Hoje, com a tecnologia
e as redes sociais, fica bem mais fácil chegar a um Brasil que ainda falta ser
descoberto musicalmente. Desta vez meu foco ficou na região norte do País. E
foi POR MEIO de pesquisa que cheguei à cantora amapaense Patrícia Bastos. Ela
lança o seu quinto CD intitulado “Zulusa” , que significa a junção de zulus +
lusitanos. Somado ao índio, é a origem ancestral da cantora e também a essência
do povo amapaense. A trilha é composta por 14 músicas com ritmos que prezam a
musicalidade local, como o “marabaixo” e o cacicó. Produzido por Dante Ozzetti
e Du Moreira na ponte São Paulo (SP) – Macapá (PA).
Ouvir este CD é
mergulhar em um desconhecido maravilhoso conduzido pela cristalina e suave voz
de Patrícia. Vamos navegar na cadencia de uma precursão toda peculiar composta
por caixa de marabaixo sem esteira, xequerê, guizo, terrabuco, bateria e uma
voz solene na belíssima “Canoa Voadeira” (Allan Carvalho/Ronaldo Silva). Na
próxima canção “ U Amassu I U Dubradú” (
Dante Ozzetti /Joãozinho Gomes), conheceremos o “quintum i quintum”: onomatopeia
que imita o som do tambor amassador, e o “ i tracatá” ”: onomatopeia que imita
o som do tambor dobrador. Patrícia da um show a parte na interpretação.
A música que dá título
a esse trabalho “Zulusa”
(CelsoViáfora/Joãozinho Gomes), é conduzida com o ritmo “marabaixo” ,
originário do Marrocos que veio na sua totalidade para mata brasileira do Amapá
na época da guerra entre mouros e cristãos. “Linha Cruzada” dos paraenses Leandro Dias e Carla Cabral , nos
remete ao ponto de umbanda. Se você viajar para região norte do País e
perguntar a qualquer garoto, ele pode dar uma aula sobre o ritmos que ouviremos
a seguir “Boi de Rua” (Floriano/Jorge Andrade) o arranjo mantém a percussão
típica do boi que é praticado no estado do Pará.
Que riqueza tem esse
Brasil a se descobrir. A próxima música “Incantu” (Enrico Di Miceli/Joãozinho Gomes),é uma
lenda contada por Joãozinho Gomes em linguagem de corruptela e o arranjo,
baseado em elementos indígenas. Um lindo fado se ouve em “Miss Tempestade”
(Vitor Ramil/Ricardo Corona) . Um lamento típico do marabaixo ouviremos na faixa
oiro “Laguinho” (Paulo Bastos) Os ritmos Cacicó e as guitarradas são explorados
na faixa “Causos” (Dante Ozzetti/Luiz Tatit). Em “Mais Uma” ouviremos um ritmo
que acompanha a Patrícia desde a infância, o “Cúbia”
“O amor de nego não foi
brincadeira/Por Madalena nego quis morrer/No marabaixo de uma quarta-feira/Nego
chamou exu pra sobreviver”. Esse versos
fazem parte da mística “Mal de Amor” (Val Milhomem/Joãozinho Gomes). Rodopiado
(Ronaldo Silva), originalmente uma embolada, é uma recriação que discorre sobre
a Ilha do Marajó e suas lendas e crendices. Tem a participação de Marcelo
Pretto no poema escrito pelo compositor paraense. O ritmo, é criado em cima da letra, e procura dar suporte
ao quase canto falado, diz Dante Ozzetti. Uma pegada eletrônica para um
marabaixo se ouve em “Batuque” (Amadeu Calvacente/Joazinho Gomes) Para
finalizar esse estudo por ritmos de um Brasil ainda desconhecido , uma canção
que completa 33 anos da dupla de peso da música brasileira Guinga e Paulo Cesar
Pinheiro “Ribeirinho”
Viva o Brasil
desconhecido.
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