Edição e revisão: Gesu Costa
Interprete de um povo, Xangai canta suas alegrias, tristezas , e seus amores. A poesia brota da terra e ele a transforma em canção.
Há quarenta anos que a
voz de Eugênio Avelino, o Xangai, ecoa pelos rincões desse Brasil, terra esta
que precisa ser redescoberta musicalmente, pois o que se ouve por aí nas
grandes mídias é algo estranho e com menos poesia, pois em nada lembra o cheiro
da terra.
Depois de um hiato de 10 anos entre seu último
trabalho “Estampas Eucalol” (Kuarup, 2006), o cantador e violeiro nos
presenteia com o 17º álbum da carreira intitulado de
“Xangai”. As 14 faixas são um misto de releituras e inéditas produzidas pelo
violonista costa-riquenho Mario Ulloa e lançado no mercado nos formatos
digitais e CD pela gravadora, selo e editora Kuarup, que acredita na música
brasileira.
Xangai está num momento único na sua
carreira de quatro décadas, vive ele próprio na tela da novela Velho Chico
(Globo). Ganhou o prêmio de melhor cantor regional na 27ªedição do Prêmio da
Música Brasileira. Ele é o autêntico porta –voz da música sertaneja interiorana
nordestina e o principal interprete do Malungo e cantador Elomar. A Kuarup promete relançar ao longo desde ano
a discografia do artista.
Nada poderia ser mais natural que a gravação
desde disco, realizado na varanda de uma fazenda na Bahia, porque o som foi captado
de sua voz e violão, garantindo assim a este CD o mais visceral possível. Nele
o cantador coloca a voz a serviço da canção e toca seu violão sem as batidas (tão
convencionais atualmente) só dedilhando, explorando as harmonias. Ouviremos a
faixa que abre esta audição toda especial, a inédita “Ino do Cangaço” à capela
(Xangai/Ivanildo Vila Nova). Gravado pelo mito Jackson do Pandeiro em 1955
“Forro em Caruaru” (Zé Dantas) que tem inúmeras regravações, inclusive, do rei
do baião Luiz Lua Gonzaga, ganha agora de Xangai uma roupagem nova com seu
estilo peculiar.
Do poeta, escritor e humorista
Jessier Querino o artista gravou “Bolero de Isabel” a temática da conquista do
amor na forma mais simples, onde o desejo aflora em aromas, sabores e imagens.
Título do último álbum gravado “Estampas Eucalol” (Hélio Contreiras) o artista
canta de forma ímpar a mitologia Grega com a realidade brasileira. Do disco
“Qui Tu Tem Canário” o cantador escolheu a bela “Água” (Xangai/Jatobá) para
compor esses 14 temas.
Do amigo e compadre Renato Teixeira, ouviremos
“Pequenina” escrita especialmente para o cantor. Usando a voz, as mãos e o
peito como percussão o artista canta o “Gago Grego” do inesquecível rei do coco
sincopado Jacinto Silva, gravado no CD “Brasileirança” (2001) que dividiu com o
Quinteto da Paraíba. Da poetisa Portuguesa Florbela Espanca, adaptou o poema
“Eu”. Neste álbum ainda ouviremos
“Espiral do Tempo” (Geraldo Azevedo/Carlos Fernndo),”Em Nome do Sol”(
Xangai/Jacinto Silva), “Menino Gaiteiro” (Xangai), “João e Duvê” (Maciel Melo),
“Meus Tempos de Criança” (Ataulfo Alves) e “Quem Ama perdoa” (Juraildes da
Cruz). Vida longa ao Xangai, que canta
nos encantando.
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