quarta-feira, 14 de maio de 2014

Trio para “a” voz

Da esquerda para a direita: Rômulo Gomes (contrabaixo), Zé Renato (voz e violão) e Tutty Moreno (bateria) 
Foto: Beatriz Giacomini
Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas


Queridos leitores, as linhas desta coluna hoje são dedicadas a um dos maiores nomes da nossa música: o compositor, instrumentista e cantor José Renato Botelho Moschkovich, carinhosamente conhecido por Zé Renato. Quando o Zé se lança em um projeto novo, nós, aqui do outro lado, já sabemos que vem coisa boa.  A ideia é a de um “power trio” e ganha o nome de ZR Trio, que o Zé divide com o monstro da bateria Tutty Moreno e o competentíssimo baixista Rômulo Gomes. Intitulado “O Vento na Madrugada Soprou”, o CD traz 11 faixas produzidas por Zé Renato e Duda Mello, realizadas graças a mais uma iniciativa de Crowdfunding – um sistema de financiamento coletivo, uma espécie de “vaquinha” virtual, em que diversos investidores colaboram para a realização de um projeto de interesse comum. Não se trata de doação, mas de uma troca, onde há recompensas proporcionais às diversas faixas de colaboração disponíveis. (Catarse)
Neste trabalho, além de nos deliciarmos com a voz ímpar deste que nasceu para cantar, também ouviremos seu lado instrumentista, pois, de posse de seu violão, o artista mostra um lado seu pouco explorado. Nada melhor que começar a audição com um samba do mestre Paulinho da Viola que dá título ao CD, “O Vento na Madrugada Soprou”. Com rufos de bateria e os primeiros dedilhados ao violão, Zé canta de forma brilhante, como já era esperando por todos. O baixo acústico de Rômulo completa o deleite do belo. A parceria com o amigo compositor e cantor pernambucano, Lenine, se dá em “Na São Sebastião” (Zé Renato/ Lenine). Com o baixo fazendo a marcação e um vocalize bem ao estilo Zé Renato, o samba vai crescendo e, de quebra, Tutty dá uma aula de bateria para ser ouvida centenas de vezes.
Agora é a vez de ouvir a coautoria com Joyce Moreno, “Pra Você Gostar de Mim”. Parceiros em outras tantas canções, aqui apresentam um samba para ser ouvido com carinho. “Tenha Dó” (Zé Renato/Pedro Luiz) é poesia em formato meio baião, meio ciranda. Zé mostra o lado intérprete na linda canção “La Musica y la Palavra” (Carlos Aguirre). Ainda não acabei de ouvir, mas já posso afirmar que este CD já nasceu clássico. A pegada afro da Bahia se ouve na bela “Me Ensina” (Márcio Valverde/Nélio Rosa). A poética “Luz do Sol” (Carlos Pinto/Waly Salomão) ganha interpretação emocionada. O mestre Cartola vive em “Não Quero Mais Amar a Ninguém” (Cartola/Carlos Cachaça/Zé da Zilda). “Semente de amor sei que sou desde nascença/Mas sem ter vida e fulgor/Eis a minha sentença”, declama o artista antes da canção. Um baião triste para se ouvir com saudade do mestre sanfoneiro Dominguinhos (1941-2013) se contempla na nona faixa, “Domingos” (Zé Renato/João Cavalcante). Uma música inédita para celebrar o povo indígena é o que ouviremos na penúltima faixa, “Tribos” (Zé Renato/Joyce Moreno). Nada melhor que finalizar com um tributo aos mestres Baden Powell e Vinícius de Moraes ao cantar “Consolação”.
Para quem ainda não conhece o Zé Renato, em 1979 ele formou, com Cláudio Nucci, David Tygel e Maurício Maestro, o quarteto vocal e instrumental Boca Livre, com o qual ganhou projeção nacional e gravou vários discos.
            Para saber mais sobre a carreira desse artista completo, acesse: www.zerenato.com.br.



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