quarta-feira, 13 de julho de 2016

Xangai voz e violão


 Edição e revisão: Gesu Costa


                                                                                            Interprete de um povo, Xangai canta suas alegrias, tristezas , e seus amores. A poesia brota da terra e ele a transforma em canção.



          Há quarenta anos que a voz de Eugênio Avelino, o Xangai, ecoa pelos rincões desse Brasil, terra esta que precisa ser redescoberta musicalmente, pois o que se ouve por aí nas grandes mídias é algo estranho e com menos poesia, pois em nada lembra o cheiro da terra.
           Depois de um hiato de 10 anos entre seu último trabalho “Estampas Eucalol” (Kuarup, 2006), o cantador e violeiro nos presenteia com o 17º álbum da carreira intitulado de “Xangai”. As 14 faixas são um misto de releituras e inéditas produzidas pelo violonista costa-riquenho Mario Ulloa e lançado no mercado nos formatos digitais e CD pela gravadora, selo e editora Kuarup, que acredita na música brasileira.

          Xangai está num momento único na sua carreira de quatro décadas, vive ele próprio na tela da novela Velho Chico (Globo). Ganhou o prêmio de melhor cantor regional na 27ªedição do Prêmio da Música Brasileira. Ele é o autêntico porta –voz da música sertaneja interiorana nordestina e o principal interprete do Malungo e cantador Elomar.  A Kuarup promete relançar ao longo desde ano a discografia do artista.

           Nada poderia ser mais natural que a gravação desde disco, realizado na varanda de uma fazenda na Bahia, porque o som foi captado de sua voz e violão, garantindo assim a este CD o mais visceral possível. Nele o cantador coloca a voz a serviço da canção e toca seu violão sem as batidas (tão convencionais atualmente) só dedilhando, explorando as harmonias. Ouviremos a faixa que abre esta audição toda especial, a inédita “Ino do Cangaço” à capela (Xangai/Ivanildo Vila Nova). Gravado pelo mito Jackson do Pandeiro em 1955 “Forro em Caruaru” (Zé Dantas) que tem inúmeras regravações, inclusive, do rei do baião Luiz Lua Gonzaga, ganha agora de Xangai uma roupagem nova com seu estilo peculiar.

          Do poeta, escritor e humorista Jessier Querino o artista gravou “Bolero de Isabel” a temática da conquista do amor na forma mais simples, onde o desejo aflora em aromas, sabores e imagens. Título do último álbum gravado “Estampas Eucalol” (Hélio Contreiras) o artista canta de forma ímpar a mitologia Grega com a realidade brasileira. Do disco “Qui Tu Tem Canário” o cantador escolheu a bela “Água” (Xangai/Jatobá) para compor esses 14 temas.

          Do amigo e compadre Renato Teixeira, ouviremos “Pequenina” escrita especialmente para o cantor. Usando a voz, as mãos e o peito como percussão o artista canta o “Gago Grego” do inesquecível rei do coco sincopado Jacinto Silva, gravado no CD “Brasileirança” (2001) que dividiu com o Quinteto da Paraíba. Da poetisa Portuguesa Florbela Espanca, adaptou o poema “Eu”.  Neste álbum ainda ouviremos “Espiral do Tempo” (Geraldo Azevedo/Carlos Fernndo),”Em Nome do Sol”( Xangai/Jacinto Silva), “Menino Gaiteiro” (Xangai), “João e Duvê” (Maciel Melo), “Meus Tempos de Criança” (Ataulfo Alves) e “Quem Ama perdoa” (Juraildes da Cruz). Vida longa ao Xangai, que  canta nos encantando.




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