Foto: Alessandra Fratus
Edição e revisão: Gesu Costa
O cantor das multidões na voz de Zé Guilherme
Se
estivesse entre nós, Orlando Silva, o cantor das multidões, estaria
completando 100 anos no próximo dia 3 de outubro. Há quase quarenta anos de sua
morte, o artista ainda carrega o título que lhe foi dado.
Nós, apreciadores da verdadeira música, produzida no Brasil, acabamos de ser
presenteado pelo cantor cearense, radicado em São Paulo, Zé Guilherme. O CD “Abre a Janela” traz 18 faixas de
Orlando Silva. Terceiro álbum deste artista. Produção e arranjos, por Cezinha
Oliveira. Uma sonoridade moderna, sem perder a essência das gravações
originais. Um verdadeiro deleite aos ouvidos saudosistas e bela oportunidade aos
mais jovens de conhecer essa obra clássica do cancioneiro popular.
Muito
complexo escolher as faixas para compor essa releitura, já que a obra é
extensa, mas Zé se debruçou com muito talento para nos trazer um roteiro que
vai de 1935 a 1942. Um tom mais leve e
alegre do cantor ficaram coerente com os sambas, que têm sempre o humor nas
letras.
As
canções garimpadas para este trabalho foram: “A Jardineira” (Benedito Lacerda e
Humberto Porto - 1938), magnífica marchinha de carnaval que atravessa o tempo;
“Dama do Cabaré” (Noel Rosa - 1936) ressalta a boemia dos cabarés da Lapa
carioca; “A Primeira Vez” (Armando Marçal e Bide - 1940) traduz a inocência
juvenil de se apaixonar. Zé escolheu
“Abre a Janela” (Marques Júnior e Roberto Roberti - 1937) para ser
título do CD. Com o intuito de revivermos Orlando Silva e sua obra.
A quinta
faixa nos mostra um dos maiores sucesso de Orlando “Aos Pés da Cruz” (Marino
Pinto e Zé da Zilda - 1942); “Cidade do Arranha Céu” (Edgard Cardoso, Ranchinho
e Alvarenga – 1936), uma singela homenagem a São Paulo - terra da garoa;
“Cidade Brinquedo” (Silvino Neto e Plínio Bretas - 1939) um passeio pelo Rio de
Janeiro através dessa machinha; “Curare” (Bororó – 1940) A letra e a melodia nos conduzem a um passeio sonoro.
A Bahia de
todos os santos é cantada aqui em,“Faixa de Cetim” (Ary Barroso – 1942; “Lábios
Que Beijei” (J. Cascata e Leonel Azevedo 1937) uma das mais bonitas que ouvi;
“Lealdade” (Wilson Batista e Jorge de Castro - 1942) mantem a temática
romântica da obra de Orlando; “Malmequer” (Newton Teixeira e Cristovão de
Alencar - 1939) Uma marchinha, que ganhou arranjo de ciranda, ficou bela. Dois
temas menos conhecido, porém lindos “Meu Consolo é Você” (Nássara e Roberto
Martins - 1938) e “Meu Romance” (J. Cascata - 1938).
Por fim
quatro temas que completam este belo CD. “O Homem Sem Mulher Não Vale Nada”
(Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti - 1938); “Pela Primeira Vez” (Noel Rosa
e Cristovão de Alencar - 1936); “Preconceito” (Marino Pinto e Wilson Batista -
1941) “Alegria” (Assis Valente e Durval
Maia - 1937).
Mergulhar
neste universo requer coragem e competência.
Zé Guilherme conseguiu demostrar com maestria. Nós, amantes da música de
qualidade, ficaremos eternamente gratos.
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