quarta-feira, 8 de junho de 2016

Com o pé no São João


                                                                          Edição e revisão: Patricia Chammas
A máquina de som




Junho é o mês das festas juninas em todo o País, principalmente no Nordeste, onde as tradições permanecem intactas com muito forró, xote, baião e comidas típicas. A cidade de Caruaru, em Pernambuco, e a de Campina Grande, na Paraíba, duelam, no bom sentido, para brindar seus munícipes e turistas com o melhor São João do mundo. Pensando em oferecer uma música de qualidade para acompanhar esses festejos, o compositor, arranjador, cantor, guitarrista e produtor baiano radicado em Recife (PE), Luciano Magno, nos contempla com seu oitavo álbum da carreira, sendo este o quarto solo: “A Máquina”.

Produzido pelo próprio artista em parceria com Moisés Santana, o CD conta com 12 faixas, sendo uma bônus. Gravado nos Estúdios Somax (Recife), este álbum é uma sequência do disco Forrobodó, de 2010, também lançado pela gravadora Polydisc. Comemorando 25 anos de carreia, Luciano coleciona importantes prêmios, amigos ilustres e turnês internacionais. Tem seu nome envolvido em trabalhos de artistas como: Naná Vasconcelos, Alceu Valença, Nando Cordel, Dominguinhos, André Rio, Elba Ramalho, entre outros. Aqui, o timaço de músicos, que acompanham Luciano Magno com suas guitarras e violões: Thiago Piupiu (bateria), Mongol Vieira e Nando Barreto (contrabaixo), Lu Miliano (acordeon), Fabio Valois (teclados), Lara Klaus (percussão), Kelly Oliveira e Sonia Aguiar (vocais).

A música que dá título a esse disco, “A Máquina” (Luciano Magno/João Araújo), é um xote com o olhar moderno de Magno, mas sem perder a essência. Em parceria com Marsel Botelho, o músico apresenta “O Poeta e as Estrelas”, com uma letra singela que retrata bem a vida do poeta: “O tempo para o poeta para/Paralelamente vai se esconder”... “A vida passa depressa, mas não tenha pressa, do mundo nada se leva, não”, diz a letra da canção “No Espelho” (Luciano Magno/Marsel Botelho). Luciano acertou nas composições deste álbum. Os amantes dos estilos apresentados terão a oportunidade de ouvir composições que serão verdadeiros hits, nas festas juninas e durante todo o ano, pois a música desse baiano que escolheu Pernambuco para se aninhar tem conteúdo.

Um arrasta pé maravilhoso, com uma letra que manda recado direto se ouve em “Vamos Fazer a Festa” (Luciano Magno/Marsel Botelho): “Chega pra cá que a vida é curta e não me custa conhecer você, meu bem/Se o futuro não sei, vivo o presente”... Uma parceria especialíssima com o bom baiano Moraes Moreira, “Esquentadinho” foge da temática do disco, mas não poderia faltar um frevo, praia em que Luciano navega muito bem. A música ainda ganha versão instrumental e é apresentada como bônus. Um forró instrumental, “Canto de Trovão” (L.M.), me lembrou o inesquecível Sivuca, e é para mim “a” música do álbum. Nele se ouve todo o virtuosismo e a técnica deste instrumentista que nos orgulha por ser brasileiro e carregar aos quatros cantos do mundo a tradicional música nordestina.
Parabéns, Luciano, por mais uma obra sonora!

Um comentário:

  1. A luta pela boa música continua, inclusive com as dificuldades conceituais que sabemos que isso envolve. Excelente texto, Nery Nascimento!
    "(...)Veja que nem tudo pode o dinheiro/E o desespero é pior que a solidão./ Olhe pra você no espelho, veja como a vida passa,/Mesmo que de tudo você faça,/Quer você queira ou não." Grande abraço!

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