Folha Metropolitana - Guarulhos- SP
Agradecimentos Especiais a Tatiana Igreja por revisar o texto.
Tinha
de ser assim, fechar a edição de fim de ano com um bom tema. E nada melhor do
que escrever sobre poeta, poesia e música, esse triple divino.
O
ano de 2012 foi produtivo e ao mesmo tempo comemorativo, no quesito música, pois
grandes revelações e grandes mestres passaram por esta coluna, além dos discos
quarentões e os aniversários de Milton Nascimento, Caetano e Gil.
O
artista desta semana é de uma terra que esta situada no vale do Rio
Jequitinhonha, onde brotam poetas, músicos e artistas em geral, Pedra Azul/MG.
Murilo
Antunes nos presenteia com um DVD “Como se a vida fosse música”, o qual,
carinhosamente, digo ser ‘Um Pote Transbordando Poesia’.
Mergulhando
neste pote, me deparei com a imagem do regresso de Antunes à Pedra Azul, ao som
de Era Menino (Tavinho Moura/Beto Guedes/Murilo
Antunes), música cantada, arranjada e literalmente executada por Beto Guedes e originalmente
gravada em 1978, no álbum “Amor de Índio”. No percurso, Murilo descreve em
versos poéticos sua infância e seu parentesco com a lenda do Bicho da Carneira.
A folclórica Rosário de Mariá (Tavinho
Moura/Murilo Antunes) é o tema que nos conduz pelas ruas e histórias de Pedra
Azul, proporcionando-nos uma viagem ao embrião deste ser que respira poesia.
Murilo
diz, “A gente não escreve ou faz poesia quando a gente quer, eu acho que é
quando ela quer”, ao lembrar-se da composição de Tesouro da Juventude (Tavinho Moura/Murilo Antunes), música gravada
por Beto Guedes no álbum “Contos da Lua Vaga”, de 1981, executada aqui por Tavinho
Moura e Flávio Venturini.
Quando criança ouvia
muito rádio e na programação Luiz Gonzaga sempre estava presente, até que um
dia seu Luiz foi tocar em Pedra Azul e o menino Antunes não perdeu a
oportunidade de ver e ouvir, mesmo que quatro músicas. Este momento ele guarda
na memória, a visita de Asa Branca
foi um momento único na infância do artista, que nos fala dessa recordação com
emoção e brilho nos olhos.
A
seresta lhe acompanha desde criança, quando ouvia sua mãe Dona Ester cantar. Neste
DVD, ele faz uma homenagem a ela na bela Era
Uma Vez Por Toda Vida (Flávio Henrique/ Murilo Antunes), na companhia do
conterrâneo, amigo, poeta e cantor Paulinho Pedra Azul.
Com
tantos depoimentos neste trabalho, o que mais me chama atenção são a qualidade,
o carinho e a importância que este cidadão e poeta dá à palavra AMIGO.
A primeira canção que
Murilo fez letra e que saiu das montanhas de Minas foi Viva Zapatria (Sirlan/Murilo Antunes), em 1970, apresentada no
Festival Internacional da Canção, em 1972, no Maracanãzinho – RJ, onde Flávio
Venturini cantou pela primeira vez para uma multidão de 20 mil pessoas, ainda
jovem e sem experiência alguma. Destaco que essa música foi composta em plena
ditadura. No DVD, Sirlan, Holly Holmes e Pablo Castro cantam nos proporcionando
um show de imagens em preto e branco.
Com
Flávio Venturini, que diz que “Murilo é Poesia Pura”, fez a bela canção ao
piano, que os fãs do ‘14 bis’ adorarão ouvir, Ciranda (Flávio Venturini/Murilo Antunes) do álbum “Espelho das
Águas”, de 1981 e também Pierrot
(Flávio Venturini/ Murilo Antunes), gravada no Vinil/CD “Cidade Veloz”, de
1990, onde Venturini canta e emociona.
Solidão (Flávio
Venturini/Murilo Antunes) e Emmanuel
(Michel Colombier/ Murilo Antunes) fecham essa sequência em grande estilo. Besame (Flávio Venturini/ Murilo
Antunes) ganha interpretação ímpar de João Bosco. Tavinho Moura nos apresenta a
canção Saudade Eu Canto Assim (Tavinho
Moura/Murilo Antunes), saindo do molde de suas composições, uma grata surpresa.
Mais
um momento especial, entre tantos deste DVD/Documentário, é a performance poética de Era Um Ramo De Mato Seco, primeiro poema
publicado, que abrilhanta mais a interpretação de Vero (Natan Marques/ Murilo Antunes), cantada pela jovem Mariana Nunes e Vitor Santana, acompanhados
dos violões de João Antunes e Flávio Henrique.
Nem Nada (Beto
Lopes/ Murilo Antunes) é um belo samba cantado por Vander Lee. Ainda em tempos
de ditadura, Tavinho Moura e Murilo Antunes compuseram O Trem Tá Feio, que tem várias regravações, mas destaco uma que
gosto muito que é a do grupo pernambucano Banda de Pau e Corda, do Vinil/CD “Arruar”,
de 1978. No DVD,além de um belo arranjo, a música conta com a voz ímpar de
Monica Salmaso, acompanhada de Tavinho Moura ao violão e à viola e de Neném na percussão.
Quadros Modernos
(Toninho Horta/Murilo Antunes/Flávio Henrique), gravada pelo grupo Amaranto no
CD “Aos olhos de Guinard”, de 2000, tem a participação especialíssima de
Toninho Horta e o vocal do grupo Cobra Coral. Quando você pensa que determinadas
músicas não podem ter novas interpretações por serem únicas, você se surpreende
com Fido Amor (Tavinho Moura/ Murilo
Antunes), imortalizada na voz de Beto Guedes no Vinil/CD “Amor de índio”, de
1978. No documentário, a portuguesa Susana Travassos canta com a alma
transbordando emoção, acompanhada do Acordeon
de Célio Balona e do Bandolim de Marcos Frederico, além dos violão de
João Antunes e baixolão de Flávio Henrique.
O
poeta, com seus versos em Solo Em Noite
de Lua, invade as entranhas da cidade que lhe acolheu, Belo Horizonte. Lô
Borges e Milton cantam a gostosa Viver
Viver (Lô Borges/ Murilo Antunes/Márcio Borges).
Para
finalizar este DVD/Documentário de uma vida poética, nada melhor que ouvir um
clássico da discografia brasileira e mundial, Nascente (Flávio Venturini/ Murilo Antunes), que tem gravações de
Milton Nascimento, Beto Guedes e um punhado de regravações pelo mundo. Aqui
ouviremos Paula Santoro pôr emoção em cada verso, acompanhada por Flávio ao piano
e pelo violonista Celso Moreira.
Tenho
certeza que quando você vir esse DVD, vai querer voltar ao início para beber da
água poética que esse pote tem para oferecer...
Este
é o Poeta Murilo Antunes.
Para
comprar o DVD, acesse www.sonhosesons.com.br
Feliz
Ano Novo a todos!
O Murilo Antunes é um dos grandes poetas da mpb contemporânea e este dvd deve ser um passeio macio e delicado pela poesia.
ResponderExcluirA cara de Minas!
Tá muito bom, Dera!
Um comentário inteligente valoriza o esforço de um grupo de pessoas que trabalhou duro para nos oferecer sua arte.
ResponderExcluirParabéns, Dery Nascimento, por oferecer-nos suas considerações sérias e claras sobre o que de melhor ocorre na MPB.
Continue a guiar-nos, afinal, 2013 está aí, inteirnho, a sua disposição!
Grande abraço e Feliz 2013