quarta-feira, 23 de agosto de 2017

De Pedra Azul até Nós


                                                                          Edição e revisão: Marsel Botelho
                                                                                                            


                                                                                          
                                                                                   O poeta das noites enluaradas 




Situada na região do Vale do Jequitinhonha, nordeste do Estado de Minas Gerais, a cidade de Pedra Azul é realmente um polo cultural fortíssimo e exportador de talentos, como esse no qual mergulharemos hoje: Paulinho Pedra Azul, poeta, cantor, compositor, escritor, artista plástico e um ser humano acima da média. Comemorando 35 anos de carreira, literalmente independente, e 60 anos de vida, o menino que deixou Pedra Azul (MG) para viver de arte contabiliza: vinte e cinco CDs, sendo três lançados por grandes gravadoras e vinte e dois pelo seu próprio selo, Clave de Lua, totalizando mais de 500 mil cópias vendidas. Paulinho nunca participou de nenhum edital para fazer seus CDs: ele o faz com o suor do seu trabalho, que é cantar sua verdade. Como poeta e escritor, foram dezessete livros de poesias e um diário (Delírio Habanero, escrito em Havana Cuba). Tendo, também, em seu currículo, inúmeras telas que expressam sua singular emoção.

Paulinho é um artista de múltiplas facetas; um artesão; um boêmio das noites enluaradas; uma voz que canta Godofredo Guedes; um embaixador do Vale do Jequitinhonha. Seu álbum de estreia pela gravadora RCA já é o bastante para revelar o magnífico poeta e compositor de “Jardim da Fantasia”, mais conhecida como bem-te-vi, e, hoje, consagrá-lo: essa canção é um hino ao amor, cuja beleza bucólica de seus versos nos traz elementos pastoris, campestres, um contraponto estético entre o campo e a cidade grande: “Bem-te-vi, bem-te-vi/Andar por um jardim em flor/Chamando os bichos de amor/Tua boca pingava mel.” Nesse LP/CD, Paulinho ainda gravou músicas que se tornaram clássicas e que não podem faltar em seu repertório de apresentações: a exemplo de “Ave Cantadeira” (PPA), ”Pobre Bichinho” (Fagner), “Valsa do Desencanto” (PPA). “Voarás” (Paulinho Pedra Azul, cuja gravação original teve a participação especial da cantora Diana Pequeno), “Nascente” (Flavio Venturini/Murilo Antunes), “Cortinas de Ferro” (PPA), “Jequitinhonha” (Lery/Paulinho Assunção), “Cantar” (Godofredo Guedes), “Vagando” (PPA), “Ave Cantadeira” (PPA).

Para comemorar os seus 60 anos de vida (bem vividos), o artista havia pensado, anteriormente, em lançar três CDs, com 20 canções cada um, músicas que consolidaram sua fantástica carreira artística e que integram, até os dias atuais, outros 60 CDs de amigos. Com a mudança do projeto do triplo CD, Paulinho colocou 60 nomes de artistas com os quais trabalhou em um saco de papel e foi tirando, um a um, até completar 20 nomes, resultando o CD dos 35 anos: “Quando canto em São Paulo é como se eu estivesse saindo da barriga da minha mãe e cantando os primeiros acordes vocais. É a sensação mais gostosa que um cantor pode sentir. É minha segunda casa. Minha segunda paixão. Onde me tornei profissional da música e sobrevivi com dignidade. São Paulo é a linha umbilical das minhas composições. Sou grato demais por isso!” Diz o poeta, que estará de volta à terra da garoa, nesta quarta-feira, dentro do projeto “Talento MPB”. Bar Brahma – Avenida São João, 677, Centro, São Paulo.

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