sábado, 12 de maio de 2012

"CHICO PARA SER OUVIDO VÁRIAS VEZES


Agradecimentos Especiais a Tatiana Igreja por revisar o texto.


Não poderia ser diferente quando o assunto é Chico Buarque de Holanda. Sempre surpreendente, mesmo depois de tanto tempo de carreia.
 “Chico” é o título do recente CD lançado pelo selo Biscoito Fino, traz 10 canções e participações especiais de João Bosco, Wilson das Neves e da jovem cantora Thais Gulin, além de arranjos do Maestro Luiz Claudio Ramos.
Após cinco anos sem gravar, - por dedicar-se a obra literária “Leite Derramado” que faturou o prêmio Jabuti de melhor livro de ficção em 2010 - Chico Buarque lança este trabalho curto e genial para ser ouvido várias vezes, pois, somente assim é possível perceber suas diferentes nuances.
É uma crônica musical já apontada pelos críticos como um dos melhores CDs da vasta carreira do artista. É bem provável que alguma música deste álbum ganhe o título de clássico.
A música Querido Diário abre o trabalho e é comparada, pelo próprio cantor, com Cotidiano de 1971. Em ambas temos bons relatos, crítica social, aflições, relacionamentos...
Na bela marchinha Rubato (roubado, em italiano), composta com o baixista Jorge Helder e acompanhada por uma maravilhosa banda de coreto, Chico conta a história do roubo de uma composição de amor.
Essa Pequena é um bom blues em que ele descreve a paixão de um homem mais velho por uma jovem. Em Tipo um baião, brinca com o andamento da música e faz uma reverência ao velho Lua (Gonzagão).
Em Se eu Soubesse, um dueto feito com a cantora Thais Gulin, ouvimos versos como: “Há se eu soubesse não caia na tua/conversa mole outra vez/não dava mole a tua pessoa”.    
Sem você é para admirar, a música fala de um amor que se foi, da solidão e da busca sem sucesso. Na faixa seguinte, Chico Buarque manda a tristeza embora com o bom samba de gafieira Sou Eu e conta, ainda, com a participação especial de Wilson das Neves nos vocais.
A oitava faixa, uma bela valsa chamada Nina, é literalmente uma magnífica viagem e incita os ouvintes a uma visita à exuberante e distante Moscou, mesmo que seja por imagens virtuais...
Na boa “Barrafunda”, Chico faz uma bela confusão com as suas memórias e mistura futebol com a cidade do Rio, Garrincha com Mandela. Para finalizar, temos Sinhá, composição sua e do convidado especial João Bosco, num super clima lírico e poético, conduzida por percussão e violões que trazem, à tona, sons e heranças da escravidão.                    

2 comentários:

  1. E mais uma vez lendo seu artigo fiquei afim de curtir esse som!
    Obrigada amigo por trazer mais cultura a todos nós!

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  2. Ganhei essa pérola de presente. Muito bom, para esquecer a pobreza ideológica da nossa música de uma vez por todas. No Facebook, me acusaram de não gostar de MPB. Dessa musica brasileira de playbacks e sarcófagos fedidos eeu quero distância. Tenho me dedicado a postar álbuns que fizeram a minha cabeça. Chico salvou a minha década.

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