quarta-feira, 25 de junho de 2014

Três Tons de Mautner

Foto Lais Merini
Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas


 As novas gerações estão sendo presenteadas com a reedição em CD dos três primeiros vinis da carreira do “filho do holocausto”, como é conhecido o emblemático multiartista Jorge Mautner. A Universal Music colocou no mercado desde fevereiro deste ano a caixa “Três Tons de Jorge Mautner”, que trás os títulos: “Para Iluminar a Cidade” (1972), “Jorge Mautner” (1974) e “Mil e Uma Noites de Bagdá” (1976). É uma oportunidade de sabermos o que se passava na cabeça fervorosa desse artista naquela década e poder conferir como foram as gravações, num comparativo com os dias de hoje. O primeiro registra o show realizado em abril de 1972 no Teatro Opinião, com nove faixas totalmente ao vivo. O álbum traz uma seleção do que Mautner – cujas composições começaram a surgir no final dos anos 1950 – fez musicalmente até então. O trabalho seguinte representa a consolidação da parceria do cantor e compositor com Nelson Jacobina, que funcionava como sua espinha dorsal. Com o falecimento do amigo em 2012, a música de Mautner com certeza está tomando outros rumos. Por fim, “Mil e Uma Noites de Bagdá” é um disco experimental produzido pela dupla, que vai de temáticas orientais a batuques de candomblé.
Chegou o momento de lançar esta obra oficialmente em palcos paulistanos. O teatro Paulo Autran do SESC Pinheiros recebe o show nos dias 27, 28 e 29 de junho – sexta e sábado, às 21 horas, e domingo, às 18 horas. O espetáculo conta com a participação especial de Caetano Veloso, parceiro e amigo do compositor com quem gravou o disco “Eu Não Peço Desculpa” (2002). Além de Jorge Mautner (voz e violino), a banda é formada por Bem Gil (voz e guitarra), Bruno Di Lullo (baixo e voz), Marcelo Cardoso (violão e voz) e Rafael Rocha (bateria e voz). O repertório, predominantemente autoral, traz “Vampiro”, “Super Mulher”, “Anjo Infernal”, “Quero Ser Locomotiva”, “Sapo Cururu”, “Samba dos Animais”, “O Relógio Quebrou” e parcerias com Caetano (“Tarado” e “Todo Errado”) e Nelson Jacobina (“Herói das Estrelas”, “Homem Bomba” e “Maracatu Atômico”), entre outras.
Quem é Jorge Mautner? É importante para os da nova geração, que ainda não descobriram o Brasil musicalmente, terem acesso ao que esse fazedor de arte produziu nos seus mais de cinquenta anos de vida artística. Somam-se 14 álbuns e uma vasta literatura que conta com os seguintes títulos: Deus da Chuva e da Morte (1962) / Kaos (1963) / O Vigarista Jorge (1965) / Narciso em Tarde Cinza (1965) / Fragmentos de Sabonete (1973) / Panfletos da Nova Era (1978) / Sexo do Crepúsculo (1982) / Poesias de Amor e de Morte (1982) / Fundamentos do Kaos (1985) / Miséria Dourada (1993) / Fragmentos de Sabonete e Outros Fragmentos (1995) / Mitologia do Kaos (2002) / Floresta Verde Esmeralda (2002). O artista foi eternizado no documentário “Jorge Mautner - O Filho do Holocausto”, de 2012. Com direção e roteiros de Heitor D’Alincourt e Pedro Bial, o filme reúne imagens raras que remontam à vida rica e cheia de reviravoltas de Mautner.
Vale mergulhar nesse universo cultural.

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