Edição e revisão: Marsel Botelho
Foto:Fabiana Melo
Quatro amigos e a obra do mestre Dominguinhos ecoa em "Cantoria Agreste"
Quando,
em 23 de julho de 2013, o compositor, cantor e sanfoneiro José Domingos de
Morais, o nosso Dominguinhos, deixou de estar em vida entre nós, sua obra,
extensa e grandiosa, ficou como seu maior legado. Dominguinhos foi um
predestinado no meio de tantos garotos nordestinos de sua época. Sanfoneiro
completo, tanto podia executar canções populares, quanto dar um concerto para
orquestra. Gonzaga o conheceu na porta de um hotel (o Tavares Correia), tinha
oito anos e, a partir dali, a história do menino mudaria para sempre.
Seu
último “show” foi em Exu (PE), terra do Rei do Baião, no dia 13 de dezembro de
2012, dia esse em que se celebra o aniversário do seu padrinho e mentor
musical, Luiz Gonzaga, além do de Santa Luzia. Muitas homenagens aconteceram
depois de sua partida e outras tantas ainda estão por vir. No próximo domingo,
22 de janeiro, estreia em São Paulo, terra onde o músico viveu seus últimos
momentos, uma das homenagens mais significativas: “Cantoria Agreste”, que faz
um mergulho na obra do artista conhecida como lado “B”, que representa, por
assim dizer, sua produção menos divulgada, mas de uma riqueza infinita.
Quem
são os caboclos que vão colocar um punhado de canções dentro do matulão e cair
na estrada para homenagear esse agrestino, natural de Garanhuns? A sanfona de
Seu Domingos será muito bem representada por um verdadeiro puxador de fole e
cantor, Gennaro, ele que teve a incumbência de substituir o saudoso Lindú do
Trio Nordestino durante a década de 80, terá a companhia do guitarrista, violonista
e cantor, João Neto, ex-integrante da banda de Dominguinhos. Os outros dois
amigos têm um elo importante, suas bandas representam legitimamente a música e a
cultura pernambucana: Sérgio Andrade, fundador da Banda de Pau e Corda e
Marcelo Melo, Fundador do Quinteto Violado, completam esse quarteto, que, cada
um a seu modo, recebeu a influência da música do mestre Dominguinhos.
Como
uma travessia, o repertório apresentado no projeto “Cantoria Agreste” vai da
dureza do Sertão Nordestino à leveza das praias pernambucanas. Fincando morada
numa região de transição, trazendo uma sonoridade ao mesmo tempo forte e doce,
incisiva e sutil. O Agreste apresentado não é apenas uma região, é uma matéria
estética. São 20 canções que vão fazer você sonhar, sorrir e chorar, uma sonoridade
capaz de colorir de forma inapagável a alma do ouvinte mais exigente.
“Fé
no lavrador” (Dominguinhos/Janduhy Finizola), “Sanfona sentida”
(Dominguinhos/Anastácia). “Quem me levará sou eu” (Dominguinhos/Manduka), “Seja
como flor” (Dominguinhos/Gonzaguinha). “Quando chega o verão”
(Dominguinhos/Abel Silva), “Retratos da vida” (Dominguinhos/Djavan), “Te cuida
rapaz” (Dominguinhos/Yamandu Costa) – instrumental, “Neném mulher” (Pinto do
Acordeon), “Onde está você?” (Zezum), “Arrebol” (Dominguinhos/Djavan), “Trens
mandrugueiros” (Dominguinhos/Abel Silva), “Flor d’Água” (Waltinho/Roberto
Andrade), “Eu só quero um xodó” (Dominguinhos/Anastácia), “Lamento sertanejo”
(Dominguinhos/Gilberto Gil), “O plantador” (Geraldo Vandré), “Ouricuri” (João
do Vale), “Erva-doce” (João Netto/Maciel Melo), “Mata branca” (Marcelo Melo),
“Vaquejada” (Macelo Melo/Toinho Alves/Luciano Pimentel), “Asa-branca” (Luiz
Gonzaga/Humberto Teixeira).
“Cantoria
Agreste” – dia 22, às 18 horas. Sesc Belenzinho – Rua Padre Adelino, 1000 - São
Paulo (SP).
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