Edição e revisão: Marsel Botelho
Álbum de estreia de uma cantora veterana das gerais.
Nascida
em Montes Claros, norte de Minas Gerais, terra do ícone Beto Guedes e do
saudoso Lulu Guedes, “Bianca Luar” começou muito cedo seu envolvimento com
música e com bandas que tocavam “cover”. Contemplada por uma lei de incentivo à
cultura do governo de Minas, Bianca Luar apresenta seu primogênito, “Mira”.
Composto por 10 temas, o álbum teve produção de Tattá Spalla e coprodução de Ian Guedes, além de contar com as participações
especiais de Beto Guedes, Toninho Horta e Sérgio Pererê. Bianca bebeu forte na
fonte musical dos Guedes, mesmo porque foi casada com Ian e compartilhou da
efervescência musical da família. Com Ian, formou uma dupla que tocava canções
do emblemático Clube da Esquina nos bares da vida, até decidir que iria alçar
voo com um trabalho todo seu.
Em
um papo gostoso por uma rede social, a artista me disse: “Mira foi um sonho que
se realizou. A costura afetivo-musical de minha vida e de meu trilhar
artístico. Os ídolos, a terra natal, o companheiro, os ritmos do Brasil, a
harmonia de Minas e a poesia, que desassossega a gente. Buscamos a suavidade
robusta de uma sonoridade leve e fiel ao que sentimos. As histórias cantadas
falam direto ao meu coração e à minha vontade frondosa e falam também ao de
muitas pessoas. Gratidão!”
Luar
é dona de um timbre doce e melódico que faz com que a canção interpretada por
ela fique cada vez mais audível aos ouvidos sensíveis. A canção que abre a
audição do CD, “Tijolo de Seda”, composta pelos mineiros Rai Medrado e Murilo
Antunes, é uma típica canção mineira que, ao se ouvir, de logo se sabe que veio
do lado das Gerais. O pernambucano Oto também participa do repertório com
“Lavanda”, música dedicada aos orixás: Bianca conta com o vocalize afro de
Sérgio Pererê, o que transforma a canção em um hino.
Como
uma boa mineira, a cantora gravou os sambas “É preciso Perdoar” (Alcyvando
Luz/Carlos Coquejo) e “Odete” (Sérgio Sampaio). Há indícios de que o samba
nasceu em Minas Gerais, então a intérprete está fazendo sua parte (e muito bem).
Um samba canção refinado, com a guitarra única de Toninho Horta, se ouve em
“Beijo Verdadeiro” (Rai Medrado/Caio Machado). Sabe... aquela canção com a qual
você se identifica, principalmente se seu relacionamento anda meio assim... Sim,
ela também existe entre as canções desse primeiro CD: “Partas Não” (Lokua
Kanza/Carlos Rennó).
Seu
lado fã fica evidente ao escolher e dar uma nova roupagem à canção “Como o
Machado” (Lô e Márcio Borges), a música faz parte do antológico “disco do tênis”,
Lô Borges, 1972. Pensando no mercado internacional, a cantora arrisca seu
inglês na canção “Acordar com Você” (Rai Medrado). A canção que dá título ao CD,
“Mira” (Pablo Castro/ Makely Ka), tem um suingado gostoso de se ouvir.
A
música que finaliza essa bela audição, “Pedaço Sertão” (Tatta Spalla/Luiz
Carlos Sá), cela a estreia da jovem cantora nesse meio tão árduo, ainda mais
para quem se propõe a fazer uma música de qualidade. A participação de Beto
Guedes (segundo pai, como ela o chama carinhosamente) foi muito enriquecedora.
A canção exala paz, amor e nos enche de esperança para seguir.
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