quarta-feira, 2 de julho de 2014

O tango por nossas cordas

Agradecimentos especiais a Patricia Chammas


          Prestes a completar dez anos de atividade, a jovem Orquestra do Estado do Mato Grosso foi formada em 2005, numa iniciativa do Governo do Estado de Mato Grosso, em parceria com o Ministério da Cultura e empresas privadas de diversos segmentos. O grupo, orgulho para nós brasileiros, valoriza a cultura mato-grossense em diálogo com a música universal, definindo uma sonoridade singular, de repertório e timbres únicos. Os números da orquestra, da sua formação até 2013, são surpreendentes: 527 concertos gratuitos ou a preços populares foram realizados e 200 mil pessoas, aproximadamente, assistiram aos concertos da OEMT de 2005 a 2013. Vinte e quatro municípios mato-grossenses foram visitados, além de 95 municípios em 23 estados brasileiros, mais o Distrito Federal. Uma turnê internacional levou a OEMT ao “Festival Misiones de Chiquitos”, na Bolívia. Foram apresentados 74 programas com repertórios distintos em três séries de concertos.
A orquestra já soma gravações de quatro DVDs e nove álbuns. O nono CD, “Tango”, é mais um produto do selo e gravadora Kuarup, que não mede esforços para mostrar a música de qualidade que se faz neste país, seja ela popular ou erudita. Com regência do jovem e talentosíssimo maestro Leandro Carvalho, a OEMT mergulhou desta vez no universo musical de Astor Pantaleón Piazzolla (1921-1992) e nos presenteou com nove temas do mestre, trazendo o tango argentino a terras brasileiras, com participações especiais do bandoneonista argentino Carlos Corrales – que além de solista, assina dois temas –, e do violinista Pablo Agri, do contrabaixista Juan Pablo Navarro e do experiente violoncelista Diego Sanchez.
Este CD não pode faltar a quem aprecia a música universal. Ele nos permite um mergulho nos modernos arranjos produzidos para o tango de Piazzolla. Na abertura desta viagem sonora me deparo com “Libertango” (A.P.). A harmonia das cordas com o bandoneón é contemplada no solo de guitarra de Sidney Duarte, mostrando que a orquestra é capaz de tornar mais belo o que, originalmente, já é. Não dá tempo de respirar: é um clássico atrás do outro. Agora é a vez de “Michelangelo 70” (A.P.), numa interpretação ímpar da jovem orquestra.
Melancólico e sublime é o solo do bandeneón de Corrales para “Tango del Ángel” (A.P.). Uma das composições mais famosas de Piazzolla é o belo tango “Adiós Nonino”, composto em 1959, dias depois da morte de seu pai. Novo destaque para Carlos Corrales, que sola uma melodia recheada de tristeza e saudade. Aplausos. E como é bom poder ouvir o mais belo dos tangos, “La Cumparsita” (Geraldo Rodrigues/ Enrique Maroni/ Pascoal Contursi)! Essa releitura ficou divina e me transportou ao Uruguai de 1917, na época de sua composição. A orquestra ainda executa de forma brilhante os temas “Oblivion”(Astor Piazzola/ David Joel) “Verdarito”, “Escualo”, “Bandoneón, Guitarra y Banjo” de Piazzolla. As duas faixas finais “Cemar” e “Ony” são composições do grande bandoneonista Carlos Corrales, que contribuiu de forma brilhante para este CD, assinando os arranjos.
Um brinde à orquestra!
                                

Um comentário:

  1. Bela sugestão, Dery. Despertou a curiosidade sobre essa orquestra. Gosto muito de tango. De Nelson Gonçalves, o que eu mais gostava eram os tangos (Carlos Gardel, Hoje quem paga sou eu...). E a apresentação de Piazzolla no programa "Chico & Caetano" foi uma coisa magistral. "Adiós Nonino" pode ser considerada uma das mais belas músicas de todos os tempos. De tempos em tempos pego pra ouvir.

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