quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Dezembros de Alaíde

Agradecimentos especiais a Patricia Chammas


Em pleno 8 de dezembro de 1935, dia de Nossa Senhora da Conceição, nascia uma das estrelas da “Constelação MPB”, Alaíde Costa, predestinada a ser uma das vozes que ganharia os palcos do Brasil e do mundo. Ela estreou no auge de sua adolescência, em 1955, como crooner da Dancing Avenida (RJ). Sessenta anos se passaram e a cantora ainda conserva a mesma afinação e interpretação dos áureos anos pré-bossa nova.
Prestes a completar 79 anos, ela resolve nos presentear com um CD totalmente autoral, carinhosamente chamado de “Canções de Alaíde”. Com direção musical, arranjos e piano de Giba Estebez, o álbum apresenta 13 composições das seis décadas de vida artística da cantora. No repertório de Alaíde sempre esteve o que ela acreditava, sem se dobrar os modismos de época. Sua música é autêntica e traz o amor como tema. A primeira canção, “Qual a Palavra?” (A.C.), traz um dueto da voz da diva com o violão de Conrado Paulino, para falar de uma grande paixão. “Quisera encontrar a palavra capaz de um dia traduzir o meu amor”. A segunda canção nos mostra a primeira parceria da cantora com o “poetinha”, Vinicius de Moraes, em “Tudo o que é Meu”.
A terceira faixa traz uma dobradinha com as canções “Ternura” e “Cadarços” – a primeira tem parceria com Geraldo Julião. A curiosidade aqui é que existia uma outra letra, assinada por uma amiga da cantora, que faleceu antes de autorizar a gravação. Já a segunda canção tem parceira com Hermínio Bello de Carvalho. Ambas foram arranjadas por Gilson Peranzzetta, que também faz participação especial, tocando piano. Com uma introdução de flauta, a voz docemente afinada de Alaíde dá vida à canção “Afinal”, assinada por ela própria. Numa parceira com Johnny Alf, “Meu Sonho” tem a participação especial de Marcelo Lima, que divide com a cantora os vocais. “Tempo Calado” (Alaíde Costa/Paulo Alberto Ventura) é uma melodia que ganhou poema de um artista plástico. Vale a audição no silêncio da noite. Giba Estebez fez um arranjo de piano que dialoga com Alaíde e nos permite fazer parte da canção ao ouvir “Saída” (A.C.).
Com participação especial de Adyel Silva, as cantoras se alternam nos vocais na bela canção “Banzo” (Alaíde Costa/José Márcio Pereira). A próxima música nos convida a mergulhar nas lembranças dos amores que ficaram para traz e, com um gole melancólico, ouviremos “Choro” (A.C.) para reativarmos o que ainda não foi superado com a partida do amor que não morreu. Muito me emociona ouvir uma cantora com tanta vitalidade e afinação aos 79 anos. Obrigado por aquecer nossos ouvidos com o bálsamo da sua voz!
As próximas quatro canções não vou descrever – você mesmo irá tirar suas conclusões ao adquirir o disco! São elas: “Apesar de Tudo” (Alaíde Costa/João Magalhães), “Você é o Amor” (Alaíde Costa/Tom Jobim), “Canção do Breve Amor” (Alaíde Costa/Geraldo Vandré) e “Amigo Amado” (Alaíde Costa/Vínicius de Moraes).
Alaíde lança o CD na Galeria Olido (centro de São Paulo), hoje, às 20 horas, com entrada franca.

Um comentário:

  1. Justo reconhecimento, não apenas da cantora, mas da excepcional compositora que vem colecionando parceiros ilustres ao longo da vida musical.

    ResponderExcluir