quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O canto e a poesia do Pantanal

Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas


Quando escrevemos ou falamos em música que vem do Pantanal, automaticamente somos remetidos às belas guarânias, polcas e chamamés, oriundas de lá. Hoje tenho o prazer de apresentar o paulista criado e adotado pela região, Guilherme Rondon, que domina com maestria a fusão de ritmos ternários da fronteira. Sua música vai além dos limites pantaneiros – ela é universal e jamais pode ser rotulada como regional. “Made in Pantanal” é o sétimo álbum do músico que completa 45 anos de carreira. Melodista de mão cheia, tem entre seus parceiros poetas e letristas que produzem, juntos, a liga certa para cantar as idas e vindas do amor, a saudade e o desejo... A fauna e flora da terra também são cantadas de forma sublime por essa voz de emoção incontida. A música de Guilherme Rondon passeia livre, solta, sem rótulos e sem predestinação para o modismo. Ela é forte e conquista à primeira audição, sem deixar dúvidas.
A primeira canção deste magnífico CD, “Tabuiaiá” (Guilherme Rondon/Zé Edu Camargo), ave da região pantaneira, é dedicada ao compositor e cantor Ivan Lins. “Fim de tarde na barra/o sol quer se deitar/tanto bicho na mata/vem vigiar onde vou/Voa tabuiaiá/diz que estou pra chegar/dia foi de pesca/noite vai ser de amor”. A nostalgia vem à tona muitas vezes quando se ouve aquela canção que foi tema de um grande amor. Na segunda canção, “Também Lembrei de Você” (Guilherme Rondon/Alexandre Lemos), melodia e poesia se unem para relembrar o primeiro dia longe da pessoa amada, tema que vem de encontro à história de muitos de nós.
Uma das músicas mais belas do CD, “De Bem Querer” (Guilherme Randon/Zé Edu Camargo), descreve a falta do amor que não está por perto na época da cheia. A canção cantada por Rondon nos rende lágrimas vertidas por um sentimento profundo. A busca interior se encontra ao ouvir a bela “Vida Real” (Guilherme Rondon/Alexandre Lemos). Alexandre Lemos usa da poesia metafórica para emoldurar a melodia de Rondon em “Rio de Descer”. Na sequência, o amor ganha mais um poema musicado por esse mestre das melodias: “Espelho Deslizante” (Guilherme Rondon/Celito Espíndola/Paulo Simões). “É melhor do que nada ter alguém pra lembrar que a gente quis/Já valeu muito a pena/O amor que passou mas foi feliz”. Versos como esse embalam a canção “Tão Pouco” (Guilherme Rondon/Alexandre Lemos). “Toma Essa Canção” (Guilherme Rondon/Alexandre Lemos) conta a história da troca de olhares entre o cantor no palco e a amada no público. Um passeio pela Cordilheira dos Andes se ouve em “Sonho Inca” (Guilherme Rondon/Alexandre Lemos). A saudade matreira recheada de boas lembranças ouviremos em “Tantos Versos” (Guilherme Rondon/Alexandre Lemos). A inesquecível Mercedes Sosa ganha os versos da mineira Consuelo de Paula para a guarânia de Guilherme Rondon em “La Negra”.  Para finalizar esse tributo ao bom-gosto ouviremos “Água Nova” (Guilherme Rondon/Zé Edu Camargo).
Em março o artista começa a gravar um CD em trio com Adriana Sanchez e Rafael Altério.

Um comentário:

  1. Mais uma excelente escolha para nosso 'Planeta'. Guilherme Rondon sabe como poucos incorporar a essência pantaneira. Ouvir sua música é como assistir um filme europeu em meio aos enlatados roliudianos.

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