quarta-feira, 25 de maio de 2016

Remédio para a alma

 Edição e revisão: Patrícia Chammas

Do interior para o mundo



Localizada a 160 km da capital paulista, Cordeirópolis acaba de presentear não só a seus munícipes, mas a todos nós, que lutamos pela qualidade da música brasileira. Débora Vidoretti, cantora que também é enfermeira, lança seu primeiro CD, “Sonora”. Apresentando 13 temas produzidos por Emanuel Massaro e Marcos Martin, o álbum é um deleite ao bom gosto. Vidoretti é dona de uma voz potente, porém suave – um verdadeiro remédio para os males da alma.
A artista também ministra aulas de canto na escola de música Vila Jazz, em Limeira e, desde 2008, participa de projetos com o grupo Cunhatã, empenhado no resgate do samba tradicional. Débora é realmente um achado para música brasileira. Ela emociona com seu canto e a poesia que o veste.

O CD abre com a balada “Olhos de Ver” (Otacílio Monteiro/Emanuel Massaro), mostrando que a cantora domina bem os vários registros vocais. A música é boa, tem uma boa letra e um arranjo à altura. Uma das canções mais belas do disco, “Cantiga das Sete Luas” (Otacílio Monteiro/Emanuel Massaro), tem a doce voz de Débora, o dedilhar de Emanuel ao violão e a percussão marcante de Melina Cabral entregues aos versos: “Quero as sete luas, que têm sete vidas/E dão quatro voltas/Ao redor do tempo cada uma delas/Quero as sete luas pra fazer-te delas, para que sejam tuas!”.  A canção que dá nome ao primeiro álbum de muitos que virão, “Sonora” (Otacílio Monteiro/Emanuel Massaro), é um autêntico samba que, em sua letra, faz referências a nomes como Tim Maia, Os Mutantes, Caetano, Gil, Gal, Bethânia, Roberto, Tom Zé, Nara, Nana, Ney, Dorival. Vale viajar nesses enredos. Débora é a interprete das canções do companheiro de vida e palco, Emanuel Massaro. Agora ela dá vida à bela “Paisagens”.


Um dueto poético, arrebatador, cheio de emoção, se ouve na canção “Mana”, em que a cantora divide os versos com o marido ao violão, e com Matheus Marconi ao piano. Um belo samba canção composto por Antonio Lugão, “Rosa Negra”, ganha de Vidoretti uma interpretação sublime. Por mais que a grande mídia nos empurre goela a baixo essa musiquinha sem conteúdo e plastificada, sempre vai aparecer uma Débora Vidoretti para nos salvar. A próxima canção, “Mago das Palavras (Pro Oswaldo!)” é dedicada ao cantor e compositor Oswaldo Montenegro. Composta por Emanuel Massaro, o tema tem uma pegada mais rock e a voz de Débora desfila os versos da canção intercalando com “Estrelas”, de Oswaldo. É de uma beleza única. “Ruas” (Otacílio Monteiro/Emanuel Massaro) fala da cidade, suas ruas, calçadas e saudades. Uma moda de viola daquelas que nos roubam lágrimas dos olhos é o que se ouve em “Réquiem para Uma Fera” (João Lejambre). Mais um bom samba, “Solo” (Otacílio Monteiro/Emanuel Massaro/Antonio Lugão), chega na sequência. Para finalizar ainda ouviremos “Difícil” (Emanuel Massaro), “Que Bonito É” (Claudio Vigerelli) e a canção mais bonita desse primeiro álbum, na minha humilde concepção, “Saudade” (Antonio Lugão). Vida longa na arte de encantar, Débora Vidoretti!

2 comentários:

  1. Muito Obrigada!
    e Vida Longa à Boa Música!

    abraços

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  2. Cura, realmente, os males da alma! Mais do que uma excelente e refinada interpretação, Débora nos emociona com a entrega da voz sempre deliciosamente delicada! Músicas de primorosa qualidade, músicos de indiscutível talento. Vida longa ao grupo e ao Sonora! Parabéns, queridos!!!

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