quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Ele está de volta

Foto: Alessandra Fratus
Edição e revisão: Gesu Costa




O cantor das multidões na voz de Zé Guilherme




            Se estivesse entre nós, Orlando Silva, o cantor das multidões, estaria completando  100 anos no próximo dia 3 de outubro. Há quase quarenta anos de sua morte, o artista ainda carrega o título que lhe foi dado.
            Nós, apreciadores da verdadeira música, produzida no Brasil, acabamos de ser presenteado pelo cantor cearense, radicado em São Paulo, Zé Guilherme.  O CD “Abre a Janela” traz 18 faixas de Orlando Silva. Terceiro álbum deste artista. Produção e arranjos, por Cezinha Oliveira. Uma sonoridade moderna, sem perder a essência das gravações originais. Um verdadeiro deleite aos ouvidos saudosistas e bela oportunidade aos mais jovens de conhecer essa obra clássica do cancioneiro popular.
            Muito complexo escolher as faixas para compor essa releitura, já que a obra é extensa, mas Zé se debruçou com muito talento para nos trazer um roteiro que vai de 1935 a 1942.  Um tom mais leve e alegre do cantor ficaram coerente com os sambas, que têm sempre o humor nas letras.
             As canções garimpadas para este trabalho foram: “A Jardineira” (Benedito Lacerda e Humberto Porto - 1938), magnífica marchinha de carnaval que atravessa o tempo; “Dama do Cabaré” (Noel Rosa - 1936) ressalta a boemia dos cabarés da Lapa carioca; “A Primeira Vez” (Armando Marçal e Bide - 1940) traduz a inocência juvenil de se apaixonar. Zé escolheu  “Abre a Janela” (Marques Júnior e Roberto Roberti - 1937) para ser título do CD. Com o intuito de revivermos Orlando Silva  e sua obra.
            A quinta faixa nos mostra um dos maiores sucesso de Orlando “Aos Pés da Cruz” (Marino Pinto e Zé da Zilda - 1942); “Cidade do Arranha Céu” (Edgard Cardoso, Ranchinho e Alvarenga – 1936), uma singela homenagem a São Paulo - terra da garoa; “Cidade Brinquedo” (Silvino Neto e Plínio Bretas - 1939) um passeio pelo Rio de Janeiro através dessa machinha; “Curare” (Bororó – 1940)  A letra e a melodia nos conduzem a um  passeio sonoro.
            A Bahia de todos os santos é cantada aqui em,“Faixa de Cetim” (Ary Barroso – 1942; “Lábios Que Beijei” (J. Cascata e Leonel Azevedo 1937) uma das mais bonitas que ouvi; “Lealdade” (Wilson Batista e Jorge de Castro - 1942) mantem a temática romântica da obra de Orlando; “Malmequer” (Newton Teixeira e Cristovão de Alencar - 1939) Uma marchinha, que ganhou arranjo de ciranda, ficou bela. Dois temas menos conhecido, porém lindos “Meu Consolo é Você” (Nássara e Roberto Martins - 1938) e “Meu Romance” (J. Cascata - 1938).
            Por fim quatro temas que completam este belo CD. “O Homem Sem Mulher Não Vale Nada” (Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti - 1938); “Pela Primeira Vez” (Noel Rosa e Cristovão de Alencar - 1936); “Preconceito” (Marino Pinto e Wilson Batista - 1941)  “Alegria” (Assis Valente e Durval Maia - 1937).
             Mergulhar neste universo requer coragem e competência.  Zé Guilherme conseguiu demostrar com maestria. Nós, amantes da música de qualidade, ficaremos eternamente gratos.

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