A vida sempre nos
reserva grandes surpresas e não foi diferente com Maurício
Brandão, músico, compositor, cantor e
arranjador mineiro de Pouso Alegre. Ao longo de mais de 30 anos de carreira
tocando com grandes nomes, como o mestre Walter Franco e o saudoso Itamar
Assumpção , ele se viu diante da grande pergunta: devo viver? Morando em Belo
Horizonte, viu-se diante de uma crise que quase o levou a fazer uma grande
besteira, que é se jogar ao precipício. Mas Brandão teve força suficiente e
retornou a terra natal, começou a compor novamente e nos presenteia com este
CD, “ É Isso”. Tenho a honra de escrever essa crítica e afirmar que é isso, a
música tem esse dom de trazer a vida de volta, ou de volta para vida.
A música de abertura tem
uma participação especialíssima de Milton Nascimento, que divide os vocais com
Maurício em “Aboio” (Maurício Brandão/Gustavo Carvalho/Mário Bonna). Como bons
vaqueiros ,os dois tocam seus bois, seus medos, seus anseios. A segunda música
te leva por um sonho, que é mais que real em “Jihad” (M.B). Uma crônica
musicada é o que se ouve na terceira faixa “Página de Jornal” (Raimundo
Andrade) : “Eu ontem estive pensando em você/Você foi preso, porque pixou num
muro/Que gostava de alguém”.
“Dias Cinzas”( Maurício
Brandão/Gustavo Carvalho/Mário Bonna), tem a participação especial do Ivan
Vilela (viola caipira), além do belo arranjo de metais. Esta canção pode ser
considerada autobiográfica: “Dizem que tem um cabôco que tá muito louco/Por
ganhar tão pouco. naquele sufoco/Dia a dia dizem/E, com o pouco que ganha, só
vive na manha/Sobe, desce, perde, ganha/Nossa mãe, que coisa estranha! /Dia a
dia dizem/Dizem que das cinzas nascem flores/Flores como amores vão e
vêm/Simplesmente exalam seu odores/Perfumando a alma de alguém”.
Quem já não falou de
seus amores ,idas e vindas em um bom bate papo na mesa de um bar. Aqui o
artista mergulha nesse universo da boemia para nos presentear com um bom samba
“Mesa de Bar”( Mauríco Brndão/Dinho Caninana).A sexta faixa não deixa o ouvinte
parado, com a dançante “Xeque Mate”, vale ouvir a suingueira dos metais, a voz
da pessoa amada comparada ao instrumento de sopro e de corda que o envolve sedento
de amor. A bela interpretação me fez lembra o saudoso Antonio Marcos em “Instrumentos” (Jorge Carioca/Tony
Carioca).Em “Fogo Amigo”(Mauríco Brandão/Dinho Caninana) a pergunta está
lançada: o que você acha do senso de humor daquela mulher?
Uma linda declaração de
amor para filha Nina se ouve na faixa “Mi Nina”(Mauríco Brandão). Um dos
motivos que quase mandou esse artista nato de veia poética musical para o andar
de cima, foi seu relacionamento amoroso conturbado incompreensível. Mais em
“Pathos”(Maurício Brandão), além de se livrar de vez, manda um recado musicado.
Vale apena ouvir. Para finalizar “Quarta Feira” (Maurício Brandão/Gustavo
Carvalho/Mário Bonna).e “O Homem e o Amor”(Dinho Caninana/Eugênio Toledo).
Viva a música que resgata vidas.
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