Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas
Todos os dias a música de qualidade nos doa um artista novo que vem comungar conosco sua arte. Essa é a vez de mostrar ao público do Planeta MPB o compositor e cantor mineiro Donizete Anderson, que lançou no último dia 22, em BH, seu primeiro CD, intitulado “Casa Nova”. Ouviremos as 12 faixas do álbum que foi produzido pelo próprio artista e por Sérgio Moreira, todas assinadas pelo cantor.
“Contar com o talento e a sensibilidade de Sérgio Moreira e de Enéias Xavier na elaboração dos arranjos é ver meu trabalho ganhar peso e brilho. A participação de grandes instrumentistas e dos artistas especialmente convidados foi um presente e, mesmo com tantos amigos reunidos, pude manter minha identidade musical e minha essência, numa experiência extraordinária”, diz o cantor.
A música boa tem a poesia como companheira e, neste CD de estreia, Donizete Anderson conseguiu juntá-las. “Metamorfose das Águas” tem um arranjo de cordas envolvente que, junto à voz aveludada do artista, nos ensina os percursos da água. A arte de Aleijadinho ganha uma “interpretação-irmã” na divisão de vocais entre Donizete e o grande Ladston do Nascimento. Uma aula de história das Gerais...
A música que dá título ao CD, “Casa Nova”, tem uma letra que nos convida a entrar nessa casa cheia de vida, paz e amor. “Casa nova sempre seja/Morada da minha paz/Oásis depois da peleja/Recanto que mais me apraz”. Com participação especialíssima do trio vocal Amaranto, a música “A Cor do Teu Sorriso” ganha nuances especiais na poesia e no vocal das irmãs Marina, Flávia e Lúcia que acariciam nossos ouvidos com sua timbragem perfeita. Donizete, como muitos artistas, guardava essas canções em uma gaveta como se estivessem num casulo e não sabia da importância para nós, amantes da MPB, conhecermos sua obra. Ouça a gostosa “Ninguém Sabe” e me diga se não tenho razão.
Posso lhe tirar para uma salsa? É o meu convite na audição de “Três Tempos”. Mais uma participação especialíssima: agora é a vez de Selmma Carvalho emprestar a voz na bela “O Intruso”. A música que é feita com alma nos toca, nos envolve e nos remete a lugares jamais visitados. É o apelo do artista para viajarmos pelos “Quatros Ventos”. Destaque para o vocalize cheio de efeito de Sérgio Moreira e o violão ímpar de Gilvan de Oliveira. Na sequência, um autêntico chorinho-canção – “Rosalinda do Indaiá” – é bom para se ouvir no fim da tarde, numa roda de amigos. A faixa descreve o lugar onde o menino Anderson nasceu. Com sua guitarra portuguesa, Rogério Delayon transforma o bom chorinho, por momentos, em um fado.
A décima canção fala da alma das “Palavras”. Muitos vão se identificar com estes versos: “Palavras escritas amigas/Que passeiam entre nós/Mensageiras tão antigas/Que falam por minha voz”. Com um arranjo para cordas, piano e voz, a música “Ser Azul” nos toma por um feixe de saudade e emoção. Para finalizar este primeiro de muitos que virão, a balada “Vez em Quando” romanceia: “De vez em quando me prenda/ No laço do seu abraço/Me seduza/Me acenda/Dance comigo um compasso”.
Disco feito com grande esmero, da composição aos arranjos e à escolha das parcerias. Mais uma preciosidade das Minas Geraes. Verdadeira obra de arte. Não canso de ouvir "O intruso", com a voz de Selmma Carvalho encaixando com rara felicidade. Parabéns pela Obra Donizete. Obrigado, Dery, por nos revelar mais este tesouro. .
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