quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Alceu sinfônico

Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas


A comemoração dos 40 anos de carreira do eclético Alceu Valença vem nos brindar em grande estilo com o DVD/CD “Valencianas”, gravado ao vivo com a Orquestra Ouro Preto e lançado no último 26 de agosto, com pré-venda para hoje. O encontro entre Alceu e o maestro Rodrigo Toffolo aconteceu em 2010 por intermédio de Paulo Rogério Lage, que assina a produção, e que também é amigo de Toffolo e compadre de Valença. Foi mais de um ano e meio de pesquisas e conversas entre Alceu, Rodrigo e o arranjador Mateus Freire para chegarem às 13 canções da lista de 40 sugeridas pelo músico pernambucano – a maior parte delas vinda dos Anos 1980. O primeiro concerto ocorreu em abril e a gravação do DVD/CD, em novembro de 2012, no Palácio das Artes, na capital mineira.
O violinista Mateus Freire, além de arranjar o trabalho, compôs uma suíte para a abertura, onde faz citações da obra do artista, mescladas a elementos do, também nordestino, Movimento Armorial. A Suíte Valenciana é composta por: “O canto do marimbau e a rabeca num cordel de amor”, “O lamento no cangaço e o aboio no futuro” e “O martelo alagoano e o canto do marimbau”. Simplesmente uma obra de arte dando boas-vindas ao que vai se ouvir pela frente, quando Alceu toma seu lugar no palco e nos presenteia com uma sequência de quatro canções: “Sino de Ouro” (Alceu Valença/Carlos Penna Filho - Estação da Luz - 1985), “Ladeiras” (A.V. - Maracatus, Batuques e Ladeiras - 1994), “Cavalo de Pau” (A.V. - Cavalo de Pau - 1982) e “Coração Bobo” (A.V. - Coração Bobo – 1980).
A terceira parte do concerto é toda instrumental e executada apenas pela orquestra, que nos oferece mais quatro temas, abrindo com a clássica “Talismã” (Alceu Valença/Geraldo Azevedo), do disco de estreia, Quadrafônico - 1972. “Geraldo Azevedo faz parte de mim. Talvez eu não existisse como artista se não o tivesse conhecido. Foi Geraldo quem quebrou minha timidez em relação à música”, escreve o artista em seu site oficial. Seguem-se “Estação da Luz” (A.V. - Estação da Luz - 1985), “Porto da Saudade” (A.V. - Cinco Sentidos - 1981) e o frevo “Acende a Luz” (A.V.), que sacudiu o público.
A quarta e última parte do concerto traz Alceu novamente ao palco e o seu fiel escudeiro, Paulo Rafael, na guitarra e no violão. Antes de cantar “Junho” (Alceu Valença/Geraldo Valença), o artista conta a história do seu pai que o cobrava que musicasse o poema do tio Geraldo, além de afirmar que o tio era um grande poeta. Dando continuidade, Alceu emplaca “La Belle de Jour” (A.V. - 7 Desejos - 1991) e “Girassol” (A.V. - Leque Moleque - 1987). A clássica “Tropicana” (Alceu Valença/Vicente Barreto) fez o público delirar. Para finalizar e deixar um gostinho de quero mais, outra clássica, “Anunciação” (A.V. - Anjo Avesso - 1983).
Alceu sinfônico é o erudito emprestando sua sonoridade cheia ao popular para receber em troca a alegria, a leveza e a meninice do coco, da embolada, do cordel, fazendo músicos e público dançarem em suas cadeiras. Vale conferir cada momento do encontro entre essas duas cidades, Olinda e Ouro Preto.
                                                  

Um comentário:

  1. O melhor da quarta-feira: O Santos jogando na TV e artigo novo no Planeta MPB. Mais um texto que me deixou cheio de curiosidade sobre o disco. Embora me identifique mais com Geraldo Azevedo, reconheço toda a genialidade do Alceu. Fez um show maravilhoso aqui em Prudente, anos 80, quando o Brasil inteiro cantava "Morena Tropicana". Abraço, Dery. Mantenha-se firme nessa cruzada em defesa da boa música.

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