quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Cantoria Agreste


Edição e revisão: Marsel Botelho
Foto:Fabiana Melo




                                                     Quatro amigos e a obra do mestre Dominguinhos ecoa em "Cantoria Agreste"



Quando, em 23 de julho de 2013, o compositor, cantor e sanfoneiro José Domingos de Morais, o nosso Dominguinhos, deixou de estar em vida entre nós, sua obra, extensa e grandiosa, ficou como seu maior legado. Dominguinhos foi um predestinado no meio de tantos garotos nordestinos de sua época. Sanfoneiro completo, tanto podia executar canções populares, quanto dar um concerto para orquestra. Gonzaga o conheceu na porta de um hotel (o Tavares Correia), tinha oito anos e, a partir dali, a história do menino mudaria para sempre.

Seu último “show” foi em Exu (PE), terra do Rei do Baião, no dia 13 de dezembro de 2012, dia esse em que se celebra o aniversário do seu padrinho e mentor musical, Luiz Gonzaga, além do de Santa Luzia. Muitas homenagens aconteceram depois de sua partida e outras tantas ainda estão por vir. No próximo domingo, 22 de janeiro, estreia em São Paulo, terra onde o músico viveu seus últimos momentos, uma das homenagens mais significativas: “Cantoria Agreste”, que faz um mergulho na obra do artista conhecida como lado “B”, que representa, por assim dizer, sua produção menos divulgada, mas de uma riqueza infinita.

Quem são os caboclos que vão colocar um punhado de canções dentro do matulão e cair na estrada para homenagear esse agrestino, natural de Garanhuns? A sanfona de Seu Domingos será muito bem representada por um verdadeiro puxador de fole e cantor, Gennaro, ele que teve a incumbência de substituir o saudoso Lindú do Trio Nordestino durante a década de 80, terá a companhia do guitarrista, violonista e cantor, João Neto, ex-integrante da banda de Dominguinhos. Os outros dois amigos têm um elo importante, suas bandas representam legitimamente a música e a cultura pernambucana: Sérgio Andrade, fundador da Banda de Pau e Corda e Marcelo Melo, Fundador do Quinteto Violado, completam esse quarteto, que, cada um a seu modo, recebeu a influência da música do mestre Dominguinhos.

Como uma travessia, o repertório apresentado no projeto “Cantoria Agreste” vai da dureza do Sertão Nordestino à leveza das praias pernambucanas. Fincando morada numa região de transição, trazendo uma sonoridade ao mesmo tempo forte e doce, incisiva e sutil. O Agreste apresentado não é apenas uma região, é uma matéria estética. São 20 canções que vão fazer você sonhar, sorrir e chorar, uma sonoridade capaz de colorir de forma inapagável a alma do ouvinte mais exigente.

“Fé no lavrador” (Dominguinhos/Janduhy Finizola), “Sanfona sentida” (Dominguinhos/Anastácia). “Quem me levará sou eu” (Dominguinhos/Manduka), “Seja como flor” (Dominguinhos/Gonzaguinha). “Quando chega o verão” (Dominguinhos/Abel Silva), “Retratos da vida” (Dominguinhos/Djavan), “Te cuida rapaz” (Dominguinhos/Yamandu Costa) – instrumental, “Neném mulher” (Pinto do Acordeon), “Onde está você?” (Zezum), “Arrebol” (Dominguinhos/Djavan), “Trens mandrugueiros” (Dominguinhos/Abel Silva), “Flor d’Água” (Waltinho/Roberto Andrade), “Eu só quero um xodó” (Dominguinhos/Anastácia), “Lamento sertanejo” (Dominguinhos/Gilberto Gil), “O plantador” (Geraldo Vandré), “Ouricuri” (João do Vale), “Erva-doce” (João Netto/Maciel Melo), “Mata branca” (Marcelo Melo), “Vaquejada” (Macelo Melo/Toinho Alves/Luciano Pimentel), “Asa-branca” (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira).
“Cantoria Agreste” – dia 22, às 18 horas. Sesc Belenzinho – Rua Padre Adelino, 1000 - São Paulo (SP).



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