quarta-feira, 15 de abril de 2015

Emocionante, do início ao fim

Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas


Acredito que Deus foi generoso com José Domingos de Morais, o Dominguinhos, ao lhe conceder que seu último show fosse em Exu (PE), terra do Rei do Baião, no dia 13 de dezembro de 2012, dia esse em que se celebra o aniversário do seu padrinho e mentor musical, Luiz Gonzaga, além do de Santa Luzia.
Dominguinhos foi um escolhido, um predestinado no meio de tantos garotos nordestinos de sua época. Gonzaga o conheceu com oito anos na porta de um hotel e, a partir dali, a história do menino mudaria para sempre.
Em 23 de julho de 2013, o sanfoneiro, compositor e cantor faleceu em São Paulo e foi sepultado por duas vezes – primeiro no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, região metropolitana do Recife, no dia 25 de julho de 2013. Dois meses depois, em 26 de setembro, seu corpo foi transferido para Garanhuns (PE), onde houve um novo sepultamento, no mesmo dia, no Cemitério São Miguel.
Após dez meses de seu falecimento, chegou às telas do cinema o documentário “Dominguinhos”, que mexeu com o emocional de quem viu. Agora a obra está disponível em DVD para os fãs da música brasileira poderem conhecer melhor quem foi esse artista e sua arte. Produzido por Joaquim Castro, Eduardo Nazarian e Mariana Aydar, o vídeo teve exibição na última edição do festival “É Tudo Verdade”.
O filme é um retrato fiel desse, que foi a própria música em pessoa. A primeira cena é impactante: um pião a rodopiar na terra seca e passos de uma criança levantando o poeirão – uma poesia visual, tendo como fundo o som que emana do agreste pernambucano, com os pássaros entoando seu triste cantar. Castro, Nazarian e Aydar conseguiram mostrar, com sensibilidade, em 86 minutos, um Dominguinhos além do artista, aquele que nos leva para conhecer o aconchego do seu chão.
Essa não é a primeira vez que Dominguinhos é retratado em um documentário. Ele foi protagonista de “O Milagre de Santa Luzia” (2008), de Sergio Roizenblit, em que o instrumentista viaja pelo Brasil de carro para mostrar as diferentes formas regionais de se tocar o acordeon e os principais sanfoneiros do país. O documentário registrou a última entrevista de Mario Zan e de Sivuca, concedidas ao parceiro de estrada.
Agora o olhar é para ele que nos deixou, depois de lutar contra um câncer de pulmão por seis anos. A película é uma compilação de entrevistas dadas por ele próprio para equipe do longa, bem como para programas televisivos, especialmente à TV Cultura, que é coprodutora do filme. A cronologia de sua vida é narrada por ele, desde os tempos de Garanhuns, sua terra natal, com participações de grandes nomes da nossa música.
Quero destacar a emoção de Nana Caymmi ao cantar “Contrato de Separação” em dueto com o artista. Uma narrativa rica em imagens e encontros vai ficar para quando a saudade bater, colocarmos no aparelho para relembrar esse, que foi, sem dúvida, a continuação da obra de Seu Luiz “Lua” Gonzaga. Assista o DVD e, se seus olhos se molharem, saiba que isso é saudade.
Dominguinhos deixou uma discografia com 42 vinis/CDS e três DVDs. Nesse conteúdo, muitos sucessos, muitos parceiros e, entre eles, uma de toda a vida: Anastácia, com quem compôs mais de 210 músicas. Sambemos que é quase impossível reunir todos os parceiros de uma carreira volumosa como essa em um único documentário, mas muitos estão ali, eternizando sua ligação com esse sanfoneiro do agreste.
Sente-se em sua poltrona e não tenha vergonha de se emocionar, pois “Dominguinhos” vai te contar uma linda história.

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