quarta-feira, 9 de abril de 2014

Divinas vozes

Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas


É gratificante poder escrever essas linhas sobre dois diamantes de nossa música, Angela Maria e Cauby Peixoto, que se reúnem no álbum “Reencontro”, marcando o lançamento do selo Nova Estação, do produtor Thiago Marques Luiz. As divinas vozes já tiveram encontros anteriores em dois CDs: Angela & Cauby (Emi-Odeon, 1982) e Angela & Cauby ao Vivo (BMG-Ariola,1992). A dupla comemora seis décadas de amizade e parceria e apresenta 12 faixas com arranjos assinados por Daniel Bondaczuk e Ronaldo Rayol, cantando Vinícius de Moraes, Maysa, Cartola, Roberto Carlos, Tito Madi, Benito di Paula, Evaldo Gouveia, Jair Amorim e Baden Powell.
 Este CD faz uma justa homenagem a eles, que são representantes legítimos da “Era de Ouro” do rádio brasileiro. Octogenários, ambos merecem nossos aplausos calorosos por atravessarem a história da música e da evolução da mídia sem se corromperem aos modismos. As novas gerações têm de saber quem são Angela e Cauby e outras pérolas escondidas na poeira de nossas memórias. “Não seria tarefa fácil unir esses dois mitos num disco depois de dois álbuns célebres tão bem produzidos por José Milton, mas, encorajado pelos próprios artistas, resolvi dar a partida e produzir este disco-documento” revela Thiago.
Quem é Angela Maria? Registrada Abelim Maria da Cunha, em Conceição de Macabu – na época, distrito de Macaé (RJ) – e filha de um pastor protestante, fugiu de casa para abraçar o sonho de ser cantora. Começou a carreira aos 20 anos como crooner. Teve sua estreia em disco em 1951e até hoje, graças a Deus, não parou. No ano seguinte à sua estreia em disco, gravou o samba “Não Tenho Você”, sucesso nacional que frequentou as paradas por mais de 15 anos consecutivos. Apelidada de Sapoti pelo presidente Getúlio Vargas, eternizou sucessos como "Vida de Bailarina", "Gente Humilde", "Nem Eu", "Fósforo Queimado", "Orgulho", "Lábios de Mel" e "Babalu". Com mais de 100 discos gravados, é um verdadeiro recorde no Brasil. Influenciou artistas como Elis Regina, Clara Nunes e Milton Nascimento.
Nascido em Niterói (RJ), Cauby Peixoto cresceu em uma família de músicos. Seu pai foi o violonista Cadete; seus irmãos, Moacyr, Araken e Andyara, atuaram como pianista, trompetista e cantora, respectivamente. Um de seus primos é ninguém menos que o sambista Cyro Monteiro. Conhecido no meio artístico como Professor, estudou em colégio de padres salesianos em Niterói, onde chegou a cantar no coro da igreja. Estreou no rádio em 1949 e, a partir daí, segue carreira vitoriosa. É considerado um dos mais populares cantores do Brasil e um dos mais bem-sucedidos remanescestes da dourada Era do Rádio.
Uma sequência de clássicos alinhavados por suas épicas vozes foi selecionada a dedo para o CD: "Abandono", "Nono Mandamento", "Orgulho", "Molambo", "Alguém como Eu", "Apelo", "Como é Grande o Meu Amor por Você", "Somos Iguais, "Dez Anos", "Se Não For Amor", "Eu Vou Ter Sempre Você", "Tres Palabras", "Quizás, Quizás, Quizás", "Chove lá Fora", "Franqueza", "O Mundo é um Moinho", "Bronzes e Cristais" – todas gravações inéditas para ambos.

A música brasileira agradece aos dois ícones pelas seis décadas de entrega ao canto emocionado.                                           
                                            

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