Folha Metropolitana - Guarulhos -SP
Agradecimentos Especiais a Tatiana Igreja por revisar o texto.
Este escriba tinha apenas quatro anos quando Caetano
Veloso gravou, em Londres, o célebre ‘Transa’. No exílio londrino, Caetano ficou dois
anos e meio entre 1969 e 1972 e na bagagem a saudade e as lembranças do Brasil
fizeram o disco ser concebido.
As gravadoras e selos estão comemorando, em 2012,
grandes álbuns contemporâneos do cantor baiano e esta coluna tem o prazer de
levar aos seus leitores os clássicos e quarentões.
‘Transa’ foi totalmente remasterizado nos estúdios Abbey
Road pelo cultuado engenheiro de som Steve Rooke. Já o projeto gráfico foi
mantido na íntegra, assinado por Aldo Luiz, denominado de discobjeto, cujo
encarte torna-se um objeto por meio de dobraduras. O mesmo teve crítica do
próprio artista que não gostou da brincadeira da época por deixar de fora a
ficha técnica.
Numa entrevista recente, Caetano falou ter gostado do clima de Londres, mas que estava “muito triste por dentro”. Isso esta comprovado em ‘Transa’, o atestado de recomeço longe de casa, de insistência e de não ceder às pressões. “É a tentativa de dar um rumo na vida quando a saudade de casa é o maior problema que se pode encontrar pelo caminho”, diz Caetano.
Há 40 anos, a solução de Caetano para bater de frente com tudo isso foi atestar: “I’m alive. Eu estou vivo, vivo...”. Assim mesmo, meio em inglês, meio em português, mas com um ‘puta’ sotaque soteropolitano, para ninguém ter dúvida de que ele voltaria para casa.
Há 40 anos, a solução de Caetano para bater de frente com tudo isso foi atestar: “I’m alive. Eu estou vivo, vivo...”. Assim mesmo, meio em inglês, meio em português, mas com um ‘puta’ sotaque soteropolitano, para ninguém ter dúvida de que ele voltaria para casa.
A produção é assinada pelo inglês Ralph Mace e a direção musical por Jards Macalé, que também toca violão e guitarra. Conta, ainda, com os músicos Tutty Moreno (bateria), Áureo de Souza (bateria) e Moacir Albuquerque (baixo).
A primeira canção You Don’t Know Me (Caetano Veloso) apresenta uma mistura de balada com baião, inglês com português, com citação de “Reza”, de Edu Lobo.
Das andanças pelas noites Londrinas, onde entra em contato com o Reggae em Portobello Road - uma rua bastante frequentada por estrangeiros, com uma arquitetura colorida e um comércio bem alternativo – Caetano compõe a dançante Nine Out Of Ten (Caetano Veloso).
Na bagagem, Caetano não levou só lembranças, levou também livros. O poema Triste Bahia (Gregório de Matos) foi musicado com ritmos de afoxé e capoeira acelerada, quase em transe, atingindo o ápice da obra.
It’s a Long Way (Caetano Veloso) começa lenta, quase uma canção Caymmiana, com citações It’s a long and winding Road”, dos Beatles, “Sôdade, Meu Bem, Sôdade”, de Zé do Norte, “Água com Areia”, de Jair Amorim e Jacobina, “Consolação”, de Baden Powell e Vinícius de Moraes e “Lagoa do Abaeté”, de Dorival Caymmi. Isso sem deixar de lado a declaração de liberdade – coisa tão em falta por aqui naquela época.
O clássico samba Mora na Filosofia (Arnaldo Passos/Monsueto Menezes) vem com seus versos “Eu vou lhe dar a decisão/Botei na balança/Você não pesou/Botei na peneira/Você não passou”. Neolithic Man (Caetano Veloso) introduz uma ‘paradinha’ em que a música é interrompida bruscamente para acentuar o efeito dramático da canção. E a pop rock Nostalgia - That’s what rock’n’roll is all about (Caetano Veloso) fecha o trabalho.
Viva Caetano!
Viva Caetano!
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