quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Porcelana

Edição e revisão: Gesu Costa
Foto:Georgia Branco

                                                                            
                                                                      Música, Poesia e Amizade


Os ouvintes brasileiros que prezam pelo bom gosto nas letras, melodias e harmonias elaboras não o encontram no top 10 de alguns programas de Tvs e rádios, porém eles sabem onde encontrá-lo. Hoje para este público o destaque é o CD que já nasce clássico “Porcelana”. O encontro da diva Alaíde Costa e do cantor pernambucano Gonzaga Leal é muito impactante. A beleza do que se ouve evidencia a certeza de que neste Brasil existem artistas de  alto nível. A produção, direção musical e regência ficou por conta de Cláudio Mora. Os arranjos das 12 faixas que foram escolhidos por Gonzaga, Alaíde e Maurício Cezar são assinadas por Adilson Bandeira, Maurício Cesar e Marcos FM.

O primeiro encontro entre Alaíde e Leal se deu há mais de 10 anos na capital pernambucana, quando a cantora estrava em turnê. Ali nascia uma amizade de irmãos que resultou no projeto de shows em que Alaíde e Gonzaga realizavam em dezembro por conta do aniversário de ambos.  “Porcelana” é o primeiro registro em CD da dupla, realizado sem pressa, e contemplam um repertório rico. O título do projeto foi escolhido com cuidado, a porcelana se distingue pela sua delicadeza, mas também pela resistência e transparência.

 Ouvir Alaíde e Gonzaga é  harmonizar sentimento com sonoridade. Para abrir essa audição ouviremos pela primeira vez  Alaíde cantar no idioma iorubá. Trata-se da canção “Omi Imalé” (Cantiga de Sasanhe- Domínio Público) que é precedida de “Oiá” (Sérgio Pererê) cantada divinamente por Leal, juntas, na abertura, servem como prólogo do CD. A segunda canção “Meu Amor Abre a Janela” (Thiago Torres da Silva/Armando Machado) ganha interpretação única de Alaíde. O primeiro dueto se dá na belíssima canção “Delicado” (Socorro Lira). A poesia de “Em tempo (João Cavalcante) ganha de Gonzaga uma roupagem digna de sair às ruas. Quero ressaltar desde o início que os arranjos são de uma qualidade ímpar, verdadeira moldura para vozes de Alaíde e Gonzaga.

 Da sutileza da voz à interpretação digna de uma diva se ouve em “Fim de Ano” (José Miguel Wisnik /Swami Jr). Em “Bem –me –quer” (Consuelo de Paula/Rubens Nogueira/Luiz Salgado) se ouve um dueto recheado de poesia e emoção. A interpretação de Gonzaga para “Devidamente Nua, a Lua”(Orlando Morais/Caetano Veloso) é algo mágico. “O Meu Menino é de D`oiro (Zeca Afonso) ganha de Alaíde uma interpretação emocionante e de quebra Gonzaga declamando versos do saudoso Manoel de Barros. A mineira Consuelo de Paula e a paraibana  Socorro Lira são imortalizada na voz de Gonzaga na poética canção “Água Doce de Mar”. Capiba na voz de Alaíde só se ouve aqui em Porcelana na canção “Quando se vai um amor”. A clássica “Solidão” (Alceu Valença) ganha um lindo arranjo e o mundo novamente na voz solene de Gonzaga. A música que dá título ao CD “Porcelana” (Moisés Santana) é um poema musicado que a dupla veste de sentimento. Para finalizar esta sublime audição, um autêntico frevo “Frevo do Contra –Êxodo (João Cavalcanti). 
Porcelana é isto.









Nenhum comentário:

Postar um comentário