Edição e revisão: Marsel Botelho
Cantora visita obras de mestre que fizeram parte de sua formação musical
O
fato de nascermos em um berço literalmente musical não nos garante que teremos
o mesmo destino e a qualidade para seguirmos nossa própria trilha. Com a
cantora carioca Carol Saboya foi diferente, pois além de nascer em um berço
privilegiado, conseguiu mostrar que foi além do DNA musical e, com duas décadas
dedicadas à música, a cantora nos apresenta seu 12º álbum, intitulado
“Carolina”. O CD, produzido por seu pai, Antonio Adolfo, que é um dos grandes
músicos e arranjadores que temos no Brasil e no mundo, conta com 10 temas e
mostra a influência da cantora. Afinadíssima e dona de um belo timbre, que vira
moldura para a canção Carol, resolveu batizar esse trabalho com seu próprio
nome, que tem origem alemã e significa “uma mulher forte, cuidadosa e amorosa”.
Assim a artista se sente.
Tem
certos discos que já nascem clássicos, como esse de Carol, cujo repertório,
escolhido a dedo, não tem a preocupação de pegar as canções mais conhecidas de
seus autores. Fazer uma releitura é sempre algo de enorme responsabilidade, mas
a cantora teve um carinho todo especial e se entregou a cada canção como se
fosse sua. Autores como Jobim, Chico Buarque, Djavan, Pixinguinha, Edu Lobo,
Vinicius, João Bosco, Belchior, Lennon e McCartney, além de sua grande paixão
Sting, estão presentes na voz doce e marcante da artista.
Como
costumo escrever, gostaria que a juventude pudesse ter acesso, através da
grande mídia, a obras como essa, que priorizam a poesia, as melodias e as harmonias
elaboradas, mostrando a cara da música/arte, que a cada dia perde espaço para o
mau gosto divulgado através de canais que chegam de modo avassalador aos lares
brasileiros.
A
audição abre com a clássica “Passarim” (A. C. Jobim), gravada originalmente
pelo maestro em 1987, no disco de mesmo nome. O arranjo de Antonio Adolfo é
algo sublime, como todos que ele assina nesse álbum, para o qual sua filha
empresta a voz. Que maravilha relembrar o mestre Pixinguinha e seu choro “1 x 0”
(de 1946), em parceira com o flautista Benedito Lacerda! O tema ganhou letra de
Nelson Ângelo em 1993, tema o qual ouviremos agora. Da dupla João Bosco e
Belchior, a cantora se entrega em “Senhoras do Amazonas” e nos presenteia com
sua voz cristalina. Quem da geração da cantora não foi conduzido pelas canções
dos Beatles? Carol escolheu para compor esse álbum “Hello, Goodbye” (John
Lennon/Paul McCartney), pela leveza natural da canção, que se enquadra na sua
forma de cantar. Do cantor e compositor alagoano Djavan, a cantora escolheu “Avião”
e a mega clássica “Faltando um pedaço”. Sem palavras. Do ídolo Sting, a
escolhida foi “Fragile”; mesmo com 30 anos a canção ainda é super atual, sua
letra diz: “É hora da gente parar e pensar em ‘ ...quão frágeis nós somos’.”
Vale a audição.
“A felicidade” (A. C. Jobim/Vinicius de
Moraes) e “Olha, Maria”(A.C. Jobim/Chico Buarque/Vinicius de Moraes) mostram
que a cantora tem uma admiração pelos temas do maestro soberano. Para finalizar
essa audição finíssima, ouviremos “Zanzibar”(Edu Lobo). Esse será um disco de
cabeceira, com certeza.
Excelente matéria sobre essa maravilhosa cantora!
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