A juventude musical de Bruna Moraes

Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas

“Atentos aos sinais” é a filosofia da gravadora Kuarup, que abre as portas para o novo, dando liberdade plena à criação artística dos seus contratados. Bruna Moraes é uma de suas apostas. A jovem cantora e compositora paulistana de apenas 18 anos esbanja juventude com temperos de maturidade. O CD de estreia, “Olho de Dentro”, conta com 11 canções, sendo duas regravações e uma inédita do saudoso Taiguara. A produção e a direção musical ficam por conta do competentíssimo Pedro Baldanza.

Ouvir a Bruna é mergulhar em um lago cristalino de poesia e música. É ter certeza de que ainda há um fio de esperança nos jovens deste País. Canções que fazem parte do CD foram compostas entre 14 e 17 anos, mostrando-nos uma “musiqualidade” que impressiona.

Na audição da primeira música do álbum achei que se tratava de uma cantora nordestina, mas estava totalmente enganado. “Zóio de Folia” (B.M) é um forró pé-de-serra com todos os ingredientes que o estilo pede. Bruna me contou através de uma rede social que compôs a música inspirada no presente espiritual que ganhou do cangaceiro “Vorta Seca”, que era compositor do bando de Lampião. Dedicada às suas crenças nas religiões afro-brasileiras, a canção “Iansã” (B.M) tem clara sua influência no jazz, mostrando a maturidade da artista. Bruna sabe falar, cantar e declamar o amor como alguém quem já tenha vivido esse sentimento com fervor. A canção “Muito Mais” (B.M) nos mostra tudo isso. Em dueto com o cantor e amor Lenine Guarani, a cantora nos brinda com o clássico “Sem Fantasia” (Chico Buarque).

A quinta música do CD - “Na Vazante” (Bruna Moraes/Ítalo Lencker) - é dedicada a um amigo que se foi. Esta canção me pegou em cheio e me fez chorar pela poesia e a suavidade de sua levada. Em “Verde” (B.M), a cantora foi buscar o título deste trabalho. Destaque para o baixo de Pedro Baldanza e o Piano de Fábio Leandro. Na bela “Alguém Dirá” (Pedro Altério/Pedro Viáfora) a intérprete imprime emoção ao ser acompanhada pelo piano de Fábio Leandro. Aumente o som que a Bruna vai soltar a voz na dançante “Carne e Fogo” (B.M.). Mais uma vez a banda manda bem e o baixo do Pedrão dá boas-vindas. A cantora prova que conhece o repertório de mestres como Geraldo Pereira e grava a clássica “Bolinha de Papel”, dele mesmo.

Um samba composto aos 14 anos em parceria com Ítalo Lencker e que lhe acompanha há tempos por festivais, ganha da própria cantora um registro definitivo: “Chorei Num Samba”. A última música desde CD maravilhoso é, na verdade, um prêmio para ela, que canta o Brasil de forma magistral: “Levante do Borel” (Taiguara) - música inédita do cantor e compositor falecido em 14 de fevereiro de 1996. Bruna tinha apenas um ano ou menos quando o cantor partiu. A cantora teve sugestão da Kuarup para gravar a música que, de certa forma, homenageia o sogro, que emana luz para o casal de artistas.

Viva a música de qualidade, viva a Kuarup por esse olhar!

Bruna se apresenta no dia 22/01, às 21 horas, no Tom Jazz.
Av. Angélica, 2.331 - Consolação, SP.