quarta-feira, 26 de julho de 2017

Simplesmente Rebento


Edição e revisão: Marsel Botelho







                                                                                                A viola de Vignini fala.




Acabou de sair do forno, para o nosso deleite, o novo CD “Rebento” do violeiro, compositor pesquisador e professor Ricardo Vignini. O álbum já nasce com “status” de clássico e com a obrigatoriedade de fazer parte da discoteca de quem mergulha na imensidão da boa música instrumental vinda das cordas de uma viola. O CD conta com 13 faixas, sendo 10 autorais e três em parceria. A pluralidade da obra vai da moda de viola ao “rock” progressivo. Próximo de três décadas de carreira, Vignini tem cinco álbuns com a banda Matuto Moderno e dois discos com o duo Moda de Rock. Sua primeira produção autoral data de 2010 e tem o título “Na Zoada do Arame”.  Ricardo tem uma agenda cheia, seja com a banda Matuto Moderno, ou com o Moda de Rock (em parceria com o violeiro Zé Helder), além dos inúmeros convites de grandes nomes de nossa música. Participou do mais recente trabalho de Lenine, “Carbono”, e se apresentou com o músico no Rock in Rio 2016.

Para ouvir esse CD, uma boa dica é fechar os olhos e seguir viagem por trilhas minuciosas de sons, que além da sensação peculiar do prazer acústico, cada efeito instrumental consegue desenhar uma paisagem psíquica cheia de detalhes que a própria intuição constrói: trata-se de uma energia criativa que rompe as fronteiras do inconsciente coletivo, uma energia pulsional-musical vibrante, verdadeira catarse. A linguagem do “bluegrass” é reescrita em cada nota da viola em “O Bonde dos Fontes” (R.V), que traz a participação de André Rass (percussão). Na sequência, “Trevo” (R.V). Os amigos Rafael Schimidt (violão) e Marcelo Berzotti (baixo) participam de “Cateretê” (R.V). Hendrix não poderia ficar de fora dessa trilha: ganhou do amigo violeiro uma homenagem, “Beijando o céu” (R.V), que teve a participação especialíssima do guitarrista pernambucano da banda Nação Zumbi, Lúcio Maia.

Agora é a vez de ouvir o baião “Pé Vermelho”, que tem a gaita de Sergio Duarte no diálogo entre o pandeiro do mestre Marcos Suzano e a viola de Ricardo: transbordam uma energia visceral e um talentoso arranjo. Se seu Luiz Lua Gonzaga fosse vivo, certamente diria: “Eita bixiga lixa”, expressão do Nordeste que se define em “Coisa boa demais”. Mais uma que vai de encontro à “word music” e ao Rock progressivo: “BR 116” (R.V), que está mais para uma “pinckfloydiana”. Excepcional dueto de “cello” de Bruno Cerroni com a viola de Vignini na viajante “Indiana” (R.V). A primeira parceria do CD é com o pianista Ari Borger, que  a faz dueto na poética “Ventos de Novembro” (R. Vignini/Ari Borger). Depois se ouve “Saúvas e Quenquéns” (R. Vignini), que tem a participação de Ricardo Carneiro. Olha aí os ritmos populares, dos sertões e das caatingas, que põe todos para dançar o xaxado moderno “Se Xaxando” (R.V), participação especial de André Rass (Percussão) e Fernando Nunes (Baixo). Ainda tem “Cedro” (R.V), “Lua da Colheita” (R. Vignini /Christiaan Oyens) e “Cariri” (R.V). Impossível parar de ouvir esse trabalho renovador, que vem impulsionar o mercado da música instrumental de qualidade, feita com competência e sensibilidade. Procurem nas melhores lojas do ramo e nas plataformas digitais. 

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