Edição e revisão: Patricia Chammas
A máquina de som
Junho é o mês das festas juninas em todo o País,
principalmente no Nordeste, onde as tradições permanecem intactas com muito forró,
xote, baião e comidas típicas. A cidade de Caruaru, em Pernambuco, e a de
Campina Grande, na Paraíba, duelam, no bom sentido, para brindar seus munícipes
e turistas com o melhor São João do mundo. Pensando em oferecer uma música de
qualidade para acompanhar esses festejos, o compositor, arranjador, cantor,
guitarrista e produtor baiano radicado em Recife (PE), Luciano Magno, nos
contempla com seu oitavo álbum da carreira, sendo este o quarto solo: “A Máquina”.
Produzido pelo próprio artista em parceria com Moisés Santana,
o CD conta com 12 faixas, sendo uma bônus. Gravado nos Estúdios Somax (Recife),
este álbum é uma sequência do disco Forrobodó, de 2010, também lançado pela
gravadora Polydisc. Comemorando 25 anos de carreia, Luciano coleciona
importantes prêmios, amigos ilustres e turnês internacionais. Tem seu nome
envolvido em trabalhos de artistas como: Naná Vasconcelos, Alceu Valença, Nando
Cordel, Dominguinhos, André Rio, Elba Ramalho, entre outros. Aqui, o timaço de
músicos, que acompanham Luciano Magno com suas guitarras e violões: Thiago
Piupiu (bateria), Mongol Vieira e Nando Barreto (contrabaixo), Lu Miliano (acordeon),
Fabio Valois (teclados), Lara Klaus (percussão), Kelly Oliveira e Sonia Aguiar
(vocais).
A música que dá título a esse disco, “A Máquina” (Luciano
Magno/João Araújo), é um xote com o olhar moderno de Magno, mas sem perder a
essência. Em parceria com Marsel Botelho, o músico apresenta “O Poeta e as
Estrelas”, com uma letra singela que retrata bem a vida do poeta: “O tempo para
o poeta para/Paralelamente vai se esconder”... “A vida passa depressa, mas não
tenha pressa, do mundo nada se leva, não”, diz a letra da canção “No Espelho”
(Luciano Magno/Marsel Botelho). Luciano acertou nas composições deste álbum. Os
amantes dos estilos apresentados terão a oportunidade de ouvir composições que
serão verdadeiros hits, nas festas juninas e durante todo o ano, pois a música
desse baiano que escolheu Pernambuco para se aninhar tem conteúdo.
Um arrasta pé maravilhoso, com uma letra que manda recado
direto se ouve em “Vamos Fazer a Festa” (Luciano Magno/Marsel Botelho): “Chega
pra cá que a vida é curta e não me custa conhecer você, meu bem/Se o futuro não
sei, vivo o presente”... Uma parceria especialíssima com o bom baiano Moraes
Moreira, “Esquentadinho” foge da temática do disco, mas não poderia faltar um
frevo, praia em que Luciano navega muito bem. A música ainda ganha versão
instrumental e é apresentada como bônus. Um forró instrumental, “Canto de
Trovão” (L.M.), me lembrou o inesquecível Sivuca, e é para mim “a” música do
álbum. Nele se ouve todo o virtuosismo e a técnica deste instrumentista que nos
orgulha por ser brasileiro e carregar aos quatros cantos do mundo a tradicional
música nordestina.
Parabéns, Luciano, por mais uma obra sonora!
A luta pela boa música continua, inclusive com as dificuldades conceituais que sabemos que isso envolve. Excelente texto, Nery Nascimento!
ResponderExcluir"(...)Veja que nem tudo pode o dinheiro/E o desespero é pior que a solidão./ Olhe pra você no espelho, veja como a vida passa,/Mesmo que de tudo você faça,/Quer você queira ou não." Grande abraço!