Tarde”, que foi contemplada com o dueto dos amigos. Um tema para se ouvir saboreando a vida é “Quando Fui Chuva” (Luis Kiari/Caio Soh). Em “Nosso Carnaval” (Luis Kiari/Pedro Barnes), o artista canta as facetas do amor (você vai se identificar!).

Poesia, melodia, voz e uma vontade louca de cantar na chuva a canção ”Sempre Que Eu Canto Chove” (Luis Kiari/Matheus Von Kruger)”. “Calejar a Dois” (Luis Kiari/Caio Soh) mantém o tema do amor. Ouvindo o samba “Dentro de Mim” (L.K), a palavra saudade nos fala ao ouvido do genial Jamelão. A vida insegura dos meninos dos morros cariocas é cantada na letra “suingada” e autêntica de “Menino” (Luis Kiari/Tomaz Lenz).- Aumente o som, deixe as cordas te conduzirem na poética “Rio Que Leva Tristeza” (L.K)–. O bônus tem a voz doce de Taís Alvarenga, em dueto com Kiari, na maravilhosa “Peço” (Luis Kiari/Gabriel Garcia).

Você pode ouvir e ainda ter seu CD autografado no Pocket Show, dia 07, às 19h, na Livraria da Vila, Rua Fradique Coutinho, 915 – Pinheiros, entrada franca.



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