quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Imirim, o segundo

Edição e revisão: Marsel Botelho







                                                                             Segundo CD mostra que o artista está preparado




Em nove de março de 2016, escrevi sobre o CD Tuvalu – Uma História Oral do Nosso Tempo, álbum de estreia do cantor e compositor Lê Coelho, que venceu o fantasma do primeiro disco e nos apresenta agora o segundo Imirim. Lê homenageia o bairro em que nasceu e cresceu, localizado na zona norte paulista. O CD tem nove faixas e produção assinada por Ivan Gomes, Montorfano e pelo próprio Lê Coelho. Os músicos que dividiram com ele as emoções das gravações foram Chicão (teclado rhodes, hammond e programação eletrônica), Ivan Gomes (baixo elétrico, baixo synth, programação eletrônica, agogô e meia lua), Pedro Prado (bateria), Pedro Gongom (bateria e ganzá ovinho), Guto Gonzalez (programação eletrônica), Lineker e Thiago Melo (voz), Claudia Noemi (backing vocal), Lucas Sartório (trompete).

Lê traz para esse álbum sua vivência musical das ruas, desenvolvida nas quebradas do Imirim, bem como dos estudos que realizou no Conservatório do próprio bairro, assim como na Unicamp. As contradições entre o central e o periférico estão presentes na história do compositor. Os vinis de MPB de seu pai representam seus primeiros contatos musicais, depois passou a estudar o repertório do violão brasileiro na Universidade. Da rua, vieram o samba, o pagode e o rap, que já eram populares no Imirim desde os anos 80. O rock e a música pop vieram mais na adolescência. Ouviu muito Raul, Beatles, Led, Legião; depois, muito Itamar, Melodia, Sampaio, comenta Lê Coelho algumas de suas referências musicais. "(...) Existe uma linha estética principal que permeia todo o disco. As levadas e linhas de acompanhamento são influenciadas pelo hip hop e Rn’B, sempre com poucas notas e deixando espaço para a voz e outros instrumentos solistas, explica um dos produtores musicais, Ivan Gomes (Boi).
O álbum abre com a Canção de Todo Dia (LC), um autorretrato do cotidiano periférico, do trabalhador que passa no boteco antes do retorno ao lar. Em João Menino, a narrativa é muito verdadeira, um panorama do que acontece com pretos e pobres deste país. Lê revela o real e o surreal numa sonoridade forte e envolvente. Primeira canção do CD em parceria com Thiago Melo, que divide os vocais, é a metafórica O Saci. O disco está repleto de sugestivas metáforas: “A barata come o homem/O homem mata a barata”, em A Barata (LC). Cinema é uma rica parceria com o poeta, músico, cantor e escritor Zeca Baleiro. Numa das canções mais bela do CD, Duas Palavras (LC), Lê usa a poesia para declarar seu sentimento mais profundo, o amor. Em Palavra Rouca (LC), o artista tem a participação especial do cantor Lineker, que divide os vocais, vale ouvir. Nas Quebradas da Vida (LC) é um raio X social musicado. Para finalizar, uma canção que traz uma calmaria no dedilhado do violão, Qualquer Canção (LC). Segundo álbum aprovado, que venha o terceiro.

Lançamento do álbum IMIRIM, Lê Coelho. Participações especiais de Thiago Melo e Rômulo Fróes, dia 15 de setembro, sexta-feira, às 21h. SESC Pompeia – Rua Clélia, 93, São Paulo.

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