quarta-feira, 30 de julho de 2014

Safenas e canções

Foto: Aloizio Jordão
Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas


Por intermédio da talentosíssima cantora Fernanda Cunha – sobre quem escrevi matéria publicada no último 30 de abril – conheci o trabalho deste cardiologista de Juiz de Fora que tem nas veias, a música. Marcio Hallack – pianista, compositor e arranjador de talento nato – está lançando seu quinto CD, “Aquelas Canções”. Diferentemente dos demais, este tem letra e Hallack soltando a voz. Marcio estreou em 1988 com o LP “Talismã”, que contou com a direção musical de Nelson Angelo, além da participação especial de Telma Costa.
Considerado um dos grandes nomes da música instrumental, o artista coleciona elogios da crítica especializada. Quem está acostumado com os instrumentais dos CDs anteriores, que são verdadeiros bálsamos para os ouvidos, vai ganhar em “Aquelas Canções” o Marcio intérprete de sua obra, com participações pra lá de especiais. Para abrir as audições, nada melhor que um samba: “Álbum de Fotografia” (Marcio Hallack /Luiz Sergio Henriques), em que o artista divide os vocais com Fernanda Cunha, filha de Telma Costa, com quem gravou há 26 anos atrás, em seu primeiro LP. A segunda canção mostra que além de um grande melodista, Hallack também tem dom para a poesia, ao escrever “Pescador” (M.H.), interpretada de forma brilhante por Fernanda Cunha.
Marcio nos apresenta uma bossa na terceira canção do álbum, “Aonde Começa o Rio” (Marcio Hallack/Gerraux), e seu canto nos remete ao de Toninho Horta em Beijo Partido. Com introdução do sax tenor de Humberto Araújo, o convite agora é feito para mergulharmos no belo dueto com a cantora Carla Villar em “Velhos Segredos” (Marcio Hallack/Ricardo Barroso). A próxima canção poderia se chamar O Pianista e o Poeta, não tivesse o nome de “O Rei do Samba” (Marcio Hallack/Moacyr Luz). A ela, o poeta e sambista Moacyr Luz empresta sua voz.
Hallack tem o dom de ter ao seu lado sempre os bons. Desta vez ele tem o poeta Murilo Antunes como companhia, assinando a letra de “Encantado”. Na sequência, um dueto novamente com Carla Villar, agora para a poética “Viradouro” (Marcio Hallack/Murilo Antunes). “Não me olhe distante/Senão vou adiante/Não me olhe tanto/Senão eu canto”, diz parte dos versos da canção “Não me Olhe Assim” (Marcio Hallack/Murilo Antunes). Piano e voz soam num dueto perfeito e envolvente para “Almas Viscerais” (Marcio Hallack/Gerraux). Canta Carla Villar.  Acredito já ter havido comentários sobre a semelhança na interpretação e no timbre de Marcio, que lembra muito Edu Lobo na canção “Chão do Tempo” (Marcio Hallack/Kadu Mauad). Cello e piano são molduras para o conto “Era Uma Vez” (Marcio Hallack/Luiz Sergio Henriques). A penúltima canção traz um tripé fantástico: a música de Hallack, a poesia de Murilo Antunes e a suave voz de Carla Villar em “Lua Inquieta”. Como se não bastasse, ainda conta com o violão do Toninho Horta. Para finalizar, as duas áreas de atuação que o mantém em ação – a música e a medicina – são imortalizadas em “Um Piano, um Coração” (Marcio Hallack/Rodrigo Barbosa).
Marcio Hallack: o rio que deságua em melodia. 

2 comentários:

  1. Muito bom! Um belo trabalho poético/musical descrito com poética clareza!

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  2. Que maravilha! De fato , o trabalho de Marcio Hallack merece ser reverenciado. Ele é um dos que mantém a Música Brasileira no lugar que sempre deve estar, no topo , entre as melhores do planeta, "planetampb". Excelente matéria Dery Nascimento.

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