terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Além da Rua Ramalhete

Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas


Muitas vezes marcamos um artista por uma única obra. Claro que é importante sempre lembrarmos aquela que o projetou na mídia, mas o mineiro Luís Otávio de Melo Carvalho ou, simplesmente, Tavito, vai além das clássicas “Rua Ramalhete” e “Casa no Campo” – essa, imortalizada por Elis Regina. Tavito é daqueles seres que nasceram para ser a concretização da própria música – ela o alimenta e ele a exala entre nós. O músico, cantor, compositor, arranjador, produtor de discos e publicitário acaba de nos contemplar com seu mais recente trabalho, o CD “Mineiro”. Um misto de regravações e inéditas se ouve nas 14 faixas produzidas por Edu Malta.
Antes de escrever sobre seu sexto álbum, é bom apresentá-lo aos mais jovens que, com certeza, já ouviram suas músicas nas vozes de outros intérpretes, como Milton Nascimento e a banda Roupa Nova. Tavito fez parte do emblemático Clube da Esquina. É músico e um dos principais compositores do antológico grupo Som Imaginário, que recentemente reuniu seus integrantes, exceto o guitarrista Fredera, e voltou a fazer shows, o que para nós é um presente aos ouvidos. Como produtor podemos citar o segundo disco do 14 Bis, entre inúmeros que vieram depois. Vale mergulhar no universo musical e criativo “Tavitiano” para conhecê-lo e visitar a música brasileira em quatro décadas.
Prepare-se para ouvir “Mineiro” e ser transportado por melodias e harmonias com cheiro de chuva e o ar que emana das montanhas gerais. Neste álbum Tavito transita por sua infância e adolescência em Belo Horizonte, revivendo os aromas, sabores e sons muitas vezes imaginados para compor essas trilhas desgarradas das influências beatlemaníacas. Aqui o artista se doa e oferece sua obra àqueles que irão absorver sua canção, a verdade que existe nela. Quero destacar na releitura de “Sábado” (Fredera), a suavidade do canto de Tavito e o arranjo que nos remete aos idos dos Anos 70, sua juventude e seus sonhos de paz e amor. A canção foi gravada em 1970 pelo Som Imaginário, na voz de seu autor. De lá pra cá o tema ganhou inúmeras regravações. O amigo e parceiro de palco, estrada e canções, Zé Rodrix, também se faz presente em duas faixas. A primeira é um belo blues, “Coisas Pequenas”, uma homenagem às mulheres que nos enchem de vida, desejo e amor. A segunda, “Esquematizando Esquemas”, é uma crítica inteligente ao endeusamento da mídia e aos meios ilícitos para se atingir a fama, custe o que custar. Infelizmente foi uma das últimas canções compostas pelos dois amigos.
Boa parte dos meus leitores acho que nunca dançaram agarradinhos ao som de um bolero nos bons bailes que existiam regados a paqueras tempos atrás. Aqui uma parceria perfeita entre Tavito e Renato Teixeira revive aqueles momentos em letra e canção: “O Último Bolero”. Essas e as demais canções do CD “Mineiro”, além dos clássicos de sua discografia, você poderá conferir no sábado, 24, às 21h30, no Ao Vivo Music – Rua Inhambú, 229 – Moema, São Paulo (SP). Ingressos: R$ 25.

Um comentário:

  1. Olha Minas de novo aí, gente... rsrs. E novamente em grande estilo. Pena que não estou em São Paulo pra conferir ao vivo o trabalho. Mas vou ouvindo por aqui. Quem sabe um dia ele aparece por essas bandas.

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