A poética melódica de César M.Borges

Já estamos em Julho e a produção fonográfica brasileira a todo vapor, sempre produzindo grandes artistas que nem sempre chegaremos a conhecer, pois sempre estarão à margem das grandes mídias. Esta semana ,essas singelas linhas são dedicadas literalmente à poesia. Em 11 de junho ocorreu nas dependências da Livraria Martins Fontes,em São Paulo, o lançamento do CD-Livro “ Versos em Voz” (Antologia Sonora), do poeta Guarulhense César Magalhaes Borges. É o oitavo livro na carreira e o primeiro que acompanha um CD , trazendo o poeta comentando, declamando e cantando seus poemas.

Tive o privilegio de conhecer a obra e o autor no ano 2000, através de um amigo em comum. “ Ciclo da Lua”, foi o portal, no qual tive o prazer de musicar alguns poemas. César que escreve seus poemas deste os anos 1980,publicou seu primeiro livro em 1985.Elé é um verdadeiro artista pois acredita em sua arte sem a preocupação preliminar de viver dela. Nesta antologia, o poeta passeia por todos os seus livros nos presenteando com 26 poemas. O CD nos permite ,em suas 37 faixas, acompanhar a viagem sonora proporcionada por César e os músicos que lhe acompanham nesta obra.

A poesia de Borges exala melodia e nos transporta em suas imagens ao belo e bom. “Penso em fazer esse cd, desde a época do vinil”, diz César em contato por uma rede social. Pioneiro neste tipo de publicação, o poeta imprime vida a cada faixa do CD. Na abertura, ele nos conta que ao completar 16 anos nos anos 1980 começou a escrever poesia e não parou mais. Canto de todo dia, é o primeiro poema a ser declamado, foi publicado no livro “ Canto Bélico”. “Desejo o heroísmo de um dia comum/A obra-prima do dever bem feito/A nobreza de quem não é rei/A virtude de quem tem defeito” diz a primeira estrofe do poema.

Do primeiro livro “ Passagem” , César declama  A liberdade é uma Estátua. “À liberdade é uma estátua/ E ela não pode sair do lugar” .O bacana nesta audição é a naturalidade que os poemas são declamados. Ouve-se as mudanças de cada página, não é apenas um poeta lendo seus poemas; nelas há emoção, tem música , tem efeitos que nos fazem viajar.

Cordas é um poema que conta a saga de um flautista e os amigos músicos que ele colecionava  ao longo de seu percurso.  Primeiro poema a ser declamado emoldurado por uma melodia. Destaco o arranjo muito bem estruturado, que nos permite criar imagens, transportando-nos para dentro do poema como se fossemos personagem dele.

Ficaria aqui com maior prazer destacando cada poema , mas deixo que vocês busquem em cada página ou a cada faixa do CD, suas próprias emoções. César, além de um poeta literalmente musical, é um ser generoso , gravou uma melodia que eu havia feito no ano 2000 para o poema  “Azul e Rosa”. Ele poderia e teria condições de criar sua própria  música, mas não o fez. Para adquirir esta obra você entra em contato com o próprio autor: cesarmborges@terra.com.br, ou com a Livraria Martins Fontes.

Vida longa ao poeta .