quarta-feira, 24 de abril de 2013

30 Anos de Baque Solto






Como é bom acreditar nos sonhos, acreditar que é possível realiza-los, acreditar na força de  sua arte. É com esse pensamento que escrevo sobre os 30 Anos de BAQUE SOLTO, LP/Cassete/CD, de estreia de dois dos mais talentosos artistas brasileiros. Lenine e Lula Queiroga. O ano era 1983, quando esses jovens artistas, colocaram a mão na massa, na construção coletiva da obra.  Coletivo no sentido de agrupar os amigos, coletivo nos arranjos e nas ideias, coletivo no soltar a voz.
São 12 canções, mas os amigos cantam juntos apenas em duas, as outras 10 são divididas entre ambos. Para abrir o CD , Lenine canta  Maracatu Silêncio (Zé Rocha/Erasto Vasconcellos),nos apresentado o que seria uma marca registrada em sua carreira, a força do seu canto. Agora é a vez do multiartista Lula Queiroga, soltar a voz na sua própria música recheada de contratempos e com uma letra pra lá de metafóricas,  Girassol da Caverna (Lula Queiroga).
Raoni ( Ze Rocha), Lenine canta com emoção,a música em homenagem ao líder indígena brasileiro Raoni Metuktire ,da etnia caiapó. Ele é conhecido internacionalmente por sua luta pela preservação da Amazônia e dos povos indígenas. Uma música que define bem a realidade dos comícios de norte a sul desse país, se ouvem em Comício (Lula Queiroga ), é uma das minhas preferidas.  A quinta faixa do CD, nos apresenta a primeira música do Lenine nesse trabalho, Prova de Fogo ( Lenine/Ze Rocha ). Lula Queiroga assina e canta mais duas canções com temáticas de amor, a primeira é Sopro De Amor ( Lula Queiroga), em seguida, ele canta  Êxtase ( Lula Queiroga). A instrumental Auto dos Congos ( Lenine/Pedro Osmar), faz a ponte para primeira canção que os amigos dividem o vocal, além da participação do amigo Tadeu Mathias, a canção é, Essa Alegria ( Lula Queiroga).
Mote do Navio (Pedro Osmar),é conduzida por Lenine, e conta com a participação de um coro pra lá de gigantesco, batizado de “gente de baque solto”. Uma canção bem intimista, só voz e piano, ouve-se na bela,  O Abraço e a Lagrima (Lula Queiroga). A ultima canção deste CD, apresenta a primeira parceria dos amigos,que dividem também os vocais em Trem Fantasma (Lenine/Lula Queiroga).
Lenine, lançou seu nono CD, Chão, no qual ,está em turnê. Lula Queiroga, é um multiartista, também conhecido como o parceiro de Lenine, ele passeia com propriedade em todos os campos, como a literatura,o cinema, e música. Atualmente está em turnê com seu quinto CD, Todo dia é o Fim do Mundo.
Informações de sites oficiais dos artistas dão conta que no segundo semestre eles reunirão os amigos que gravaram o Vinil Baque Solto em 1983 para comemorar os 30 anos com a gravação de um CD/DVD, no Recife (PE), onde tudo começou. Cabe a nós esperamos esse registro que só nos orgulha de sermos brasileiros.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

O Encontro de Vidas, Águas e Poesias






A música nos permite encontros, que são simplesmente divinos. Esse encontro, entre Chico Saraiva, violonista brasileiro e a cantora portuguesa, Susana Travassos é a prova que vidas se cruzam mesmo separadas pelo mar. Tejo -Tietê, é o nome escolhido para o CD de estreia. Sua audição é um convite a mergulhar nas águas claras da poesia.
São doze faixas produzidas pelo mestre Paulo Bellinati, nelas se ouve um dialogo poético entre Brasil e Portugal. Três faixas são regravações de clássicos dos mestres Villa - Lobos, Elomar e Carlos Paredes (Portugal).
Para mergulhar nesta obra é preciso fechar os olhos e se deixar levar pela voz de Susana e as cordas do violão de Saraiva, que nos remete a terras distantes, a amores não vividos, a mares que ainda não navegamos. Sei de Um Rio ( Pedro Homem de Mello/Alain Dulman), é a concretização do poema musicado, é um convite ao bom vinho do Porto, é o amar sem ser amado.
O primeiro clássico a ser regravado é  Melodia Sentimental (Villas – Lobos), simplesmente ouve-se uma intepretação recheada de emoção. A terceira faixa nos apresenta, a parceria do Chico Saraiva com o Lusitano Tiago Torres da Silva, na bela Menino do Mar (Chico Saraiva/ Tiago Torres da Silva),nela ouve-se  um lamento a moda portuguesa.
A faixa  titulo Tejo-Tietê (Chico Saraiva/Thiago Torres da Silva), nos apresenta um dueto de voz e de águas, de solidão e saudades. “A tristeza é cumprida/se desdobra em muitas léguas/desde o ponto de partida/ate o fim que nunca vem”, é cantado esses versos que Susana nos emociona .na canção O Tamanho da Tristeza( Chico Saraiva/Luiz Tatit).
Confesso que fiquei emocionado ao ouvir Cavaleiro de São Joaquim (Elomar), parece que a música do mestre, foi feita para ela cantar. Parabéns ,Chico e Susana, pela excelente  escolha. O Tejo (Jose Peixoto/Pedro Ayres Magalhães), é um convite a navegar pelas águas milenar de tantas histórias de amores e batalhas. Susana não é apenas uma interprete. Ela tem intimidade com as palavras. A prova disso é a bela letra na parceira com Chico em  Lua do Avesso (Chico Saraiva/Susana Travassos).
Como escrevi no inicio, este CD, é para se ouvir com os olhos fechado, deixando a música penetrar pelos poros como se deve ser. Das Manhas (Chico Saraiva/Brisa Marques), é a prova do que escrevo. A música nos transporta. Pa Bo Txorá (Chico Saraiva /Tiago Torres da Silva ), é mais uma parceira Luso-Brasileira.
As Horas (Chico Saraiva/Clóvis Beznos), se ouve na voz ímpar de Susana. A despedida, a solidão, o desalento. Para finalizar a audição deste primeiro, de muitos que virão, nada melhor que um fado literalmente moderno, emoldurado pelas cordas de Chico Saraiva e a cristalina voz de Susana.
Parabéns pela união cultural, é unindo as artes que chegaremos mais longe.




domingo, 14 de abril de 2013

Um Ano






Chegamos ao nosso primeiro ano de Coluna Planeta MPB, na Folha Metropolitana de Guarulhos-SP, e neste blog. Sempre quis escrever sobre música já que é uma área que tenho um certo conhecimento, mas quem daria chance ou abriria as portas da redação para alguém que não fosse jornalista de oficio?. Tenho uma gratidão e respeito por Luciene Oliveira, minha amiga e redatora da Folha Metropolitana, que confiou nos meus textos e me presenteou com esse espaço.
Começamos exatamente em 14 de abril de 2012 com a matéria “Um " lugarzim" pra ser vivido e visitado , sobre o CD de Ladston do Nascimento, e chegamos a “Hoje é dia de Baile” sobre a banda Renato e Seus Blue Caps. Foram 50 matérias sobre grandes artistas, e discos que marcaram até a data 14 de Abril de 2013. Aqui a MPB, de norte a sul de leste a oeste produzida neste país, tem espaço garantido, do consagrado ao que está começando agora.
Não é fácil concorrer com anúncios que mantem o jornal, mas os 3000 toque a que usufruímos na coluna a cada semana, mantem viva a esperança de podermos ocupar um espaço maior. Em janeiro deste ano, fui convidado por Paulo Manso, Editor Chefe da Folha Metropolitana, para escrever no jornal do mesmo grupo, Metrô News-SP, levando mais informação ao publico paulista sobre nossa MPB e seus feitores.
Estamos em busca de patrocínio para publicar um livro com essas matérias de uma ano e como ainda não temos, quero compartilhar com vocês o prefácio escrito pelo amigo Antonio Siqueira.

PREFÁCIO

Quando conheci o Maestro Dery Nascimento, me impressionou abundantemente a sua dedicação e o seu empenho para que a primeira arte fosse magnânima em qualidade e bom gosto. Um compositor absurdamente criativo, multi instrumentista virtuoso, multi temático e extremamente amigo e generoso;  Dery cria!  Compõe como quem faz o pão de cada dia e com um amor fecundo por aquilo que surge de seus dedos e mente. A música de Dery Nascimento é honesta e sincera: um compositor de verdades, que põe a  mão na massa e delineia o seu som como poucos fazem, não querem ou não sabem mais fazer.

Mas Dery tinha mais a oferecer à arte suprema: um dos projetos mais belos que já vi partiu do ideal deste mestre,  o Coral “Um só Tom” corresponde a essa magia abençoada do talentoso Maestro Dery, que em 1999, deu início ao seu “Sonho de moço”, num projeto social, admiravelmente bem sucedido. Professor de música, Dery formou um coral só de crianças de áreas menos favorecidas na periferia de Guarulhos, na grande São Paulo.  A ideia deu certo e a molecada fez sucesso e música por aí a fora. Como tudo depende de recursos e angariar recursos públicos no Brasil é algo que requer mais do que boa vontade, muita malandragem e esquemas que nem sempre flertam com o decoro e a moral ilibada (qualidades que este homem tem de sobra), o projeto não seguiu como deveria ser. Mas a criançada cresceu e seguiu o caminho da luz; Missão cumprida, Maestro!

O HotSpot Projet marcou um conceito de música contemporânea elaborada, por mim poucas vezes visto. É a música sofisticada, o erudito, o barroco e o progrock com a alta tecnologia do século XXI. O encontro de um passado com um futuro definitivo adicionando um perfeito casamento de sons urbanos com a natureza e o passado, um lugar, uma história... Blues, Jazz, Clássico e a mente privilegiada de Dery Nascimento, muito bem acompanhado do parceiro e exímio guitarrista, Edson Frank, criaram um legado de belas suítes instrumentais que estão devidamente postadas e projetadas na web. Dery é uma fonte inesgotável de sons, mas não parou e não para por aí.

De repente, deparo-me com meu querido amigo escrevendo um blog como articulista e observador da MPB Moderna. Sempre achei que quem deveria aventurar-se a escrever sobre música, teria ao menos que entender do assunto... E este cara entende e muito. Convidado para escrever para o Jornal Folha Metropolitana que cobre nada menos que, Guarulhos, Arujá, Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano; sua coluna Planeta MPB gerou um blog com o mesmo nome, onde o nosso mais novo colunista de arte, desfila todo seu conhecimento com excelentes textos e detalhadas histórias de cada interprete, de cada autor, de cada álbum. Detalhando com técnica apurada, cada minúcia do que este se propõe a retratar e, num projeto bastante interessante e didático para quem pensa que entende de música, Dery transformou este belo trabalho num livro com todos os artigos publicados. Talvez para que, principalmente esta juventude que aí está, aprenda a ouvir música, antes de tentar tocá-la. Em todos os gêneros e estilos, uma diversidade – genética ou cultural – que assegura a manutenção dos requisitos básicos para a evolução do próprio ofício de escrever sobre arte mãe música. A gestão da diversidade cultural situa-se, assim, no cerne das interrogações sobre a natureza do humano, de quem faz a arte florescer. Evolução necessária, pois escrever sobre música ou qualquer segmento que concerniam às sete artes não é, nunca foi e jamais será uma tarefa simples. É uma ocupação e um prazer dos grandes gênios.  E  Dery Nascimento é o indivíduo perfeito para isso.

Antonio Siqueira
(carioca, músico,  escritor e  articulista)


quarta-feira, 10 de abril de 2013

HOJE É DIA DE BAILE





Hoje a matéria é dedicada aos sexagenários,quinquagenários e quadragenários leitores desta coluna, seja na quarta-feira pelo Jornal Metrô News, ou no sábado pelo Jornal Folha Metropolitana. Vamos através desta leitura, buscar em nossas lembranças os bons bailes que frequentávamos aos sábados e domingos, muitos deles ao som de Renato e seus Bleu Caps. Os bailes ( hoje baladas) ,eram sempre nos melhores clubes das cidades, lá nos reuníamos com família, amigos para curtimos um bom show.
O mundo comemorou em 2012, meio século de vida dos Rolling Stones. A banda britânica de rock é uma das mais influentes e longevas do planeta. Porem a mais antiga em atividade, é a banda carioca Renato e Seus Blue Caps ,que este ano comemoram seus cinquenta e cinco anos, e deve ser reverenciada por todos que atravessaram as décadas de 60,70,80,90,2000. Nossos aplausos para banda, formada pelos irmãos Renato , Paulo Cezar e Edson Barros (Ed Wilson).
Durante esses anos,ocorreram muitas mudanças com saídas,entradas e retornos de bateristas, guitarristas,tecladistas e vocal principal.A banda teve o prazer de contar como vocalista principal, Erasmo Carlos (1963- 1965), Michael Sullivan (1974 -1976). Renato Barros (guitarra e vocal) e  Cid (Voz principal),são as colunas que seguram a banda ,que deve entrar para o Guiness Book, como o grupo mais antigo em atividade.
A banda além de gravar com grandes nomes da jovem Guarda, também é responsável pela sonoridade do excelente LP, Roberto Carlos em ritmo de aventura (1967). O grupo ganhou notoriedade ao fazer versões em português para musicas dos Beatles,foram 15 gravadas em sua longa discografia,também temos que citar a qualidade de suas próprias canções.Os fãs dos cariocas dos Blue Caps, renovam seu público a cada apresentação, pai leva filho que gosta e por ai vai a legião de fãs.
          Renato e seus Blue Caps são considerados pela crítica, como um dos maiores expoentes dos tempos da Jovem Guarda, que continua na estrada, imunes ao passar dos anos. É impossível falar da música pop brasileira,sem citar esse grupo que tanto sucesso fez com as músicas que marcaram época como Feche os olhos, Ana, Primeira lágrima,Não te esquecerei, Capeta em forma de Guri,Não te esquecerei,Dona do meu coração,Meu bem não me quer, A primeira lagrima e meu primeiro amor, entre outras.
       Nossa música tem história esta é apenas uma de tantas que pretendemos contar. Não se pode deixar no esquecimento um grupo que durante cinquenta e cinco anos embala tantos corações apaixonados. Obrigado Renato e Seus Blue Caps.



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quarta-feira, 3 de abril de 2013

O CHEIRO DA TERRA.






Quando estava escrevendo sobre a cantora Déa Trancoso,cheguei à  perguntar a mesma ,quem ela indicaria, para eu poder ouvir e eventualmente escrever para Coluna. Déa, não pensou duas vezes e me falou do violeiro Wilson Dias.No mesmo dia eu e Wilson já éramos amigos em uma rede social.Mesmo no mundo virtual dos papos senti a energia boa que emanava do outro lado da tela do PC.
Wilson,enviou três Cds de sua discografia que já soma cinco. Pote,Picuá,Mucuta,são três modos diferente de se sentir a terra, através das canções.Depois de ouvir essas preciosidades, cheguei à conclusão que temos muito a aprender sobre a música, digo (MÚSICA), que se produz por esses rincões a fora.
POTE, é um CD em comunhão com os amigos João Evangelista Rodrigues, que assina todas as letras,e com o grande violeiro Pereira da Viola.São14 faixas que nos remete ao chão literalmente, tirando dele o que a terra tem para dar. Poesia mergulhada na cristalina água do pote da vida, e conduzida pelas violas e vozes dos amigos.
PICUÁ é um mergulho no próprio ser, é um olhar para dentro, é um colher histórias e histórias de vida. Quinze faixas, sendo seis domínio público adaptados pelo artista. A primeira música Eu Vi (Wilson Dias), a letra na verdade é um poema que trás a toma imagens que habita em sua memória. Acauã (Wilson Dias/ Gervásio Horta), pássaro imortalizado por Luiz Gonzaga, ganha a versão do povo do Vale do Jequitinhonha.
Quem no tempo de criança, nunca foi viver uma aventura á beira do riachão, pescando e devolvendo os peixes ao rio?. Reviva esses momentos ouvindo Martim Pescador (Wilson Dias). Em Mercado Ambulante (Wilson Dias), retorna à suas origem e cita o personagem Chico Ribeira,história de vida se ouve aqui.Morena (Naeno Rocha), a temática portuguesa na voz do violeiro, simplesmente maravilhoso.
Um desfile de obras de domínio público, recolhido por Dias, não nos deixam perder no baú do esquecimento essas preciosidades. Entre elas temos Periquito Maracanã, Canção de Siruiz,Folia do Norte,Fogo Pagô, Olhos d´Água,Da Lira. O grande Guimarães Rosa é lembrado no poema João e o Grão (Wilson Dias), declamado por Gonzaga Medeiros.
Em dueto com Déa Trancoso, ambos contam a história de  amor de Zé e Diolinda em Diolinda (Wilson Dias). Ponte Velha (Wilson Dias/ Luiza Torres),o artista relembra o rio que se tirava o sustento,e que passava nos fundo da casa. Jequitinhonha (Wilson Dias/Gervásio Horta),é mais uma canção dedicada ao vale, uma linda declaração de amor à terra natal.
Mucuta, é um instrumental que exala vida, vida em família, em amigos. Wilson tira de seu Mucuta um punhado de 12 canções, sendo duas de domínio público, ele nos oferece sua arte para compartilharmos com quem vida tiver.
Obrigado pela oportunidade de conhecer sua viola com cheiro de terra.