quarta-feira, 4 de março de 2015

De portas abertas

Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas


Março acabou de nascer e a música brasileira é contemplada com um lançamento digno de ser chamado de “música do Brasil”. O jovem cantor e compositor, Léo Pinheiro, nascido em Goiás, mas criando em Paraíso do Tocantins (TO), abre sua casa e nos brinda com o box CD/DVD intitulado “Léo Pinheiro (Ao Vivo em Casa)”, do selo “Coleção Canal Brasil”. Quinto CD da carreira e primeiro DVD chega com 18 faixas, quatro a mais que o CD, registrando o clima descontraído do artista com os músicos Chico Chagas (acordeon), Lui Coimbra (cello e charango), Edu Szajubrum (percussão), Alexandre Meu Rei (violão dobro), Sérgio Chiavazzoli (violão, banjo, bandolim, violão de 12, direção, produção musical e arranjos).
A cada semana, nós, do Planeta MPB, nos deparamos com grandes instrumentistas, compositores e cantores de um país que é necessário ser redescoberto musicalmente a todo o momento. Léo é um artista nato que produz música feita de verdades, de sentimentos, e que me conquistou nos primeiros acordes. Foi por parte da família materna que ele herdou o gosto musical; sua casa era regada a música e o menino, dia a dia imerso nas belas modas de viola, teve seu primeiro cachê com sete anos de idade e, três anos mais tarde, lançaria seu primeiro álbum, “Coração de Menor”, produzido por Moacir Franco.
Ainda menino, com 14 anos, Léo gravou seu segundo trabalho. Em seguida, viajou pela Europa (Portugal e Inglaterra), apresentando-se em festivais de música, pubs e encontros culturais. De volta ao País, foi convidado a participar, como ator, do filme “Léo e Bia”, pela “Cia. Mulungo”, de Oswaldo Montenegro. Essa foi a primeira experiência do cantor no cinema, mostrando que, além de compor e cantar bem, também sabe atuar. Abra as janelas do seu coração e deixe o som de Leo Pinheiro lhe conduzir por acordes, melodias e harmonias. Poesia pura.
“Cabra Malaco” (Léo Pinheiro/Rodrigo Sestrem), que abre a audição nas duas mídias, é uma crônica bem-humorada do homem simples do norte/nordeste que vai para o grande centro. A música tem o tempero especial vindo do acordeon de Chagas. Mantendo a temática das coisas nordestinas, “No Sertão Também tem Swing” (Léo Pinheiro/Genésio Tocantins) mostra-nos que o compositor tem familiaridade com ritmos como o coco, o repente e a embolada.
A próxima canção, “De Passagem” (Léo Pinheiro/Tião Pinheiro/J. Bulhões), é um testamento musicado onde o artista declara a despedida da velha vida, aquela que não lhe pertence mais, a não ser a de artista. Emocionante. Nos versos “A roda que eu fio nela/Ô, Goiana, oi, ai, ai/É só eu que ponho a mão/Ô, Goiana, oi, ai, ai...” o músico resgata o cancioneiro popular da cantiga comum entre as fiandeiras. Ela é “Goiana” (domínio público).
Léo não deixou a moda de viola para traz – ele nos presenteia com “Na Hora do Sol Deitar” (Léo Pinheiro/Genésio Tocantins). Na pegada do violão dobro de Alexandre, o músico entoa os versos da bela “Voa Longe” (Léo Pinheiro/Genésio Tocantins). Com o acompanhamento luxuoso do cello de Coimbra, o artista canta “Você de Longe” (L.P.). Um dos temas mais belos que ouvi nos últimos anos salta da boca desse menino que nasceu para ser artista. Léo é todo emoção ao cantar “Cuida do que é Seu em Mim” (Léo Pinheiro/Tião Pinheiro/J. Bulhões).
“Aliança” (Léo Pinheiro/Tião Pinheiro) segue a sina de nos transportar pela noite que caminha para o dia e onde a poesia é exalada sem culpa. A moda “Garras” (Léo Pinheiro/Tião Pinheiro) nos mostra as facetas e os mistérios do amor. De Almir Sater e Paulo Simões o cantor interpreta com propriedade a maravilhosa “Capim de Ribanceira”. Léo sabe unir palavras e melodia – é só ouvir “Eu Quero Não Saber” (L.P.). Singela é o melhor qualificativo para “Versim de Amor” (Renato Luciano).
Vou deixar a curiosidade aflorar em você para ouvir e tecer sua opinião nas canções a seguir: “Quem Havia de Dizer” (L.P.), “Rock Valseado do Sertão” (Léo Pinheiro/Rodrigo Sestrem), “Tata Engenho Novo” (domínio público), “Recado” (L.P.), “Depois de Mudo” (Léo Pinheiro/Genésio Tocantins). Não perca tempo – vá em busca do CD/DVD “Léo Pinheiro (Ao Vivo em Casa)” e descubra o que o ele tem para te contar.

Um comentário:

  1. Um goiano que não se rende ao sertanojo já é uma coisa muito boa. Quando chega cheio de mineiridades, aí é pra se comemorar. Grande artista, horando e compromisso do Planeta MPB com a música brasileira de qualidade.

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