quarta-feira, 2 de setembro de 2015

“Olhos de Mar”

Foto: Jim Skea
Edição e revisão: Patrícia Chammas


Arranjos modernos marcam
o primeiro álbum de inéditas de Fernanda Cunha

Uma pergunta vem me consumido nos últimos anos: — Para que serve, hoje em dia, uma gravadora? Acredito que a importância se dê na distribuição dos trabalhos, pois, fora isso, creio que os artistas independentes consigam concretizar seu trabalho gravando muitas vezes em, com a mesma qualidade das grandes gravadoras.
Começamos bem setembro com o lançamento do sexto CD da compositora e cantora Fernanda Cunha, “Olhos de Mar”.
Diferentemente dos trabalhos anteriores, em que a cantora vestiu velhos clássicos com sua interpretação sublime, este é o primeiro em que ela apresenta um leque de dez canções inéditas, arranjadas pelo pianista Cristóvão Bastos, o baixista Jorjão Carvalho e o violonista/guitarrista Zé Carlos, que também tocam no disco junto com o baterista Edson Ghilardi. O álbum foi produzido pela artista de forma independente, deixando mais claro que a minha pergunta tem resposta certeira.
A cantora tem um DNA a ser respeitado, pois, em seu sangue correm os genes da saudosíssima cantora Telma Costa (1953-1989), sua mãe, de quem acredito Fernanda ter herdado o talento e a forma de interpretar as canções permitindo-nos mergulhar e emergir de suas águas cristalinas.
Vinda de uma família de músicos, ela também é sobrinha da cantora e compositora Sueli Costa. Além dos palcos brasileiros, a cantora tem se apresentado todos os anos, desde 2005, mundo afora. O CD é um presente ao gosto refinado, aos ouvidos atentos, aos corações que comungam o amor, aos olhos que veem além da imaginação.
Abrindo as audições, teremos “Dando um Tempo” (Carlinhos Vergueiro), um samba com todas as características “vergueirianas” de ser. Da dupla Cristóvão Bastos e Nelson Wellington, a canção que dá título ao álbum, “Olhos de Mar”, é um poema musicado, dedicado ao amor, adornado por essa voz feminina que nos faz viajar. Esse é o tipo de trabalho que já nasce clássico.
A terceira faixa, “Amor e Nada Mais” (Denilson Santos), é um convite a ficar à beira-mar ao entardecer. Uma das canções mais belas do CD, “Floresta Azul” (Antonio Adolfo/Zé Jorge), tem interpretação impecável de Fernanda, além do arranjo e execução do piano Rhodes de Cristóvão Bastos, nos convidando a voltar a canção uma, duas, três vezes... até nos embriagar melodicamente.
Literalmente mineira em melodia e harmonia, “Manhã Mineira” (Filó Machado/Judith de Souza) é uma maravilha de se ouvir. Um dos momentos belos dessa audição vem com a inédita “Naquele Outono”, música de sua mãe, Telma Costa, e poema de Tite de Lemos.
Fernanda apresenta duas letras para melodias do guitarrista canadense Reg Schwager: “Saudade de Você” e “Pode Ser que Eu Fique Dessa Vez”. Daniel Gonzaga foi o primeiro a mandar uma canção para esse novo projeto e “Verão” despertou em Fernanda o desejo de gravá-la.
Mais uma canção de Carlinhos Vergueiro, “Misteriosa”, carimba o sexto filho musical da cantora.
Como dizem os mineiros: “Bom demais da conta”! Para comprar, acesse www.fernandacunha.com.

Um comentário:

  1. Canta muito a Fernanda. E os arranjos do Cristóvão são garantia de um trabalho primoroso. Bela escolha pra ilustrar o Planeta.

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