sábado, 8 de setembro de 2012

CHÃO

 
FOLHA METROPOLITANA- GUARULHOS - SP
 
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                             Agradecimentos Especiais a Tatiana Igreja por revisar o texto.




                            Em meados dos anos 80, vi pela primeira vez um show totalmente diferente de tudo que já havia visto, era o lançamento do disco “Baque Solto” de Lenine e Lula Queiroga. Hoje, 32 anos depois, estou escrevendo sobre um CD que traz elementos daquele show.

                           Chão é o mais recente trabalho dos dez de Osvaldo Lenine Macedo Pimentel. A produção é assinada por Bruno Giorgi (filho de Lenine), JR Tostói e do próprio intérprete.

                           O artista ficou a margem da grande mídia durante os anos 80, foi destaque nos anos 90 e se mantém até os dias de hoje.

                          Orgânico, inovador e com sons do cotidiano, este é um CD conceitual que deve ser ouvido do início ao fim sem interrupções nos seus 28 minutos. Segundo Lenine, “Chão é tudo aquilo que sustenta, como o núcleo da família. Sou apaixonado por esse monossílabo nasal. Chão já tem a onomatopéia do andar e a língua brasileira deu uma conotação diferente a esses sons nasais. Em lugar nenhum do mundo você vai ouvir alguém dizer ão do jeito que a gente fala. Então, a primeira paixão foi vernacular, foi pela palavra.”

                       Com passos de Sofia Caesar e um baixo marcando o andamento, Chão (Lenine / Lula Queiroga) dá início a este trabalho intimista, bucólico e belo, regado de vida e letras que falam de amor. A batida do coração e a marcação cerrada da guitarra ouvem-se em Se Não For Amor Eu Cegue (Lenine /Lula Queiroga).

                      A poética Amor É Pra Quem Ama (Lenine /Ivan Santos) tem algo divino e particular, pois os músicos ao ouvirem esta gravação perceberam que havia vazado o canto do canário belga ‘Frederico VI’, de propriedade da sogra do cantor, perceberam que o mesmo cantava em sintonia e no tom da música, então resolveram utilizar o seu canto em dueto com o cantor.

                     Em Seres Estranhos (Lenine /Ivan Santos) ouve-se uma máquina de lavar centrifugando, mantendo a temática dos sons do cotidiano. O som da boa e velha chaleira percebe-se nos versos da música Uma Canção E Só (Lenine) “Desde que eu me encanto/ Sigo a voz do vento/ Já faz tanto tempo/ Canto, intento/A cantoria que me levaria a qualquer lugar”. A motosserra dá o tom em Envergo Mais Não Quebro (Lenine / Carlos Rennó). A música contém metáforas para falar dos altos e baixos que a vida nos prega.

                    Em Malvadeza (Lenine), o canto das cigarras entrelaça-se à melancolia da música, criando um clima único e perfeito. Na música Tudo O Que Me Falta, Nada Que Me Sobra (Lenine /Lucky Luciano) o artista é analista do seu próprio ser, o cantor abusa da arte de usar as palavras (maravilhosa letra). A velha máquina de escrever faz o contra ponto da belíssima De Onde Vem A Canção (Lenine).

                   Todos os sons que apareceram nas músicas anteriores surgem para contemplar a faixa final, dando um clima único, fechando a audição deste chão em nossos pés, na canção Isso É Só O Começo ( Lenine /Carlos Rennó ).



Ouçam!












 

Um comentário:

  1. Então.... eu li esse teto no dia em que foi publicado;
    Lenine é fora de série e suportou bem a pressão da mídia.
    volta com o coração na música e a alma na criação.

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