sábado, 1 de dezembro de 2012

40 ANOS DE QUADRAFÔNICO

 
Folha Metropolitana - Guarulhos -SP
 
 
Agradecimentos Especiais a Tatiana Igreja por revisar o texto.
 


                               Em 2012, muitos artistas comemoram 40 anos de gravação de grandes discos e outros comemoram estreias no mundo fonográfico. Hoje esta coluna destaca a estreia de dois grandes cantores da nossa MPB, Alceu Valença e Geraldo Azevedo.

                              Os amigos pernambucanos pegaram carona no mesmo ‘pau de arara’ com destino ao Rio de Janeiro e trouxeram na bagagem o desejo de registrar suas canções em um LP.

                             No site oficial http://www.alceuvalenca.com.br/, Alceu Valença diz que: “Em 1972, Geraldo e eu chegamos ao Rio, cada um com sua bagagem musical. Assinamos com a Copacabana e fomos gravar em SP, onde ficavam os estúdios. O produtor, Cesare Bienvenuti, cedeu o próprio apartamento para que tivéssemos um pouso. Os arranjos seriam de Hermeto Paschoal, mas acabaram a cargo de Rogério Duprat. Geraldo e eu selecionamos as músicas e fizemos Talismã, 78 rotações e Virgem Virgínia. Eram poucas as horas de estúdio e gravávamos de madrugada, escondidos. Foi utilizado o sistema quadrafônico, uma novidade para a época.” 

                         O título deste disco era para ser Alceu Valença e Geraldo Azevedo, mas ficou mesmo conhecido como Quadrafônico. Ouve-se neste trabalho uma forte influência dos gêneros maracatu, coco e repente de viola, trazidos de suas vivências musicais. Essa influência, somada ao rock, produziu um gênero psicodélico, com muita poesia e muita improvisação. Por ser uma obra tão inventiva, talvez não tenha tido o sucesso esperado, mas deu uma boa ideia do que os artistas projetavam em suas carreiras-solo.


O trabalho conta com 12 canções e começa com a música Me dá um Beijo (Alceu Valença) que mistura rock com baião e poesia com a arte dos emboladores. A primeira das duas músicas assinadas pela dupla, Virgem Virgínia (Alceu Valença/ Geraldo Azevedo), tem os arranjos e orquestrações do mestre Rogério Duprat.


Mister Mistério (Geraldo Azevedo/Marcus Vinicius) é um rock rural com uma pegada de psicodelismo na repetição do verso “Mister Misterioso”. Novena (Geraldo Azevedo/ Marcus Vinicius) dispensa comentários por já nascer clássica.


As marchinhas de carnaval são lembradas em Cordão do Rio Preto (Alceu Valença). Alceu ainda assina as canções Erosão, Planetário, Seis Horas, Ciranda da mãe Nina e Horrível.


78 Rotações (Alceu Valença/ Geraldo Azevedo) é poética e traz as lembranças da terra natal, é uma bela canção tipicamente Geraldiana. A dupla assina mais uma canção, Talismã (Alceu Valença/ Geraldo Azevedo), que também se tornou um clássico e foi regravada por ambos, anos depois, em seus discos solos. Nessa gravação ouve-se uma tosse, isso prova como foi difícil este período dentro do estúdio, correndo contra o tempo.


Vale dizer que o disco foi concebido com muitas dificuldades técnicas, mas vale relembrá-lo, ouvi-lo, e comemorar os 40 anos de cultura de Valença e Azevedo!

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