quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Bianca Luar


Edição e revisão: Marsel Botelho


                                                                             Álbum de estreia de uma cantora veterana das gerais.


Nascida em Montes Claros, norte de Minas Gerais, terra do ícone Beto Guedes e do saudoso Lulu Guedes, “Bianca Luar” começou muito cedo seu envolvimento com música e com bandas que tocavam “cover”. Contemplada por uma lei de incentivo à cultura do governo de Minas, Bianca Luar apresenta seu primogênito, “Mira”. Composto por 10 temas, o álbum teve produção de Tattá Spalla e coprodução  de Ian Guedes, além de contar com as participações especiais de Beto Guedes, Toninho Horta e Sérgio Pererê. Bianca bebeu forte na fonte musical dos Guedes, mesmo porque foi casada com Ian e compartilhou da efervescência musical da família. Com Ian, formou uma dupla que tocava canções do emblemático Clube da Esquina nos bares da vida, até decidir que iria alçar voo com um trabalho todo seu.
Em um papo gostoso por uma rede social, a artista me disse: “Mira foi um sonho que se realizou. A costura afetivo-musical de minha vida e de meu trilhar artístico. Os ídolos, a terra natal, o companheiro, os ritmos do Brasil, a harmonia de Minas e a poesia, que desassossega a gente. Buscamos a suavidade robusta de uma sonoridade leve e fiel ao que sentimos. As histórias cantadas falam direto ao meu coração e à minha vontade frondosa e falam também ao de muitas pessoas. Gratidão!”
Luar é dona de um timbre doce e melódico que faz com que a canção interpretada por ela fique cada vez mais audível aos ouvidos sensíveis. A canção que abre a audição do CD, “Tijolo de Seda”, composta pelos mineiros Rai Medrado e Murilo Antunes, é uma típica canção mineira que, ao se ouvir, de logo se sabe que veio do lado das Gerais. O pernambucano Oto também participa do repertório com “Lavanda”, música dedicada aos orixás: Bianca conta com o vocalize afro de Sérgio Pererê, o que transforma a canção em um hino.
Como uma boa mineira, a cantora gravou os sambas “É preciso Perdoar” (Alcyvando Luz/Carlos Coquejo) e “Odete” (Sérgio Sampaio). Há indícios de que o samba nasceu em Minas Gerais, então a intérprete está fazendo sua parte (e muito bem). Um samba canção refinado, com a guitarra única de Toninho Horta, se ouve em “Beijo Verdadeiro” (Rai Medrado/Caio Machado). Sabe... aquela canção com a qual você se identifica, principalmente se seu relacionamento anda meio assim... Sim, ela também existe entre as canções desse primeiro CD: “Partas Não” (Lokua Kanza/Carlos Rennó).
Seu lado fã fica evidente ao escolher e dar uma nova roupagem à canção “Como o Machado” (Lô e Márcio Borges), a música faz parte do antológico “disco do tênis”, Lô Borges, 1972. Pensando no mercado internacional, a cantora arrisca seu inglês na canção “Acordar com Você” (Rai Medrado). A canção que dá título ao CD, “Mira” (Pablo Castro/ Makely Ka), tem um suingado gostoso de se ouvir.
A música que finaliza essa bela audição, “Pedaço Sertão” (Tatta Spalla/Luiz Carlos Sá), cela a estreia da jovem cantora nesse meio tão árduo, ainda mais para quem se propõe a fazer uma música de qualidade. A participação de Beto Guedes (segundo pai, como ela o chama carinhosamente) foi muito enriquecedora. A canção exala paz, amor e nos enche de esperança para seguir.




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