quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O Brasil que ainda não descobrimos












Hoje, com a tecnologia e as redes sociais, fica bem mais fácil chegar a um Brasil que ainda falta ser descoberto musicalmente. Desta vez meu foco ficou na região norte do País. E foi POR MEIO de pesquisa que cheguei à cantora amapaense Patrícia Bastos. Ela lança o seu quinto CD intitulado  “Zulusa” , que significa a junção de zulus + lusitanos. Somado ao índio, é a origem ancestral da cantora e também a essência do povo amapaense. A trilha é composta por 14 músicas com ritmos que prezam a musicalidade local, como o “marabaixo” e o cacicó. Produzido por Dante Ozzetti e Du Moreira na ponte São Paulo (SP) – Macapá (PA).  
Ouvir este CD é mergulhar em um desconhecido maravilhoso conduzido pela cristalina e suave voz de Patrícia. Vamos navegar na cadencia de uma precursão toda peculiar composta por caixa de marabaixo sem esteira, xequerê, guizo, terrabuco, bateria e uma voz solene na belíssima “Canoa Voadeira” (Allan Carvalho/Ronaldo Silva). Na próxima canção “ U  Amassu I U Dubradú” ( Dante Ozzetti /Joãozinho Gomes), conheceremos o “quintum i quintum”: onomatopeia que imita o som do tambor amassador, e o “ i tracatá” ”: onomatopeia que imita o som do tambor dobrador. Patrícia da um show a parte na interpretação.
A música que dá título a esse trabalho  “Zulusa” (CelsoViáfora/Joãozinho Gomes), é conduzida com o ritmo “marabaixo” , originário do Marrocos que veio na sua totalidade para mata brasileira do Amapá na época da guerra entre mouros e cristãos. “Linha Cruzada”  dos paraenses Leandro Dias e Carla Cabral , nos remete ao ponto de umbanda. Se você viajar para região norte do País e perguntar a qualquer garoto, ele pode dar uma aula sobre o ritmos que ouviremos a seguir “Boi de Rua” (Floriano/Jorge Andrade) o arranjo mantém a percussão típica do boi que é praticado no estado do Pará.
Que riqueza tem esse Brasil a se descobrir. A próxima música “Incantu”  (Enrico Di Miceli/Joãozinho Gomes),é uma lenda contada por Joãozinho Gomes em linguagem de corruptela e o arranjo, baseado em elementos indígenas. Um lindo fado se ouve em “Miss Tempestade” (Vitor Ramil/Ricardo Corona) . Um lamento típico do marabaixo ouviremos na faixa oiro “Laguinho” (Paulo Bastos) Os ritmos Cacicó e as guitarradas são explorados na faixa “Causos” (Dante Ozzetti/Luiz Tatit). Em “Mais Uma” ouviremos um ritmo que acompanha a Patrícia desde a infância, o “Cúbia”
“O amor de nego não foi brincadeira/Por Madalena nego quis morrer/No marabaixo de uma quarta-feira/Nego chamou exu pra sobreviver”. Esse  versos fazem parte da mística “Mal de Amor” (Val Milhomem/Joãozinho Gomes). Rodopiado (Ronaldo Silva), originalmente uma embolada, é uma recriação que discorre sobre a Ilha do Marajó e suas lendas e crendices. Tem a participação de Marcelo Pretto no poema escrito pelo compositor paraense. O ritmo, é  criado em cima da letra, e procura dar suporte ao quase canto falado, diz Dante Ozzetti. Uma pegada eletrônica para um marabaixo se ouve em “Batuque” (Amadeu Calvacente/Joazinho Gomes) Para finalizar esse estudo por ritmos de um Brasil ainda desconhecido , uma canção que completa 33 anos da dupla de peso da música brasileira Guinga e Paulo Cesar Pinheiro “Ribeirinho”
Viva o Brasil desconhecido.




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