quarta-feira, 11 de junho de 2014

O canto da Seleção Canarinho

Agradecimentos especiais a Patrícia Chammas


            Dos Anos 60 para cá, a cada Copa do Mundo torna-se mais viável a produção de jingles. Muitos tentam, com a força da mídia, emplacar o seu, sobrepujando, às vezes, aquele programado para ser o oficial do evento. Os hinos de Copa consagrados, a despeito dos poucos recursos disponíveis na época de suas criações, servem até hoje de modelo e são difíceis de serem superados. Isso comprova que a força de composição está no homem, sendo a tecnologia apenas o meio.
            Para a Copa de 1958, na Suécia, nenhuma música que pudesse ligar o povo à seleção foi composta, mas, com a campanha que fazia o time de Pelé e com a possibilidade real de chegarmos à final, um tema foi criado às pressas: “A Taça do Mundo é Nossa” (Wagner Maugeri/ Lauro Müller/ Maugeri Sobrinho/ Victor Dagô). Cantado pelo povo depois da vitória, o tema ainda se estendeu para as Copas de 1962 e 1966. “A taça do mundo é nossa/ Com brasileiro não há quem possa/ Êh eta esquadrão de ouro/ É bom no samba/ É bom no couro”. Hoje, 56 anos depois, ele ainda poderia ser utilizado para alavancar nossa conquista.
            Em 1962, para comemorar o bicampeonato no Chile, os compositores Braz Marques e Diógenes Bezerra criaram o "Frevo do Bi", lançado pela Philips e interpretado de forma única pelo rei do ritmo, Jackson do Pandeiro, em 78 rpm . A letra descreve como eram as jogadas, para aguçar nossa imaginação, já que as transmissões eram radiofônicas. “Vocês vão ver como é/ Didi, Garrincha, Pelé/ Dando seu baile de bola/ (...)/ Quando a partida esquentar/ E Vavá de calcanhar/ Entregar a pelota a Mané/ E Mané Garrincha, Didi/ Didi diz é por aqui/ Aí vem o gol de Pelé”.
            Com certeza todos já ouviram o hit da Copa de 1970, “Pra Frente Brasil” (Raul de Souza/ Miguel Gustavo Werneck de Sousa Martins), cantado até hoje por adultos e adolescentes, 44 anos após seu lançamento. A música foi criada para um concurso organizado pelos patrocinadores das transmissões dos jogos e foi entoada pelo País na euforia ufanista gerada pela primeira transmissão ao vivo de uma Copa, tornando-se hino da conquista do tricampeonato brasileiro. “Todos juntos vamos/ Pra frente Brasil, Brasil/ Salve a Seleção!”. Composta em um momento delicado, em plena ditadura, será que a mesma sofreu censura ou será que foi imposta? Para torcer pelo tetra, o povo brasileiro cantou o jingle da Rede Globo, “Coração Verde e Amarelo”: “Na torcida são milhões de treinadores/ Cada um já escalou a seleção/ O verde e o amarelo são as cores/ Que a gente pinta no coração”. Apesar de vários jingles serem lançados, esse foi o escolhido pelo povão por conta da audiência da emissora.
            O “Hino do Penta” é de autoria de Izzo Rocha e Vilson Santos: “Não tem Lero Lero/ Não tem Zum Zum Zum/ O que eu quero é ganhar mais um/ Bola na rede dá o seu show/ E grito penta a cada gol”. Com uma letra que afirma “não ter pra ninguém”, o samba não chegou a emplacar um gol.
            Para a conquista do hexa, a partir de amanhã, temos ouvido temas apresentados por comerciais de bancos, montadoras de automóveis, emissoras de TVs. As marchinhas deram lugar a uma profusão de ritmos e os jingles de cunho publicitário estão fortes na boca do povo, mas... a quantas Copas sobreviverão?

Um comentário:

  1. Não acho tardio o que comento brevemente aqui. Dery tocou num ponto que muitos brasileiros não perceberam... O hino desse mundial em que se esperava conquistar tanto o hexa, não pegou. Muita poluição sonora e visual. A criatividade foi suplantada pelos patrocinadores, (na verdade nem foi nem teve hino) mas sim, um tanto de jingles produzidos com a facilidade que a tecnologia atual oferece. Ficou sem identidade. Eis a opinião de uma leiga nesse quesito e ficou com esta impressão.

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