Edição e revisão: Niro Kubota
A mistura de ritmo deste álbum é o grande tesouro musical
O nordeste é
um terreno fértil na amplitude cultural brasileira, doando nos grandes nomes e
grandes obras. Charles Theone é um desses nomes que brotou da cidade de Inajá sertão pernambucano para mostrar sua
arte para o mundo, pois além de músico, cantor e compositor, esse sertanejo
radicado na cidade maravilhosa também é ator.
Apresentando nos seu terceiro álbum “Charles Theone”, o artista nos doa
10 faixas produzidas pelo mago Paulo Rafael que são verdadeiros retratos
sonoros que nos remete a imagens a cada audição. Theone gravou seu primeiro CD
“Tambor do Mundo” a exatos 10
anos mais foi a frente do grupo de Maracatu Nação Pernambuco que as portas do
mundo da arte se abriram pois o artista cantou em mais de 80 cidades europeias.
No carnaval pernambucano quando seu bloco passava em frente à casa de Alceu
Valença, eles eram convidados a subir na varanda mais famosa do Sítio Histórico
de Olinda. Deste encontro nasceu uma amizade. Charles vive um momento único na
carreira pois além do disco ele é um dos protagonistas, ou antagonista, do
filme A Luneta do Tempo, escrito e dirigido por seu padrinho musical Alceu
Valença. “Ele me ensinou a ser solto, leve, ajudou na comunicação, ser
contemporâneo, e ele foi fundamental nessa minha coisa de compor”, diz Charles.
O álbum abre
com o autêntico samba “Noite Escuras” (Charles Theone/Júlia Ventura).
“Enfeitiçado fiquei/Numa roda de samba entrei/Era pura magia, uma estrela me
guia/Com a força do tambor (Iansã). A repetição de “Essa boca é doce eu quero
provar” marca a bela Bossa “Doce” ( Charles Theone/Dado Amaral). Ouvir Charles
Theone é fazer um mergulho em nossa cultura com ritmos como: maracatus , Xotes,
Calangos, Cocos, sambas entre outros. Em “Pai do Samba”( C.T), destaque para o
suingue e o solo de trombone de Nilsinho Amarartes. O ritmo calango pouco
conhecido hoje em dia principalmente entre os jovens ganha do cantor uma
leitura maravilhosa em “Cuidado com Mané” (C.T). Com participação
especialíssima da cantora Daúde Charles canta “Como Quem Não Quer Nada”
(Charles Theone/Jam da Silva).
A música
preferida desde álbum para mim é
“Estrela da Paz” (Charles Theone/Wendel Bará), um maracatu moderno, uma melodia
gostosa e uma letra direta que toca fundo. O teclado de Márcio Lomiranda e a
guitarra de Paulo Rafael remete aos timbres da banda de Alceu. Não tenha pudor e
aumente o som vale, a viagem. Sabe aquele xote bom para falar agarrado no
cangote da garota enquanto a arrasta pelo salão? Pois bem, se ouve em “Maça
Dourada” (Charles Theone/Júlio Moura). Um autêntico Soul com pitadas de samba,
funk e maracatu podemos ouvir em “Festas dos Orixás” (C.T). A penúltima canção “Chicos e Francisco” (Charles Theone/Edson
Natureza) prestam uma homenagem a nomes como: Francisco de Assis, Chico Xavier,
Chico Anísio, Chico Mendes, Chico Buarque, Chico Cesar, Chico Science, Xica da
Silva, Chiquinha Gonzaga e Francisco Zumbi. Vale ouvir. Para finalizar um
passeio sonoro por Olinda em “Olinda Cidade Mulher” (Charles Theone/Chico
Esperança).
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