quarta-feira, 20 de julho de 2016

Carolina

 
Edição e revisão: Marsel Botelho


                        Cantora visita obras de mestre que fizeram parte  de sua formação musical





O fato de nascermos em um berço literalmente musical não nos garante que teremos o mesmo destino e a qualidade para seguirmos nossa própria trilha. Com a cantora carioca Carol Saboya foi diferente, pois além de nascer em um berço privilegiado, conseguiu mostrar que foi além do DNA musical e, com duas décadas dedicadas à música, a cantora nos apresenta seu 12º álbum, intitulado “Carolina”. O CD, produzido por seu pai, Antonio Adolfo, que é um dos grandes músicos e arranjadores que temos no Brasil e no mundo, conta com 10 temas e mostra a influência da cantora. Afinadíssima e dona de um belo timbre, que vira moldura para a canção Carol, resolveu batizar esse trabalho com seu próprio nome, que tem origem alemã e significa “uma mulher forte, cuidadosa e amorosa”. Assim a artista se sente.

Tem certos discos que já nascem clássicos, como esse de Carol, cujo repertório, escolhido a dedo, não tem a preocupação de pegar as canções mais conhecidas de seus autores. Fazer uma releitura é sempre algo de enorme responsabilidade, mas a cantora teve um carinho todo especial e se entregou a cada canção como se fosse sua. Autores como Jobim, Chico Buarque, Djavan, Pixinguinha, Edu Lobo, Vinicius, João Bosco, Belchior, Lennon e McCartney, além de sua grande paixão Sting, estão presentes na voz doce e marcante da artista.

Como costumo escrever, gostaria que a juventude pudesse ter acesso, através da grande mídia, a obras como essa, que priorizam a poesia, as melodias e as harmonias elaboradas, mostrando a cara da música/arte, que a cada dia perde espaço para o mau gosto divulgado através de canais que chegam de modo avassalador aos lares brasileiros.

A audição abre com a clássica “Passarim” (A. C. Jobim), gravada originalmente pelo maestro em 1987, no disco de mesmo nome. O arranjo de Antonio Adolfo é algo sublime, como todos que ele assina nesse álbum, para o qual sua filha empresta a voz. Que maravilha relembrar o mestre Pixinguinha e seu choro “1 x 0” (de 1946), em parceira com o flautista Benedito Lacerda! O tema ganhou letra de Nelson Ângelo em 1993, tema o qual ouviremos agora. Da dupla João Bosco e Belchior, a cantora se entrega em “Senhoras do Amazonas” e nos presenteia com sua voz cristalina. Quem da geração da cantora não foi conduzido pelas canções dos Beatles? Carol escolheu para compor esse álbum “Hello, Goodbye” (John Lennon/Paul McCartney), pela leveza natural da canção, que se enquadra na sua forma de cantar. Do cantor e compositor alagoano Djavan, a cantora escolheu “Avião” e a mega clássica “Faltando um pedaço”. Sem palavras. Do ídolo Sting, a escolhida foi “Fragile”; mesmo com 30 anos a canção ainda é super atual, sua letra diz: “É hora da gente parar e pensar em ‘ ...quão frágeis nós somos’.” Vale a audição.


 “A felicidade” (A. C. Jobim/Vinicius de Moraes) e “Olha, Maria”(A.C. Jobim/Chico Buarque/Vinicius de Moraes) mostram que a cantora tem uma admiração pelos temas do maestro soberano. Para finalizar essa audição finíssima, ouviremos “Zanzibar”(Edu Lobo). Esse será um disco de cabeceira, com certeza.

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