Edição e revisão: Gesu Costa
Foto:Georgia Branco
Música, Poesia e Amizade
Os ouvintes brasileiros
que prezam pelo bom gosto nas letras, melodias e harmonias elaboras não o
encontram no top 10 de alguns programas de Tvs e rádios, porém eles sabem onde
encontrá-lo. Hoje para este público o destaque é o CD que já nasce clássico
“Porcelana”. O encontro da diva Alaíde Costa e do cantor pernambucano Gonzaga
Leal é muito impactante. A beleza do que se ouve evidencia a certeza de que
neste Brasil existem artistas de alto
nível. A produção, direção musical e regência ficou por conta de Cláudio Mora.
Os arranjos das 12 faixas que foram escolhidos por Gonzaga, Alaíde e Maurício
Cezar são assinadas por Adilson Bandeira, Maurício Cesar e Marcos FM.
O primeiro encontro
entre Alaíde e Leal se deu há mais de 10 anos na capital pernambucana, quando a
cantora estrava em turnê. Ali nascia uma amizade de irmãos que resultou no
projeto de shows em que Alaíde e Gonzaga realizavam em dezembro por conta do
aniversário de ambos. “Porcelana” é o
primeiro registro em CD da dupla, realizado sem pressa, e contemplam um
repertório rico. O título do projeto foi escolhido com cuidado, a porcelana se
distingue pela sua delicadeza, mas também pela resistência e transparência.
Ouvir Alaíde e Gonzaga é harmonizar sentimento com sonoridade. Para
abrir essa audição ouviremos pela primeira vez
Alaíde cantar no idioma iorubá. Trata-se da canção “Omi Imalé” (Cantiga
de Sasanhe- Domínio Público) que é precedida de “Oiá” (Sérgio Pererê) cantada
divinamente por Leal, juntas, na abertura, servem como prólogo do CD. A segunda
canção “Meu Amor Abre a Janela” (Thiago Torres da Silva/Armando Machado) ganha
interpretação única de Alaíde. O primeiro dueto se dá na belíssima canção
“Delicado” (Socorro Lira). A poesia de “Em tempo (João Cavalcante) ganha de
Gonzaga uma roupagem digna de sair às ruas. Quero ressaltar desde o início que
os arranjos são de uma qualidade ímpar, verdadeira moldura para vozes de Alaíde
e Gonzaga.
Da sutileza da voz à interpretação digna de
uma diva se ouve em “Fim de Ano” (José Miguel Wisnik /Swami Jr). Em “Bem –me
–quer” (Consuelo de Paula/Rubens Nogueira/Luiz Salgado) se ouve um dueto
recheado de poesia e emoção. A interpretação de Gonzaga para “Devidamente Nua,
a Lua”(Orlando Morais/Caetano Veloso) é algo mágico. “O Meu Menino é de D`oiro
(Zeca Afonso) ganha de Alaíde uma interpretação emocionante e de quebra Gonzaga
declamando versos do saudoso Manoel de Barros. A mineira Consuelo de Paula e a
paraibana Socorro Lira são imortalizada
na voz de Gonzaga na poética canção “Água Doce de Mar”. Capiba na voz de Alaíde
só se ouve aqui em Porcelana na canção “Quando se vai um amor”. A clássica
“Solidão” (Alceu Valença) ganha um lindo arranjo e o mundo novamente na voz
solene de Gonzaga. A música que dá título ao CD “Porcelana” (Moisés Santana) é
um poema musicado que a dupla veste de sentimento. Para finalizar esta sublime
audição, um autêntico frevo “Frevo do Contra –Êxodo (João Cavalcanti).
Porcelana
é isto.
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