sábado, 29 de dezembro de 2012

UM POTE TRANSBORDANDO POESIA

 
Folha Metropolitana - Guarulhos- SP
 
 
Agradecimentos Especiais a Tatiana Igreja por revisar o texto.
 
 

Tinha de ser assim, fechar a edição de fim de ano com um bom tema. E nada melhor do que escrever sobre poeta, poesia e música, esse triple divino.

O ano de 2012 foi produtivo e ao mesmo tempo comemorativo, no quesito música, pois grandes revelações e grandes mestres passaram por esta coluna, além dos discos quarentões e os aniversários de Milton Nascimento, Caetano e Gil.

O artista desta semana é de uma terra que esta situada no vale do Rio Jequitinhonha, onde brotam poetas, músicos e artistas em geral, Pedra Azul/MG.

Murilo Antunes nos presenteia com um DVD “Como se a vida fosse música”, o qual, carinhosamente, digo ser ‘Um Pote Transbordando Poesia’.

Mergulhando neste pote, me deparei com a imagem do regresso de Antunes à Pedra Azul, ao som de Era Menino (Tavinho Moura/Beto Guedes/Murilo Antunes), música cantada, arranjada e literalmente executada por Beto Guedes e originalmente gravada em 1978, no álbum “Amor de Índio”. No percurso, Murilo descreve em versos poéticos sua infância e seu parentesco com a lenda do Bicho da Carneira. A folclórica Rosário de Mariá (Tavinho Moura/Murilo Antunes) é o tema que nos conduz pelas ruas e histórias de Pedra Azul, proporcionando-nos uma viagem ao embrião deste ser que respira poesia.

Murilo diz, “A gente não escreve ou faz poesia quando a gente quer, eu acho que é quando ela quer”, ao lembrar-se da composição de Tesouro da Juventude (Tavinho Moura/Murilo Antunes), música gravada por Beto Guedes no álbum “Contos da Lua Vaga”, de 1981, executada aqui por Tavinho Moura e Flávio Venturini.

Quando criança ouvia muito rádio e na programação Luiz Gonzaga sempre estava presente, até que um dia seu Luiz foi tocar em Pedra Azul e o menino Antunes não perdeu a oportunidade de ver e ouvir, mesmo que quatro músicas. Este momento ele guarda na memória, a visita de Asa Branca foi um momento único na infância do artista, que nos fala dessa recordação com emoção e brilho nos olhos.

A seresta lhe acompanha desde criança, quando ouvia sua mãe Dona Ester cantar. Neste DVD, ele faz uma homenagem a ela na bela Era Uma Vez Por Toda Vida (Flávio Henrique/ Murilo Antunes), na companhia do conterrâneo, amigo, poeta e cantor Paulinho Pedra Azul.

Com tantos depoimentos neste trabalho, o que mais me chama atenção são a qualidade, o carinho e a importância que este cidadão e poeta dá à palavra AMIGO.

A primeira canção que Murilo fez letra e que saiu das montanhas de Minas foi Viva Zapatria (Sirlan/Murilo Antunes), em 1970, apresentada no Festival Internacional da Canção, em 1972, no Maracanãzinho – RJ, onde Flávio Venturini cantou pela primeira vez para uma multidão de 20 mil pessoas, ainda jovem e sem experiência alguma. Destaco que essa música foi composta em plena ditadura. No DVD, Sirlan, Holly Holmes e Pablo Castro cantam nos proporcionando um show de imagens em preto e branco.

Com Flávio Venturini, que diz que “Murilo é Poesia Pura”, fez a bela canção ao piano, que os fãs do ‘14 bis’ adorarão ouvir, Ciranda (Flávio Venturini/Murilo Antunes) do álbum “Espelho das Águas”, de 1981 e também Pierrot (Flávio Venturini/ Murilo Antunes), gravada no Vinil/CD “Cidade Veloz”, de 1990, onde Venturini canta e emociona.

Solidão (Flávio Venturini/Murilo Antunes) e Emmanuel (Michel Colombier/ Murilo Antunes) fecham essa sequência em grande estilo. Besame (Flávio Venturini/ Murilo Antunes) ganha interpretação ímpar de João Bosco. Tavinho Moura nos apresenta a canção Saudade Eu Canto Assim (Tavinho Moura/Murilo Antunes), saindo do molde de suas composições, uma grata surpresa.

Mais um momento especial, entre tantos deste DVD/Documentário, é a performance poética de Era Um Ramo De Mato Seco, primeiro poema publicado, que abrilhanta mais a interpretação de Vero (Natan Marques/ Murilo Antunes), cantada pela jovem  Mariana Nunes e Vitor Santana, acompanhados dos violões de João Antunes e Flávio Henrique.

Nem Nada (Beto Lopes/ Murilo Antunes) é um belo samba cantado por Vander Lee. Ainda em tempos de ditadura, Tavinho Moura e Murilo Antunes compuseram O Trem Tá Feio, que tem várias regravações, mas destaco uma que gosto muito que é a do grupo pernambucano Banda de Pau e Corda, do Vinil/CD “Arruar”, de 1978. No DVD,além de um belo arranjo, a música conta com a voz ímpar de Monica Salmaso, acompanhada de Tavinho Moura ao violão e à viola e de Neném na percussão.

Quadros Modernos (Toninho Horta/Murilo Antunes/Flávio Henrique), gravada pelo grupo Amaranto no CD “Aos olhos de Guinard”, de 2000, tem a participação especialíssima de Toninho Horta e o vocal do grupo Cobra Coral. Quando você pensa que determinadas músicas não podem ter novas interpretações por serem únicas, você se surpreende com Fido Amor (Tavinho Moura/ Murilo Antunes), imortalizada na voz de Beto Guedes no Vinil/CD “Amor de índio”, de 1978. No documentário, a portuguesa Susana Travassos canta com a alma transbordando emoção, acompanhada do Acordeon  de Célio Balona e do Bandolim de Marcos Frederico, além dos violão de João Antunes e baixolão de Flávio Henrique.

O poeta, com seus versos em Solo Em Noite de Lua, invade as entranhas da cidade que lhe acolheu, Belo Horizonte. Lô Borges e Milton cantam a gostosa Viver Viver (Lô Borges/ Murilo Antunes/Márcio Borges).

Para finalizar este DVD/Documentário de uma vida poética, nada melhor que ouvir um clássico da discografia brasileira e mundial, Nascente (Flávio Venturini/ Murilo Antunes), que tem gravações de Milton Nascimento, Beto Guedes e um punhado de regravações pelo mundo. Aqui ouviremos Paula Santoro pôr emoção em cada verso, acompanhada por Flávio ao piano e pelo violonista Celso Moreira.

Tenho certeza que quando você vir esse DVD, vai querer voltar ao início para beber da água poética que esse pote tem para oferecer...

Este é o Poeta Murilo Antunes.

Para comprar o DVD, acesse www.sonhosesons.com.br

Feliz Ano Novo a todos!

 

 

  

 

2 comentários:

  1. O Murilo Antunes é um dos grandes poetas da mpb contemporânea e este dvd deve ser um passeio macio e delicado pela poesia.
    A cara de Minas!
    Tá muito bom, Dera!

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  2. Um comentário inteligente valoriza o esforço de um grupo de pessoas que trabalhou duro para nos oferecer sua arte.
    Parabéns, Dery Nascimento, por oferecer-nos suas considerações sérias e claras sobre o que de melhor ocorre na MPB.
    Continue a guiar-nos, afinal, 2013 está aí, inteirnho, a sua disposição!
    Grande abraço e Feliz 2013

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