Edição e revisão: Marsel Botelho
A arte da reflexão pela arte de cantar
Dois
anos após escrever sobre o CD “Liberdade Aparente” do músico, compositor e
cantor paulistano Márcio Lugó, chega em minhas mãos seu terceiro álbum,
intitulado “Pêndulo”, com 8 faixas: o disco foi produzido em parceria com Rafa
Moraes. O artista continua trabalhando temáticas reflexivas com muita consistência,
que encontram um lugar especial na vida de cada ser humano, trazendo às coisas
quotidianas sua rica poética, repleta de uma sensibilidade que o identifica
como artista e que se tornou sua marca registrada.
Além
do CD físico, seu trabalho pode ser encontrado nas principais plataformas
digitais. Não é fácil tocar uma carreira independente em um país onde a grande
mídia mais se propõe a lucrar rápido e em grande escala, esquecendo-se de que a
música é mais que grana, é parte viva dentro de nós, capaz de nos fazer acessar
os sentimentos mais íntimos e belos em cada memória musical que carregamos. Márcio
Lugó é um jovem que tem dado braçadas fortes nesse mar revolto de som e de poesia
que traz consigo: uma essência que o move e nos comove.
Lugó
convida à reflexão em “Ainda é Pouco” (Márcio Lugó/Humaire), acompanhado de seu
violão, da guitarra e do baixo de Rafa. As palavras se cruzam na busca dos
sinais das certezas e incertezas: “Ainda é pouco/São todos os sinais/Ainda é
pouco/Além de dois existe mais...” Em seguida, um diálogo entre o violão de
Lugó e o “cello” de Camila Hessel eterniza o poema “Da Vida”, parceria com
Paulo César de Carvalho: “Em quanto tempo seca o lago desse olhar/Em quanto
tempo cessa a promessa de chegar/Ou de partir, talvez ficar?/Na vida...” Em
“Amanhecer” (Márcio Lugó/Andrei Furlan), o artista canta sentimentos, desejos
de encontrar o amor no primeiro olhar. A canção vai identificar quantos de nós
já foram fisgados por um olhar que não nos nota. Na primeira das duas canções
que assina música e letra, o cantor faz um exame fatal, e diz: “Ninguém é igual
a Ninguém.”
Quando
o tema são os desencontros, o artista adverte: “Você vai perceber/Não tô com
você/Mas não tô brigado/Não tô com ninguém/Nem desacompanhado”: o nome da
canção é “Passe bem” (Márcio Lugó/Paulo César de Carvalho). A atual situação
política em que o País se encontra é retratada pelo artista em uma metáfora “sui
generis”: “O Sobrevivente” (M.L). Em “Pequenas Intenções” (Márcio Lugó/Paulo
César de Carvalho), revelam-se os relacionamentos amorosos. Lugó trouxe
elementos percussivos eletrônicos que dialogam com seu violão, enquanto Rafa traz
a magia da guitarra e dos baixos. O “cello” de Camila Hessel brilha em especial.
Nas redes sociais, seu público cresce a cada dia, juntamente com sua agenda,
prova de que sua música segue na medida e no equilíbrio
das metáforas e das melodias, dando densidade e volume ao seu criterioso
trabalho.
Este
é o segredo: acreditar que o “Pêndulo” demarca um novo caminho, fio condutor da
arte que o mantém vivo, como o sangue que corre nas veias desse jovem artista.
Para finalizar essa audição (que recomendo), “Poesia Digital”, cuja composição
foi baseada na obra de Paulo Aquarone. Para saber mais, acesse
www.marciolugo.com
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