quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Dona da voz

Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas


A música do Brasil não é só essa que nos é empurrada goela a baixo pela grande mídia – ela tem de ser redescoberta. Está espalhada pelos quatros cantos deste país, basta que a procuremos. A nossa missão é apresentar a vocês toda semana um pouco dessa música quem a produz. Assim, o primeiro destaque do ano vem de uma cidade que nasceu para dar à luz grandes nomes em todos os seguimentos da arte: Montes Claros – MG. Deborah Rosa nos apresenta seu segundo CD, “Melhor”. Com 14 canções, entre regravações e temas autorais, o álbum tem produção de Paulo Nicolsky e direção musical de Toninho Horta, Tattá Spalla e Dalton Palmieri.
Deborah, cujo talento tem o DNA das montanhas de Minas, é dona de uma voz grave e aveludada, capaz de nos transportar para dentro da canção. Nascida em Poços de Caldas, mas radicada em Montes Claros desde sua juventude, a cantora tem recebido elogios da crítica especializada e de seus amigos de ofício. Para se ouvir Deborah Rosa é necessário o silêncio interior, onde ela vai chegar e fazer morada com sua interpretação única. A cantora acertou ao escolher a música “Sábado” (Fredera), para fazer parte desse repertório, que foi gravada originalmente em 1970 pelo “Som Imaginário” e ganhou nova leitura da banda Roupa Nova doze anos depois. Aqui ouviremos a canção com arranjos do mestre Toninho Horta, que tocou guitarra e baixo, e deixou Deborah voar alto neste tema que nos remete aos bons tempos dos festivais. A segunda canção, “Velhos Novos Amigos” (Yuri Nicolsky), nos mostra que a cantora está preparada para este ofício, utilizando seu registro vocal para nos acariciar.
“Vou pegar meu violão/E compor uma canção/Sentar á beira da estrada/E escrever em linhas tortas/Histórias com frases certas”, diz a letra da canção “Ser Feliz” (Tattá Spalla/Paulo Nicolsky/Deborah Rosa). Aumente o som em “Brincadeira” (Caio Mattos), e solte o corpo na “suingueira” das guitas de Toninho Horta e Tattá Spalla. A próxima música, “Aqui Tudo é Nada Sem Você”, traz a assinatura de Deborah, mostrando-nos que, além de uma grande intérprete, ela também tem talento para escrever suas próprias canções. Interpretação, melodia e letra são contempladas em “Confissões” (Claudio Fraga), sexta faixa do álbum.
“Estação” é o segundo tema ao qual a cantora dá vida. Vale a audição. Boa pedida também é “TV Cultura” com letra e música assinadas por Gabriel Moura. Em “Fotografia” (Nil Lus), Deborah me transportou por imagens e aromas, lembranças e sonhos, amores e passados. “Nepal” (Fredera), com registro de gravação em 1970 pela banda “Som Imaginário”, ganha nova roupagem de Deborah Rosa. Uma canção de cunho ecológico, tema tão discutido hoje em dia, é assinada pela cantora em “Próximo Segundo”. Candidata a tema do verão, a música “Melhor” (Gabriel Moura) dá título a este parto maravilhoso. Para finalizar o segundo CD, de muitos que virão, dois sambas a nos embalar: “Copo d’Água de Chuva” (Nanda Cavalcante) e “Samba a Dois” (Marcelo Camelo). Começamos muito bem 2015!

2 comentários:

  1. Certamente o trabalho de Deborah Rosa é encantador ... Ao perceber a regravação da música Sábado (Fredera) já nos mostra a delicadeza e seletividade do que esse CD nos traz ... Vou escutar !!

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  2. Realmente um belo início de ano, Dery. Ver minha terra tão bem representada no Planeta MPB é motivo de orgulho. Adorei a voz da Deborah e ainda estou saboreando as músicas. Deu saudades de minha terrinha.

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